Os últimos balanços trimestrais do Twitter e da Meta, empresa dona do Facebook e Instagram, decepcionaram Wall Street.

Agora, investidores que apostam nas redes sociais estão em alerta para o futuro das plataformas no mercado de negócios, após o TikTok ter brilhado e chegado a ultrapassar o Google como destino mais popular da Internet. 

Os resultados do Twitter ficaram abaixo do esperado. A rede social encerrou o quarto trimestre de 2021 com receita de US$ 1,57 bilhão, uma alta de 22% na comparação com o mesmo período do ano passado, porém inferior ao US$ 1,58 bilhão estimado por analistas.

Balanço financeiro derruba ações da Meta

Duas semanas antes o Facebook havia divulgado o primeiro balanço após a mudança de nome, e também surpreendeu negativamente: o lucro líquido de US$ 10,285 bilhões registrado no quarto trimestre do último ano foi 8% inferior ao mesmo período de 2020, de US$ 11,219 bilhões.

A Meta reportou seus dados financeiros para o mercado no início de fevereiro, tendo dificuldade para esconder o impacto do rival TikTok nos números.

A retração do lucro líquido nos últimos três meses de 2021 impactou as ações da empresa de Mark Zuckerberg nas bolsas mundiais. Os papéis da Meta chegaram a desabar 27,7% no dia seguinte à divulgação do relatório.

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Outros índices ruins também inflaram o saldo negativo do balanço. ´

Um deles foi a estagnação da base de novos usuários do Facebook — algo inédito desde a criação da rede social. O que também aconteceu pela primeira vez com a plataforma foi a queda de do número de usuários ativos diários (DAU, na sigla em inglês).

Zuckerberg admitiu que a Meta está com problemas para prender a atenção dos usuários enquanto, paralelamente, o TikTok conquista cada vez mais novas audiências.

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O Reels, a versão do Instagram para vídeos curtos à semelhança do concorrente chinês, está crescendo rapidamente, porém ainda com baixo retorno financeiro, justificou o CEO da Meta aos investidores.

“Ao longo do tempo, vemos potencial para um tremendo crescimento do engajamento [dessa função]”, disse Zuckerberg.

“Achamos que definitivamente é certo contar com isso e nos esforçarmos ao máximo para expandir o Reels o mais rápido possível e não pisar no freio, mesmo que possa gerar crescimento mais lento no curto prazo do que gostaríamos”, completou.

Twitter também patina em resultados

Além dos dados de receita trimestral, o Twitter teve outros tombos. As vendas de publicidade também decepcionaram, e o lucro líquido da plataforma nos últimos três meses de 2021 foi de US$ 182 milhões — uma queda de 18%.

Aos investidores, a plataforma explicou o número como resultado do impacto de um aumento em 35% nos custos com contratações e investimentos em infraestrutura e marketing.

E apesar da reação negativa do mercado, a rede social se manteve otimista e disse que fez “progresso significativo” em direção ao seu principal objetivo: construir uma base de 315 milhões de usuários e gerar receita anual de pelo menos US$ 7,5 bilhões nos próximos dois anos.

No último trimestre do ano passado, a média de usuários ativos monetizáveis chegou a marca de 217 milhões, uma alta de 13%. A expectativa do mercado, contudo, era de 218,6 milhões.

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Para analistas, a projeção de 315 milhões de usuários até o final de 2023 é uma meta “incrivelmente alta”, em especial porque, para alcançar esse número, o Twitter precisaria adicionar pelo menos 12 milhões de usuários por trimestre.

O diretor financeiro da empresa, Ned Segal, afirmou que a receita do quarto trimestre foi impactada pela desaceleração nos gastos de anunciantes nas últimas semanas do ano. A expectativa é que os investimentos publicitários aumentem nos primeiros meses de 2022.

Esse foi o primeiro relatório financeiro do Twitter desde a saída de Jack Dorsey, criador da companhia que deixou o cargo de CEO em novembro

No dia seguinte ao desligamento do fundador, a rede social anunciou uma alteração nas políticas de compartilhamento de imagens sem consentimento que dividiu a opinião de usuários e analistas pela ausência de regras claras. 

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Ascensão do TikTok surpreende e assusta concorrentes

Em setembro, o TikTok revelou que atingiu a marca de 1 bilhão de usuários ativos por mês em todo o mundo na metade de 2021. A cifra bilionária representa um crescimento de 45% desde julho de 2020, segundo a Reuters.

Brasil, Europa, Estados Unidos e Sudeste Asiático são os maiores mercados da plataforma, afirmou a empresa.

A ascensão do TikTok no Ocidente aconteceu durante a pandemia de covid-19. A empresa chinesa tinha cerca de 55 milhões de usuários globais até janeiro de 2018. A base subiu para mais de 271 milhões usuários em dezembro do mesmo ano, foi a 508 milhões em dezembro do ano seguinte e 689 milhões em julho de 2020.

Obstáculos da Meta e o metaverso

O relatório financeiro da Meta mexeu com os mercados e fez analistas apontarem as possíveis causas para o tombo da gigante, que visa um futuro promissor com a criação do metaverso.

Perder de forma inédita o total de usuários ativos, assim como dados abaixo do esperado por Wall Street e as projeções nada otimistas para o primeiro trimestre de 2022 estão entre as causas para as preocupações de Mark Zuckerberg.

Os dados negativos vieram num momento crítico para a empresa, que enfrenta processos regulatórios nos Estados Unidos. Além disso, a aposta no metaverso — uma experiência online imersiva, que, segundo Zuckerberg, é o futuro das redes sociais — demanda investimentos maiores e, até o momento, de retornos incertos.

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Facebook

Ao longo de quase uma década, o Facebook deu sinais de que sua ascensão era constante. Mas a rede social perdeu seu apelo com a nova geração de jovens conectados.

O TikTok surgiu como a principal alternativa para quem quer fugir do antigo modelo de plataforma, que envolvia muito mais textos do que vídeos.

A perda de audiência é sinônimo de esvaziamento do caixa. Com o público, os anunciantes também migram para outras redes, como o YouTube, do Google, e o próprio TikTok.

Outra ameaça a ser encarada pela Meta é uma ação da Apple para proteger os seus usuários de publicidade direcionada.

As mudanças dificultam que marcas segmentem os anúncios por geolocalização e o impacto para os cofres da Meta podem chegar a US$ 10 bilhões somente neste ano, informou o diretor financeiro da empresa, Dave Wehner.

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