Londres – Duas marcas globais de automóveis fecham 2021 vivendo o constrangimento de ter que retirar do ar propagandas ofensivas a mulheres.
No Egito, a Citroën removeu um vídeo em que um homem tira uma foto de uma mulher a partir do interior do automóvel sem o seu consentimento. A marca foi acusada de promover o assédio ao mulheres.
Já a Mercedes está sendo criticada por um anúncio considerado ofensivo a mulheres asiáticas veiculado na China, que também saiu do ar nas redes sociais do país.
Propaganda ofensiva estrelada por celebridade da música
O anúncio da marca francesa teve ainda mais repercussão por ser estrelado por Amr Diab, um cantor famoso no país e em todo o Oriente Médio, com milhões de álbuns vendidos.
O filme mostra o astro de 60 anos usando uma câmara instalada no carro para tirar, secretamente e sem consentimento, uma fotografia de uma mulher que passa à sua frente. O objetivo era promover o recurso da câmera do carro.
As imagens deixam evidente que a mulher foi surpreendida pelo olhar do homem e que não sabia que a imagem estava sendo capturada discretamente por ele. Diab aciona um botão perto do retrovisor e depois olha triunfante para a imagem em seu celular.
A sequência do filme sugere que apesar de surpresa, ela cedeu ao charme do homem ao volante.
A mulher aparece saindo com ele de um local aparentando ser uma festa ou restaurante, e o casal embarca no automóvel para um passeio à beira-mar.
https://youtu.be/wHkmY76cdWc
O cantor foi criticado por fãs e ativistas nas redes sociais, mas não reconheceu o aspecto negativo da propaganda considerada ofensiva.
O mesmo não aconteceu com a Citroën. Em um comunicado no Instagram na quinta-feira (30/11), a marca se desculpou pela cena vista como inapropriada e disse ter compreendido o que chamou de “interpretação negativa” do recurso criado para aprimorar segurança e “capturar momentos únicos na direção”.
Outro anúncio também saiu do ar por imagens sem consentimento
Fotos não autorizadas são um problema crescente em vários países, e viraram crime em alguns. No entanto, isso parece não estar sendo levado em conta pelos publicitários.
No início de dezembro de 2021, a principal marca de laticínios da Coreia do Sul também teve que tirar um filme em que um homem que fazia imagens de mulheres em uma paisagem campestre.
Mas nesse caso, o pior da propaganda foi associar as mulheres a vacas leiteiras. Depois de descobrirem a presença do fotógrafo, elas se transformam em vacas e uma encerra o filme mugindo irritada para a câmera.
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Na China, Mercedes criticada por propaganda ofensiva a asiáticas
Já com a Mercedes o problema foi a percepção de alimentar estereótipos relacionados a mulheres asiáticas.
A modelo, que aparece no filme veiculado na rede social Weibo entre imagens de automóveis da marca e ao som de música eletrônica, foi maquiada de uma forma entendida como estereótipo ocidental sobre as pessoas da Ásia, com os olhos puxados acentuados.
O filme publicitário havia sido postado no dia 25/12, mas ficou pouco tempo no ar, segundo reportou o jornal Global Times do Partido Comunista, indicando que a propaganda desagradou ao público e também ao governo.
https://youtu.be/iGp6igwlapA
Os dois casos fecham um ano em que marcas globais se viram constrangidas depois de campanhas percebidas como ofensivas.
Na Espanha uma ação de marketing do chocolate Snickers revoltou a comunidade LGBTQ, e acabou sendo removida dias depois de ir ao ar.
Estrelada por um conhecido influenciador gay, ela mostrava um homossexual com fome que se transformava em homem depois de comer a barra de chocolate.
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