Trabalhadores das quatro organizações de mídia pública participarão da greve, reunindo jornalistas da TV nacional, da rádio nacional, da agência de notícias Tunis África (TAP) e da editora La Press.
Eles consideram a situação no país cada vez mais difícil para o livre exercício de seu trabalho.
Greve de jornalistas tem apoio internacional
A greve conta com o apoio da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e é coordenada pelo sindicato nacional de jornalistas da Tunísia, que condenou as tentativas do presidente tunisino de controlar a mídia estatal.
A iniciativa também é um protesto contra a prisão do jornalista Khalifa Al-Qasimi por se recusar a revelar suas fontes às autoridades. Sua prisão provocou manifestações de grande parte do setor de mídia da Tunísia.
“A Tunísia se tornou um estado autoritário que prende e intimida jornalistas”, disse Mohamed Yassine Jelassi, presidente da SNJT.
O sindicato acusa o governo de usar a TV estatal como uma “trompete de propaganda” para o presidente e denunciou que a emissora está proibida de apresentar representantes da oposição em debates políticos.
Há um ano, a polícia invadiu a sede da agência de notícias para tentar conter a reação dos jornalistas à nomeação de um político como diretor-geral.
Leia mais
Liberdade de imprensa: polícia invade redação na Tunísia
As demandas dos jornalistas em greve
Entre as demandas dos grevistas, destacam-se a exigência de acabar com a pressão do governo sobre a linha editorial da TV nacional e a apresentação de um plano para salvar a La Press, que está ameaçada de um fechamento.
A greve também busca que o governo se comprometa a alocar recursos que permitam à mídia estatal produzir conteúdo de qualidade a serviço do interesse público e a nomear diretores de acordo com o decreto 116 de 2011, que garante a independência da mídia pública do controle político.
O secretário-geral da IFJ, Anthony Bellanger, disse:
“A liberdade de imprensa foi um ganho fundamental para os tunisianos após 2011. Hoje, infelizmente, vemos esse direito em sério risco.
Somos solidários com a greve dos jornalistas e apoiamos suas demandas por uma mídia estatal independente e orientada para o serviço público na Tunísia.”
Leia também
Jornal do editor russo que ganhou Nobel da Paz suspende operações por ameaças do governo