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Jornalista demitida do Washington Post por criticar tuíte sexista de colega escala caso ao governo dos EUA

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Jornalista Felicia Sonmez processa jornal Washington Post por demissão (Foto: Reprodução/Twitter)

Três meses após ser demitida do Washington Post por criticar um colega que fez um tuíte sexista, a jornalista Felicia Sonmez mostrou que ainda está disposta a brigar por justiça em seu caso.

Representada pelo sindicato Washington-Baltimore News Guild (WBNG), ela acionou uma agência independente do governo dos Estados Unidos para uma investigação federal sobre a atitude da empresa.

“Sou grata ao WBNG por apresentar esta queixa ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas para garantir que o Washington Post respeite o direito de seus funcionários, protegido pelo governo federal, de se manifestar e falar sobre as condições de trabalho na empresa”, disse Sonmez, em comunicado.

Relembre o caso da jornalista demitida do Washington Post

A denúncia do sindicato foi antecipada pelo site The Daily Beast, que teve acesso ao processo protocolado no dia 28 de setembro.

Na queixa, o WBNG alega que o Washington Post demitiu a jornalista por ela se manifestar contra as políticas para redes sociais do jornal no Twitter.

“O Washington Post demitiu a repórter Felicia Sonmez por suas repetidas declarações sobre as condições de trabalho e a falha e recusa da empresa em aplicar de maneira justa sua política de mídia social para os funcionários”, diz a acusação, “declarações que constituem atividade protegida pela Lei [Nacional de Relações Trabalhistas]”.

O caso teve início com o retuíte de uma mensagem sexista pelo repórter político David Wiegel. Em junho, ele republicou a mensagem: “Toda garota é bi. Você só precisa descobrir se é polar ou sexual”.

Wiegel foi imediatamente criticado pela colega Felicia Somnez, sendo em seguida suspenso.

Só que em vez de reclamar à direção ou por canais internos, ela optou pelo Twitter, desencadeando uma intensa troca de farpas que acabou levando à sua própria demissão por “insubordinação, difamação de colegas online e violação dos padrões do Post sobre coleguismo e inclusão no local de trabalho”, segundo a carta de rescisão publicada pela imprensa americana.

A história virou uma crise de proporções internacionais e levou a uma reformulação da política do jornal sobre publicações nas redes sociais, segundo o Daily Beast.

Procurado pelo site, o Washington Post não quis comentar a nova denúncia apresentada pela jornalista.

“Todos os funcionários do Washington Post associados ao sindicato têm o direito de contestar a decisão da empresa de discipliná-los ou demiti-los, de falar sobre as condições e políticas de trabalho e ter uma expectativa razoável de que o jornal seguirá o contrato de acordo com a lei trabalhista federal”, disse o WBNG em comunicado.

Após a apresentação da queixa à esfera federal, o processo agora tramita para uma fase de investigação para determinar sua continuidade.

Se avançar, a disputa pode ser julgada e terminar com uma ação corretiva para o jornal — como a recontratação de Sonmez ou outra ação aprovada pelo tribunal.

“A liderança do Post deve fazer mais para apoiar – não punir – funcionários que sofreram traumas. Deve agir para cumprir sua própria retórica sobre diversidade e inclusão”, disse Sonmez, em comunicado.

“Os funcionários que levantam preocupações sobre esses assuntos não devem ter medo de serem demitidos ou de que suas carreiras estejam em perigo por fazê-lo.”

O processo de junho não é o primeiro de Sonmez contra o jornal.

Em 2021, ela foi proibida por editores do Washington Post de fazer reportagens sobre agressão sexual por ter sido uma vítima desse tipo de violência.

A jornalista acionou a justiça e o caso segue em tramitação na justiça dos EUA.

Outro jornalista processa o Post

Em agosto, o Washington-Baltimore News Guild (WBNG) também processou o Washington Post representando outro funcionário insatisfeito com advertências do veículo.

O repórter especializado em assuntos de mídia Paul Farhi foi suspenso por cinco dias sem salário, em março, por comentar no Twitter sobre uma medida interna do jornal.

Na rede social, Farhi criticou a decisão do Post de não publicar o nome dos autores das reportagens e os “datelines” (data e local de origem das matérias) de seus jornalistas na Rússia sob o argumento de que o objetivo seria evitar retaliações do governo de Vladimir Putin.

Paul Farhi, jornalista que trabalha desde 1988 para a publicação, tuítou:

“Algumas notícias internas: Em resposta às ameaças de Putin contra repórteres, o Washington Post removerá as assinaturas e os datelines das matérias produzidas por nossos jornalistas na Rússia. O objetivo é garantir a segurança dos funcionários. Nunca vi nada assim.”

O repórter de mídia é conhecido por publicar bastidores sobre o jornalismo, inclusive do próprio jornal em que trabalha.

De acordo com a Fox News, Farhi apresentou em 15 de março um recurso interno contra a suspensão, argumentando que foi sem justa causa.

O caso deveria então ser intermediado pelo sindicato. Porém, no dia 9 de agosto o Post informou que o acordo sindical havia expirado (no final de junho) e que por isso a queixa “não era arbitrável”.

Dez dias depois, o Washington-Baltimore News Guild levou o caso à justiça em nome de Paul Farhi, para forçar a arbritragem do recurso, citando também o caso de Felicia Sonmez.

Para o sindicato, a atitude do jornalista se caracteriza como “relatar com precisão notícias internas do Post no curso de seus deveres como repórter de mídia”.

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