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‘Olho de Deus’, cometa celebridade e mais: as imagens premiadas pelo Observatório de Greenwich em 2022

Olho de Deus Greenwich astrofotografia

Foto: divulgação

Londres – A imagem rara de um pedaço da cauda de gás do cometa Leonard sendo desconectada e levada pelo vento solar, capturada pelo austríaco Gerald Rhemann, foi a vencedora da 14ª edição do concurso de fotografia astronômica do Observatório Real de Greenwich.

O brasileiro Flávio Fortunato competiu na mesma categoria do vencedor – Planetas, Cometas e Asteróides – com uma imagem do planeta Saturno com os anéis e as luas, destacadas no céu escuro de João Pessoa, mas foi difícil bater o cometa que vir0u celebridade dos céus em 2021. 

Outro destaque foi a impressionante imagem de uma nebulosa capturada pelo chinês Weitang Liang, que ganhou o título de “Olho de Deus”. 

Concurso de fotografia astronômica recebeu mais de três mil inscrições

Considerado o mais importante prêmio de fotografia astronômica do mundo, o concurso é organizado pelo Observatório Real de Greenwich, em Londres. 

Fundado em 1675, é o “lar” da hora média mundial, sob a sigla GMT (Greenwich Median Time) e um dos locais científicos históricos mais importantes do mundo. 

As astrofotografias premiadas mostram a aurora boreal, nebulosas, planetas, galáxias, detalhes do sol e da lua e o impressionante “olho de Deus”, primeiro lugar na categoria Estrelas e Nebulosas. 

A imagem da nebulosa da Hélice ou NGC 7293 revela as cores do núcleo e detalhes ao redor raramente vistos, criando uma sensação etérea e sonhadora.

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The Eye of God © Weitang Liang

Conheça todas as fotos premiadas e destacadas pelo júri do concurso de fotografia astronômica do Observatório de Greenwich em 2022

Planetas, Cometas e Asteróides
Evento de desconexão, por Gerald Rhemann

O “olho de Deus” é impressionante, mas não conseguiu vencer a imagem de um cometa que despontou em 2021 como celebridade instantânea do ano e desbancou muitos velhos conhecidos dos astrônomos.

A imagem de Leonard foi eleita pelos jurados a melhor do prêmio neste ano. 

Leonard foi descoberto por G.J. Leonard em 3 de janeiro de 2021, e fez sua passagem mais próxima da Terra em 12 de dezembro, mas não será visto na Terra novamente.

A imagem foi capturada pelo fotógrafo austríaco Rhemann na Namíbia, na noite de Natal.

“Este prêmio é um dos destaques do meu trabalho de astrofotografia. Todo o esforço que foi feito para tornar essa imagem um sucesso valeu a pena”.

Disconnection Event © Gerald Rhemann

2º lugar – A Família Jupiteriana, por Damian Peach

Em Rio Hurtado, no Chile, Júpiter teve sua imagem capturada junto com três de suas maiores luas. A famosa Grande Mancha Vermelha é visível no próprio Júpiter, junto com muitas outras manchas e tempestades.

Detalhes semelhantes também são visíveis em todas as três luas jupiterianas. A cratera de raios brilhantes Osíris pode ser vista claramente na lua Ganimedes no canto superior esquerdo.

The Jovian Family © Damian Peach

Fotografia recomendada – Rosa Cósmica, por Lionel Majzik 

A imagem foi feita no Novo México, EUA. Parecia que o Cometa 4P/Faye havia dividido a nebulosa de emissão Sh2-261 na constelação de Órion. 

O objeto, também conhecido como Nebulosa do Baixo, lembra uma rosa vermelha, mas a aparência do cometa completou a ‘rosa’ com um ‘caule’ e foi selecionada como uma das imagens recomendadas pelo júri da competição de fotografia astronômica.

Cosmic Rose © Lionel Majzik

Finalista – Saturno, por Flávio Fortunato

A foto de Saturno do brasileiro Flávio Fortunato foi elogiada pelo júri da competição de astrofotografia por mostrar as luas do planeta distribuídas quase simetricamente, criando um equilíbrio na composição.

O fotógrafo contou que teve sorte, porque naquela noite percebeu que o ambiente estava calmo no céu de Alagoas e que teria chances de registrar o planeta com mais precisão. 

Saturno © Flávio Fortunato


 Paisagem do céu
 1º lugar – Perfurando as estrelas, por Zihui Hu 

Namcha Barwa é a montanha nevada mais bonita da China. O nome em tibetano significa “lança empurrando para o céu”. 

Nesta terra intocada fica um limpo céu estrelado, com trilhas tecendo uma ampla rede em dias de lua cheia. O fotógrafo comentou que “Namcha Barwa, como uma lança, perfura essa rede”. 

Stabbing Into the Stars © Zihui Hu

2º lugar – Via Láctea Badwater, por Abhijit Patil 

As salinas de Badwater Basin, no Parque Nacional do Vale da Morte, na Califórnia, EUA, ficam a 86 metros abaixo do nível do mar, sendo o ponto mais baixo da América do Norte. 

O inverno traz água nova da chuva para as bacias e o processo contínuo de congelamento- descongelamento-evaporação cria os padrões hexagonais na lama que aparecem na foto. 

Badwater Milky Way © Abhijit Patil

Fotografia recomendada – A estrada noturna, por Filip Hrebenda 

Essa fotografia rara da Via Láctea e da aurora boreal em uma única imagem foi feita na Península de Stokksnes, sobre as montanhas Vestrahorn, na Islândia. 

Foi altamente recomendada pelo júri do concurso de fotografia astronômica do Observatório de Greenwich. 

The Night Highway © Filip Hrebenda

Pessoas e Espaço 
1º lugar – A Estação Espacial Internacional, por Andrew McCarthy 

A imagem apresenta a Estação Espacial Internacional (ISS) posicionada exatamente sobre o local do pouso da Apolo 11 na lua do Mar da Tranquilidade, local do primeiro pouso tripulado, em 1969. 

O momento durou apenas alguns miléssimos de segundos e exigiu do fotógrafo um posicionamento preciso para capturar a cena perfeita. 

The International Space Station Transiting Tranquility Base © Andrew McCarthy

2º lugar – De volta à nave espacial, por Mihail Minkov

Construída entre 1974 e 1981, esta estrutura semelhante a uma nave espacial foi projetada por Georgi Stoilov e envolveu a remoção de mais de 15 mil metros cúbicos de rocha do pico de Buzludzha, na Bulgária, reduzindo a altura da montanha em nove metros.

Embora o prédio esteja fechado ao público, sua silhueta que lembra uma nave espacial, é o complemento perfeito para astrofotografias do céu noturno.

Back to the Spaceship © Mihail Minkov

Fotografia recomendada – Equinox Moon e Glastonbury Tor, por Hannah Rochford

A imagem retrata pessoas admirando a lua cheia surgindo atrás de Glastonbury Tor, no Reino Unido, em setembro de 2021.

Equinox Moon and Glastonbury Tor © Hannah Rochford

Aurora boreal
1º lugar – No abraço de uma dama verde, por Filip Hrebenda

A aurora boreal é um dos fenômenos naturais mais interessantes e geralmente é fotografada nos meses de inverno.

Essa fotografia, no entanto, foi produzida no final da primavera e mostra a ‘dança’ da aurora boreal refletida em um pequeno lago congelado na montanha Eystrahorn, na Islândia.

In the Embrace of a Green Lady © Filip Hrebenda

2º lugar – Misty Green River, por Fred Bailey

A foto foi feita no rio Cameron, nos territórios do noroeste do Canadá, perto de Yellowknife e mostra a diferença entre a aurora e o céu noturno.

Misty Green River © Fred Bailey

Fotografia recomendada – Aurora alada, por Alexander Stepanenko

Uma ‘aurora alada’ coroando a montanha em Murmansk, Rússia, que até parece um anjo no céu.

Winged Aurora © Alexander Stepanenko


Galáxias
1º lugar – Majestosa galáxia Sombrero, por Utkarsh Mishra, Michael Petrasko e Muir Evenden

A imagem mostra os fracos fluxos de estrelas que foram criados quando uma galáxia menor colidiu e seus remanescentes começaram a orbitar a Via Láctea.

Majestic Sombrero Galaxy © Utkarsh Mishra, Michael Petrasko, Muir Evenden

2º lugar – Arp 271 – Colisão cósmica, por Mark Hanson e Mike Selby

NGC 5426 e NGC 5427 são duas galáxias espirais de tamanho semelhante, envolvidas em uma grande interação. Elas são conhecidas como Arp 27.

Acredita-se que a interação continue por dezenas de milhões de anos. A foto foi feita com telescópio no Observatório El Sauce, em Río Hurtado, no Chile.

Arp 271 “Cosmic Collision” © Mark Hanson, Mike Selby

Fotografia recomendada – SMC e a ponte de Magalhães, por Mathew Ludgate

A pequena nuvem de Magalhães (SMC) é uma galáxia anã irregular que foi rompida e moldada por interações com seus vizinhos, a grande nuvem de Magalhães (LMC) e a Via Láctea.

Essas interações resultaram em intensos choques gravitacionais de maré, que removeram e redistribuíram o material do SMC, formando um halo e numerosas estruturas estendidas de gás ionizado. A imagem foi capturada em Dunedin, Nova Zelândia.

SMC and the Magellanic Bridge © Mathew Ludgate

As categorias Nossa Lua e Nosso Sol do concurso de fotografia astronômica mostram detalhes dos astros
Nossa lua | 1º lugar – Perfil de sombra da orla leste de Platão, por Martin Lewis

Uma vez por mês o sol nasce sobre a gigante cratera lunar Platão e lança enormes sombras de sua borda leste no chão cheio de lava.

Ocasionalmente este evento coincide com uma noite de boa visão. Foi o que aconteceu em abril de 2021 com céu estável e a lua no alto. O perfil escuro e projetado da borda era visível em detalhes.

Shadow Profile of Plato’s East Rim © Martin Lewis

2º lugar – Lua: grande mosaico, por Andrea Vanoni

A foto mostra um mosaico de 32 capturas da lua crescente. As crateras, bordas, montanhas, cúpulas e mares mais famosos desta fase lunar são visíveis na fotografia, produzida na Lombardia, Itália.

Moon: Big Mosaic © Andrea Vanoni

Fotografia recomendada – Um eclipse de mil pores do sol, por Noah Kujawski

A imagem do eclipse lunar em novembro de 2021 mostra a fantástica cor vermelha criada pela luz que passa por todos os nasceres e pores do sol da Terra, lançando uma luz vermelho-sangue na lua.

An Eclipse From a Thousand Sunsets © Noah Kujawski

Nosso Sol – 1º lugar – Um ano ao sol, por Soumyadeep Mukherjee

Mukherjee fotografou o sol por 365 dias entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021. Depois de um ano ele fundiu as capturas para criar uma única imagem.

As manchas solares criam duas bandas no disco solar, em torno de 15 a 35 graus ao norte a ao sul do Equador e gradualmente começam a se mover em direção a ele, um fenômeno conhecido como lei de Spörer.

A Year in the Sun © Soumyadeep Mukherjee

2º lugar – Inferno solar, por Stuart Green

O sol parece diferente toda vez que os astrofotógrafos capturam uma imagem, pois durante todo o tempo novas manchas solares se formam, crescem e desaparecem.

Em Preston, no Reino Unido, Stuart Green filtrou seletivamente todos os comprimentos de onda da luz, exceto uma estreita faixa vermelha (conhecida como H-alfalina) para revelar uma região ativa de mudança do sol.

Solar Inferno © Stuart Green

Fotografia recomendada – Um ‘gigante’ na borda do sol, por Miguel Claro

Uma proeminência solar gigantesca aparece sobre a cromosfera (a atmosfera inferior do sol) da borda aparente do astro.

Este ‘gigante’ ficou visível por dois dias em fevereiro de 2022 em Évora, Portugal e depois entrou em erupção, lançando um jato de massa coronal (CME) no espaço.

A Giant in the Sun’s Limb © Miguel Claro

Estrelas e nebulosas

 

As imagens que disputaram com “Olho de Deus” na mesma categoria não têm conotações místicas, mas são igualmente impressionantes.

2º lugar – Que estrela flamejante!, por Martin Cohen

A nebulosa da Estrela Flamejante (IC 405, SH 2-229 ou Caldwell 31) é uma nebulosa de emissão e reflexão na constelação de Auriga. Encontra-se a cerca de 1.500 anos-luz da Terra e tem cerca de cinco anos-luz de diâmetro.

What a Flaming Star! © Martin Cohen

Fotografia recomendada – O centro do coração da nebulosa, por Péter Feltóti

IC 1805 é uma área de grandes quantidades de gás ionizado e poeira interestelar. O forte vento estelar das estrelas quentes nascidas no local sopra o material circundante para fora, criando uma forma oca semelhante a uma caverna na nuvem de gás original.

The Centre of the Heart Nebula © Péter Feltóti

Jovem Fotógrafo de Astronomia

Dois meninos chineses de 14 anos ganharam o prêmio de Jovem Fotógrafo do concurso de fotografia do Observatório de Greenwich.

Galáxia de Andrômeda: A vizinha, por Yang Hanwen e Zhou Zezhen

A fotografia mostra um dos vizinhos mais próximos e maiores da Via Láctea, a galáxia de Andrômedra ou Messier 31 (M31).

Ela também é o objeto mais distante que o olho humano pode ver.

Quando você olha o céu a olho nu é como uma neblina, mas através do telescópio mostra sua magnitude. Yang Hanwen forneceu a imagem original do M31 e disse que “a foto mostra como o nosso vizinho mais próximo é lindo”.

Já Zhou Zezhen comentou: “Uma das principais funções da astrofotografia é atrair mais pessoas para que se apaixonem por astronomia, mostrando a beleza do Universo”.

Andromeda Galaxy, The Neighbour © Yang Hanwen, Zhou Zezhen

Prêmio Annie Maunder de Inovação Digital 
Vencedora – Árvore solar, por Pauline Woolley 

O concurso de fotografia astronômica oferece o prêmio Annie Mauder em homenagem à astrônoma irlandesa-britânica (1868-1947), que registrou a primeira evidência do movimento do surgimento de manchas solares dos pólos em direção ao Equador ao longo do ciclo de 11 anos do sol. 

A fotógrafa usou dados de código aberto do Solar Dynamic Observatory para executar o trabalho. 

Ela explica que o projeto derivou da sua pesquisa sobre traços de carbono-14 encontrados em alguns estudos de datação de dendrocronologia, o método científico de calcular datas com base em anéis de árvores que é usado por historiadores de arte para datar pinturas em painéis de madeira. 

Solar Tree © Pauline Woolley, using open source data from Solar Dynamic Observatory

Woolley usou a tecnologia para criar uma composição incomum e bonita, na qual vinte e seis imagens do Sol da primeira parte do Ciclo Solar 25 foram colocadas em camadas para criar anéis concêntricos.  

O ‘anel’ mais antigo fica no centro, enquanto o mais recente fica mais distante. Mês a mês, os anéis se expandem ou “crescem” para formar os anéis de uma árvore solar imaginária.  

A imagem geral é uma marcação da passagem do tempo, que incorpora evidências visuais de níveis crescentes de atividade solar aparente nas marcas escuras das erupções solares.


Prêmio Sir Patrick Moore de melhor iniciante
Vencedor – A ponte da Via Láctea sobre grandes montanhas nevadas, por Lun Deng

O prêmio foi criado em homenagem ao astrônomo amador, escritor e pesquisador inglês Patrick Moore (1923-2012), especialista em observação lunar e criador do catálogo Caldwell, que reúne uma lista de 109 aglomerados de estrelas,  nebulosas e galáxias para observação por astrônomos amadores.

 A fotografia foi feita na montanha Minya Konka, o pico mais alto de Sichuan, China, e mostra a Via Láctea em tons de rosa e índigo nas primeiras horas da manhã de fevereiro de 2021. 

The Milky Way bridge across big snowy mountains © Lun Deng

As fotografias foram publicadas com autorização da organização do concurso e não podem ser reproduzidas.


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