Londres – Depois de uma discreta passagem pelo Reino Unido para participar de alguns eventos do Jubileu da Rainha com sua mulher Meghan Markle e os filhos Archie e Lilibet, o príncipe Harry voltou às manchetes por mais um processo contra um jornal tabloide britânico.
Desta vez o alvo do Duque de Sussex é a Associated Newspapers, dona dos tabloides Mail on Sunday, Daily Mail e do site Mail Online.
Os advogados alegam que uma reportagem publicada em fevereiro sobre exigência de segurança oficial quando ele estivesse no país, negada pelo governo britânico, foi difamatória.
Tabloide publicou notícias sobre segurança de Harry
A reportagem apontava a tentativa de Harry de manter a briga com a Secretaria Nacional de Interior em torno da segurança longe dos olhos do público.
Na primeira audiência do processo, nesta quinta-feira (9), Harry apresentou ao Supremo Tribunal uma série de questões preliminares que dão fundamento à demanda jurídica.
A prática de processar jornais nunca foi adotada pela família real, que tem como política aguentar calada as fofocas e ataques. Mas Harry e Meghan seguiram linha diferente desde que começaram a se sentir incomodados com críticas dos tabloides britânicos.
Na célebre entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey, em março de 2021, eles apontaram o assédio e o racismo da imprensa britânica como uma das razões para terem deixado o Reino Unido.
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Harry e Meghan já venceram processo contra tabloide
Inconformados com cobertura negativa de suas atividades, eles já abriram vários processos contra jornais.
Em dezembro, a mesma editora que agora é acionada perdeu um processo milionário movido por Meghan Markle por uma matéria reproduzindo uma carta enviada por ela ao pai pouco depois do casamento real, em 2018.
A justiça entendeu que a publicação da carta pelo jornal Mail On Sunday era “excessiva, e portanto ilegal”.
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Na nova demanda judicial contra a Associated Newspapers, o advogado do príncipe, Justin Rushbrooke, disse ao Supremo Tribunal em uma petição que a reportagem de fevereiro era “difamatória” porque sugeria que Harry havia “mentido” e tentado “indevida e cinicamente” manipular a opinião pública sobre o assunto.
Em sua reclamação escrita apresentada ao tribunal por meio do advogado, Harry disse que a reportagem supostamente lhe causou “mágoa substancial, constrangimento e angústia que continua até hoje”.
Na ação legal contra o governo que foi objeto da reportagem, o duque recorreu ao Tribunal Superior para reverter a decisão da Secretaria Nacional de Interior, que negou pedido de proteção policial aos Sussex mesmo mediante pagamento.
Harry alegou que a segurança privada não teria acesso a dados dos órgãos de inteligência britânico que pudessem indicar riscos de ataques à sua família.
A posição do governo foi baseada no fato de que eles deixaram de fazer parte do núcleo da monarquia com funções oficiais.
Morando nos EUA, Harry e Meghan não teriam direito a segurança
Harry, 37, e sua esposa Meghan Markle, 40, moram na Califórnia desde 2019, o que os fez perder sua proteção paga pelos contribuintes do Reino Unido.
Reagindo ao pedido, governo disse que “a segurança pessoal da polícia não está disponível em uma base de financiamento privado”.
Na semana passada, eles voltaram ao país para os festejos do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth, e praticamente não circularam ou foram vistos em público.
A participação do casal nos eventos foi reduzida. Eles foram convidados para a missa de ação de graças na catedral de St Paul na sexta-feira (3), mas ficaram sentados em uma ala secundária, longe dos familiares mais próximos e cercados por primos, o que deu margem a especulações de que as relações com a família continuam esgarçadas.
A filha, Lilibet, completou um ano de idade e teria sido apresentada à bisavó, mas nenhuma foto do encontro foi divulgada.
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Harry e Meghan foram também vistos no Palácio de Buckingham durante a parada aérea Trooping the Colour, mas não se juntaram à rainha e aos príncipes Charles e William na varanda principal. Apenas fotografados de longe por janelas de um outro aposento.
Harry teria mentido ao público, segundo tabloide
A reportagem que deu origem ao processo judicial de Harry contra o tabloide tinha como manchete: “Exclusivo: como o príncipe Harry tentou manter sua briga legal com o governo sobre guarda-costas da polícia em segredo… para dar uma reviravolta positiva na disputa.”
O advogado que lidera a equipe jurídica do Duque de Sussex, Justin Rushbrooke disse que as reportagens afirmavam que o duque “mentiu em suas declarações públicas iniciais no sentido de que ele sempre esteve disposto a pagar por proteção policial no Reino Unido, quando a verdadeira posição, conforme revelado por documentos do Supremo Tribunal, era que ele só havia feito tal oferta recentemente, após o início de sua disputa e após sua visita ao Reino Unido em junho de 2021”.
E afirmou que jornal alegou que o duque “tentou manter sua briga legal com o governo em segredo do público, incluindo o fato de que ele esperava que os contribuintes britânicos pagassem por sua proteção policial, de uma forma que era imprópria e mostrava falta de transparência em sua parte”.
No processo, o advogado argumenta que “as alegações de que uma pessoa mentiu para o público, manipulou o público e tentou manter o segredo que deveria ser público são graves e tendem a rebaixá-lo diante da sociedade”, configurando difamação.
A Associated Newspapers rebateu as acusações defendendo que “não há indícios de impropriedade em qualquer leitura sensata do artigo”.
E que Harry não é retratado como tendo procurando manter toda a ação contra a Secretaria de Interior em segredo.”
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A defesa criticou a equipe de relações públicas de Harry e Meghan, que teria deturpado a história induzindo o tabloide a matérias imprecisas e a fazer confusão sobre a natureza da reclamação.
Ao fim da audiência desta quinta-feira, o juiz declarou que emitirá uma decisão sobre as questões preliminares em uma data posterior, o que definirá os próximos passos da ação judicial.
Assim como aconteceu com Meghan Markle, Harry pode até vencer o processo. Mas isso não ajuda a melhorar a imagem dele perante o público em torno de uma tema controvertido como a segurança pessoal depois que os dois se mudaram para os EUA.
E pode abrir um abismo ainda maior com a família, já que as ações judiciais atraem publicidade negativa, tudo o que a monarquia menos quer.
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