A organização internacional de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras lançou um projeto de monitoramento das mídias sociais destinado a identificar, analisar e denunciar ataques online contra jornalistas e comunicadores durante a campanha eleitoral brasileira.

A iniciativa foi desenvolvida em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, centro de pesquisa de referência especializado em análise de redes sociais e tendências digitais, e tem o apoio do Fundo Canadá para Iniciativas Locais (FCIL) no Brasil. 

Segundo a RSF, nos últimos anos, e principalmente desde que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, em 2018, os casos de ataques online contra jornalistas se multiplicaram e se intensificaram no Brasil, gerando censura e autocensura.

Ataques na campanha eleitoral monitorados diariamente

Até o final do segundo turno, mais de cem contas, no Twitter e no Facebook, de jornalistas, influenciadores, autoridades públicas e candidatos às eleições, tanto em nível federal quanto estadual, serão monitoradas diariamente.

Também serão examinados termos considerados como discursos estigmatizantes, ofensas e insultos recorrentemente utilizados nas redes para atacar jornalistas e a imprensa. 

“Uma análise aprofundada e um monitoramento sistemático dos ataques online contra a imprensa é fundamental para entender melhor o papel do espaço digital no cenário estrutural da violência contra jornalistas e comunicadores no Brasil e pensar em soluções mais efetivas para combater o problema”, diz Emmanuel Colombié, diretor do escritório da RSF para a América Latina.

Os resultados do trabalho serão compilados e publicados periodicamente, ao longo da campanha, no site da RSF.

Um relatório detalhado sistematizando as principais tendências e ataques observados durante o projeto de pesquisa também será publicado ao final do processo eleitoral.

O objetivo do projeto é compreender melhor a origem, estrutura e organização da disseminação dos ataques online, denunciar os principais autores dessas agressões e encontrar soluções eficazes e duradouras para combater as agressões. 

Lançada oficialmente em 16 de agosto de 2022, a campanha eleitoral brasileira terminará em 30 de outubro, com a definição dos nomes que ocuparão os cargos de presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais pelos próximos quatro anos.

Em 2021, a RSF publicou um estudo sobre o comportamento dos usuários do Twitter – que concentra a maioria dos ataques contra meios de comunicação e jornalistas no país – revelando, sobretudo, que os apoiadores do governo Bolsonaro são os principais autores desses ataques.

O estudo revelou também que os principais grupos de mídia críticos ao governo e as mulheres jornalistas são os principais alvos.