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Com novo crime no Haiti, América Latina registra 9 jornalistas assassinados em 2022

Protesto para reajuste do salário mínimo terminou com morte de jornalista por policiais (Foto: Reprodução/Twitter/@KJLAyiti)

Protesto para reajuste do salário mínimo terminou com morte de jornalista por policiais (Foto: Reprodução/Twitter/@KJLAyiti)

O fotojornalista haitiano Maxihen Lazzare tornou-se o 12º profissional de imprensa assassinado no mundo em 2022. Somente na América Latina, nove jornalistas foram assassinados por motivos relacionados à profissão nos dois primeiros meses do ano.

O Brasil também entra nessa trágica conta. Em 7 de fevereiro, o jornalista Givanildo Oliveira foi morto a tiros, em Fortaleza. O crime foi classificado pela diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, como um ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.

Até o momento, a onda de violência contra a imprensa é mais aterradora no México: o país já registra cinco jornalistas assassinados neste ano. Segundo a ONG Repórter Sem Fronteiras (RSF), outros dois repórteres foram mortos no Haiti. Turquia, Paquistão e Mianmar também contabilizam uma morte de profissional da imprensa cada.

Jornalista haitiano é morto a tiros durante protesto

Maxihen Lazzare morreu na última quarta-feira (23) após ser baleado no peito enquanto cobria as manifestações organizadas por trabalhadores haitianos exigindo o aumento do salário mínimo, em Porto Príncipe, capital do Haiti, informou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

Segundo testemunhas, ele e pelo menos outros dois jornalistas ficaram feridos quando um grupo armado, identificado com uniformes e veículos da polícia, abriu fogo contra eles e os manifestantes. O protesto já enfrentava uma repressão violenta que, até então, só havia registrado disparos com balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Maxihen era repórter do grupo de mídia Roi Des Infos. Sua morte é o terceiro assassinato de jornalista registrado no Haiti em 2022. Wilguens Louis-Saint e John Wesley Amady também morreram em janeiro, após serem agredidos enquanto cobriam confrontos entre facções criminosas.

Para a FIJ, a instável situação política, econômica e social que o Haiti atravessa torna o exercício do jornalismo uma atividade perigosa.

É urgente que se tomem medidas para que os repórteres possam realizar seu trabalho sem medo de represálias ou ataques, garantindo assim o direito do povo haitiano de receber informações verdadeiras.

A federação também exigiu que as autoridades identifiquem os responsáveis pelo crime ​​e garantam justiça a Maxihen Lazzare.

Em nota, a entidade alerta para o perigo à liberdade de expressão e ao direito à informação quando trabalhadores da imprensa ficam desprotegidos em um momento de crise, em que é fundamental contar com relatórios confiáveis ​​e de qualidade para entender a realidade.

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Haiti: casos de jornalistas assassinados evidenciam trabalho precário

O Haiti ficou na 87ª posição do último Ranking de Liberdade de Imprensa, divulgado pela ONG Repórter Sem Fronteiras (RSF) em 2021. O país foi avaliado junto com outras 180 nações.

Na avaliação da RSF, apesar de vários progressos recentes nas leis relativas à liberdade de imprensa, os jornalistas haitianos ainda enfrentam falta de recursos financeiros, ausência de apoio por parte das instituições e dificuldade de acesso à informação.

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Desde 2018, protestos, muitas vezes violentos, se multiplicaram em todo o país contra o presidente Jovenel Moïse, envolvido em casos de corrupção.

A ONG destaca dois crimes recentes contra profissionais de imprensa que ganharam destaque no Haiti: o assassinato do jornalista Néhémie Joseph (2019) e o desaparecimento do fotojornalista Vladjimir Legagneur (2018), enquanto realizavam uma reportagem in loco.

Nesse cenário, a RSF aponta que exercer a profissão no Haiti fica mais difícil diante das intimidações e ataques violentos cometidos pela polícia e por manifestantes contra jornalistas — ocorrências que têm aumentado nos últimos anos.

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