Londres – O Wall Street Journal informou em um comunicado nesta terça-feira (4) que seus advogados conseguiram se encontrar com o jornalista Evan Gershkovich, preso na Rússia na semana passada sob acusação de espionagem.
Segundo o jornal, Gershkovich está bem de saúde e agradeceu o apoio que tem recebido de todo o mundo.
Organizações de direitos humanos, liberdade de imprensa e organizações jornalísticas manifestaram-se contra a prisão, que aconteceu quando o jornalista fazia uma reportagem na região dos Montes Urais sobre um complexo industrial militar que faz parte dos esforços de guerra russos na Ucrânia.
É a primeira vez que um repórter americano vai para a prisão depois da Guerra Fria. Para a organização Repórteres sem Fronteiras, o jornalista é um refém da Rússia.
“A detenção de Evan Gershkovich equivale claramente a uma tomada de refém institucional”, disse Christophe Deloire, secretário-geral da organização de liberdade de imprensa.
“As autoridades russas estão demonstrando acentuada má-fé, caso contrário, respeitariam seus direitos de defesa. Sabemos que este governo é criativo na hora de manipular, principalmente no que diz respeito aos jornalistas”, completou.
A organização recordou que Nick Daniloff, o último jornalista americano detido em Moscou por espionagem até o caso do profissional do Wall Street Journal, foi libertado em 1986 em uma troca de prisioneiros.
Representantes da Embaixada dos EUA em Moscou não tiveram acesso consular a Gershkovich, de acordo com o jornal.
Em uma audiência inicial na quinta-feira após a detenção de Gershkovich durante a viagem de reportagem a Yekaterinburg, ele foi representado por um advogado nomeado pelo tribunal. Um advogado que pretendia representá-lo foi impedido de entrar, segundo o jornal.
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Wall Street Journal: ‘jornalista estava fazendo o que jornalistas fazem’
No comunicado, o Wall Street Journal salientou que Evan Gershkovich “estava fazendo o que os jornalistas fazem – perguntando e fornecendo um relato de testemunha ocular na região para ajudar a manter o mundo bem informado”.
De acordo como o site russo Mediazona , Gershkovich foi para Nizhny Tagil, uma cidade industrial no oeste da Sibéria que abriga a enorme fábrica militar UralVagonZavod , um complexo de fabricação de tanques que existe desde a Segunda Guerra Mundial.
“Sua prisão é totalmente injustificada e um ataque à liberdade de imprensa. Estamos fazendo tudo ao nosso alcance para trazer Evan para casa em segurança e não descansaremos até que ele se reúna com sua família”, disse o comunicado assinado pela editora-chefe Emma Tucker e pela editora Almar Latour.
Segundo a CNN, o governo dos EUA estaria se preparando para declarar oficialmente Gershkovich como detido injustamente na Rússia, medida que abre a possibilidade legal de novos recursos do país para trabalhar em sua libertação.
Emma Tucker disse que “a via legal é uma das várias trabalhadas para defender a libertação de Evan”.
“Continuamos a trabalhar com a Casa Branca, o Departamento de Estado e funcionários relevantes do governo dos EUA para garantir a libertação de Evan”, confirmou a jornalista.
O secretário de Estado, Antony Blinken, conversou no fim de semana com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e pediu a “libertação imediata” de Gershkovich.
I spoke with Foreign Minister Sergey Lavrov today to convey our grave concern over Russia’s unacceptable detention of a U.S. citizen journalist. I called for his release and for the release of wrongfully detained U.S. citizen Paul Whelan.
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) April 2, 2023
O secretário se referiu também a outro preso, Paul Whelan, militar americano que cumpre pena de 16 anos de prisão.