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Assange tenta novo recurso contra extradição; ônibus de protesto percorre ruas de Londres

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Protesto de apoio a Julian Assange, em Londres (Foto: Mary-Ann Russon/via Twitter Stella Assange)

Londres – Em mais uma tentativa de evitar que Julian Assange seja julgado e condenado nos Estados Unidos, os advogados de defesa do fundador do Wikileaks apelaram nesta sexta-feira (1) ao Supremo Tribunal de Londres para que sua extradição para não seja autorizada pelo governo britânico.  

O fundador do site Wikileaks é processado pelas autoridades americanas pela divulgação de documentos confidenciais sobre atos do governo dos EUA nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Com a apelação encaminhada, ativistas, apoiadores e familiares de Assange, incluindo o pai e o irmão que viajaram ao Reino Unido e sua mulher, Stella, aumentaram a pressão sobre o governo de Boris Johnson para que o jornalista seja solto ou enviado à Austrália, seu país de origem.

Contra extradição Assange, entidades fazem campanhas e pressão ao Reino Unido

No dia 17 de junho, a Secretaria Nacional do Interior do Reino Unido, comandada por Priti Patel, assinou a ordem de extradição do fundador do WikiLeaks. Se enviado para julgamento nos EUA, Assange pode pegar até 175 anos de prisão.

O irmão do jornalista, Gabriel Shipton, confirmou à agência Reuters que o recurso de apelação foi apresentado pela equipe jurídica do jornalista, sem detalhar, porém, o fundamento do pedido.

“Também pedimos ao governo australiano que interceda imediatamente no caso para acabar com esse pesadelo”, disse Shipton à Reuters.

O irmão e o pai de Assange se juntaram a manifestantes em um ônibus que andou pelas ruas do centro de Londres, alertando sobre o impasse legal vivido pelo fundador do Wikileaks. 

Desde a decisão do Reino Unido, apoiadores do fundador do WikiLeaks pedem que a Austrália acompanhe de perto o caso para ajudar o cidadão do país

Há a opção de Assange cumprir sua pena na Austrália, em vez de ir para os EUA, como oferecido pelo próprio governo norte-americano em suas garantias para a extradição do jornalista pelo Reino Unido. Ou ter as acusações contra ele retiradas e seguir para seu país de origem.

Sem a intervenção do governo australiano, no entanto, ativistas não acreditam que isso ocorra.

Para ajudar na pressão sobre os governos britânico e americano, entidades defensoras da liberdade de imprensa, incluindo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a PEN America, se posicionaram nas redes sociais pedindo a libertação de Assange.

A FIJ  lançou a campanha #FreeAssangeNOW exigindo que o governo dos EUA retire todas as acusações contra ele. “Punir Assange por expor crimes de guerra é uma ameaça para todos os jornalistas ao redor do mundo”, alertou.

Em declaração compartilhada por um perfil do Twitter que apoia Assange, Daniel Ellsberg, que divulgou os documentos do caso conhecido como Pentagon Papers, na década de 1970, disse que a extradição do fundador do WikiLeaks significa que “nenhum jornalista no mundo está a salvo da prisão perpétua nos Estados Unidos.”

Aniversário de Assange instiga eventos e protestos contra extradição

Julian Assange completa 51 anos no próximo domingo, dia 3 de julho.

Mais de 30 manifestações de apoio ao jornalistas estão previstas para acontecer em diferentes cidades: Paris (França), Londres (Reino Unido), Sydney (Austrália), Toronto (Canadá), Berlim (Alemanha), Auckland (Nova Zelândia) e Milão (Itália) são algumas que farão ações no dia.

No ano passado, quando completou 50 anos, protestos ao redor do mundo também foram realizados pedindo a libertação de Assange. 

Na ocasião, os organizadores levaram um bolo de aniversário, e a estilista Vivienne Westwood esfregou pedaços no rosto para protestar conta o que chamou de “um mundo doente”.

Stella Morris estava presente com os dois filhos que teve com Julian Assange enquanto ele estava asilado na embaixada equatoriana.

Relembre o caso de Assange

Julian Assange foi preso em Londres em 2019, depois de passar mais de seis anos na embaixada equatoriana como forma de evitar a extradição para a Suécia, onde respondia a um processo por agressão sexual, e depois para os EUA, por crimes contra a segurança nacional.

O fundador do WikiLeaks responde a 18 processos movidos pelo governo dos Estados Unidos sob alegação de uma conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional após a publicação de centenas de milhares de documentos vazados relacionados às guerras do Afeganistão e do Iraque no site. Ele pode pegar 175 anos de cadeia. 

Com a detenção pelo Reino Unido, iniciou-se a pressão dos EUA pela extradição. As batalhas legais tiveram diversos capítulos.

A defesa de Assange tentou convencer a Suprema Corte britânica de que ele não corre risco de suicídio e que não poderia ser extraditado para um país que tentou matá-lo, por causa das revelações feitas pelo site de notícias Yahoo em setembro a respeito de planos dos EUA para sequestrar e matar o jornalista em 2007.

Mas não teve sucesso. O Departamento de Estado dos EUA conseguiu revogar a decisão em dezembro de 2021, abrindo caminho para a extradição, aprovada no mês passado e que vive mais uma fase com a apelação da defesa de Assange.

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