O ex-âncora estrela da CNN Chris Cuomo entrou com uma ação pedindo US$ 125 milhões de indenização à emissora norte-americana por danos causados após sua “demissão injusta” e “imagem manchada” à carreira.
Cuomo foi demitido em dezembro depois que uma investigação interna revelou orientações fornecidas para ajudar seu irmão, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, acusado de assédio sexual.
O jornalista afirma que foi transparente com a CNN sobre seu papel como confidente do irmão e “não tinha motivos para acreditar” que isso violava as políticas da rede. A saída tumultuada de Cuomo resultou nas demissões do ex-CEO da CNN Jeff Zucker e a ex-chefe de marketing Allison Gollust, poucos meses antes da estreia do streaming da emissora.
Chris Cuomo tenta acordo antes de judicialização
A ação movida por Chris Cuomo foi divulgada na quarta-feira (16) na imprensa dos EUA. O pedido de indenização foi feito mediante sentença arbitral numa primeira tentativa de não judicializar o caso, se a CNN aceitar fechar um acordo.
No documento, a equipe de advogados do jornalista afirma que ele foi “prejudicado de inúmeras maneiras” após a decisão da CNN de demiti-lo “sem a menor cerimônia”.
Os detalhes da assistência de Cuomo ao irmão vieram à tona em novembro, quando o gabinete do procurador-geral do estado de Nova York divulgou materiais relacionados à investigação de Andrew Cuomo e foram constatados auxílios prestados pelo então âncora da CNN sobre como o ex-governador deveria responder ao processo judicial.
O processo movido agora alega que o escritório de advocacia contratado pela CNN para investigar o papel de Chris Cuomo em aconselhar seu irmão, e uma subsequente alegação de má conduta sexual que surgiu em uma carta anônima de 1º de dezembro, não deu a ele a oportunidade de explicar o que aconteceu ou responder às alegações da mulher — negadas veemente por ele.
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Os advogados de Chris Cuomo também argumentam que a CNN estava disposta a flexibilizar suas regras somente em benefício à rede, citando os primeiros dias da pandemia, no início de 2020, quando a emissora suspendeu a proibição de Chris Cuomo de entrevistar seu irmão “para explorar a família Cuomo relacionamento para seus próprios fins”.
“Como a CNN admitiu, os padrões da rede foram alterados em uma decisão calculada para aumentar a audiência”, disse Bryan Freedman, um dos advogados de Cuomo, em comunicado. “Quando essas práticas foram questionadas, Chris se tornou o bode expiatório.”
US$ 125 milhões para reparar ‘imagem manchada’ de Chris Cuomo pós-CNN
Na ação, os advogados de Chris Cuomo alegam que ele teve “sua integridade jornalística injustificadamente manchada”, por isso, o valor solicitado chega à cifra dos milhões.
Além disso, o jornalista alegou que Jeff Zucker e Allison Gollust também haviam aconselhado o ex-governador de Nova York, logo, sua demissão é injusta sob esses termos.
“[A demissão de Cuomo da CNN manchou sua imagem] tornando difícil, senão impossível para Cuomo encontrar trabalho semelhante no futuro e prejudicando-o em valores superiores a US$ 125 milhões, o que inclui não apenas o salário restante devido sob o acordo, mas salários futuros perdidos como resultado dos esforços da CNN para destruir sua reputação em violação do contrato.”
Segundo o Deadline, os US$ 125 milhões se dividem em “danos consequentes”, em que US$ 110 milhões são parte da suposta “violação da Turner e da CNN dos termos expressos do contrato” com Cuomo.
Os US$ 15 milhões adicionais são essencialmente o que jornalista diz que lhe eram devidos sob seu contrato atual, quando ele foi rescindido “com efeito imediato” em 4 de dezembro pelo então presidente da CNN, Zucker, depois que acusações de má conduta sexual foram feitas contra o apresentador já suspenso.
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Cuomo saiu, mas derrubou CEO e diretora de marketing também
A saída de Chris Cuomo da CNN, em dezembro, expôs uma crise interna que levou à demissão do CEO global, Jeff Zucker, no início de fevereiro.
Ele pediu demissão da emissora ao revelar um relacionamento secreto que mantinha com a vice-presidente executiva e diretora de marketing da empresa, Allison Gollust. Ela também renunciou semanas depois do caso vir à tona.
Apesar de negarem que as saídas foram motivadas pelo caso dos irmãos Cuomo, ambas resultaram da investigação interna feita na CNN iniciada por causa do ex-âncora.
Na ocasião, a WarnerMedia, controladora do canal a cabo, disse que a investigação encontrou “violações das políticas da empresa, incluindo os padrões e práticas de notícias da CNN, por Jeff Zucker, Allison Gollust e Chris Cuomo”.
A empresa não detalhou as violações, mas o envolvimento dos três em um suposto aconselhamento indevido ao ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, investigado por assédio sexual, é apontado como o motivo da CNN desligá-los.
Com a saída de Jeff Zucker, três executivos veteranos da CNN dirigem a rede de notícias interinamente até o novo CEO, Chris Licht, assumir o cargo.
A previsão é que o jornalista, ex-showrunner do “The Late Show with Stephen Colbert”, assuma o cargo quando a Discovery e a WarnerMedia concluírem a fusão prevista para abril.
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