Londres – As restrições à liberdade de imprensa têm se agravado na Tunísia e um novo sinal de alerta foi dado após o presidente da Assembleia de Representantes do Povo (ARP), Ibrahim Bouderbala, anunciar novamente que apenas o canal de televisão nacional estaria autorizado a entrar para cobrir as atividades da casa.
Embora a medida tenha sido revogada na semana passada depois de uma protesto dos jornalistas diante do Parlamento, em Tunis, o caso se soma a outras violações registradas no país nas últimas semanas.
O bloqueio de acesso da imprensa à casa legislativa já tinha acontecido na primeira sessão do Parlamento da Tunísia no dia 13 de março, relata a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), e se repetiu apesar da promessa feita quatro dias depois pelo próprio Bourdebala de respeitar a liberdade de imprensa nos trabalhos do Parlamento.
“Parlamento se transformou em sala escura’
O fato gerou protestos de Mahdi Jlassi, presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas da Tunísia (SNJT, na sigla em francês).
“Ibrahim Bouderbala estava empenhado em garantir a abertura do ARP aos meios de comunicação. Isso não aconteceu. A decisão é perigosa porque esta assembleia se concede um direito que não possui.
Isso reflete as verdadeiras intenções do ARP. O parlamento se transformou em uma sala escura”
Os jornalistas fizeram protestos na porta do Parlamento e puderam voltar a trabalhar normalmente no dia 12 de abril.
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Jornalistas são processados por órgãos do governo
As restrições ao trabalho da imprensa no parlamento da Tunísia acontecem ao mesmo tempo em que jornalistas são processados pelo ministro de Assuntos Religiosos, Ibrahim Chebbi.
Monia Arfaoui, do diário Assabah, é acusada pelo ministério por criticar a suspensão da parceria do ministério com o Alto Comissariado para os Direitos Humanos para a formação de pregadoras.
Há ainda uma segunda queixa sobre um artigo criticando a gestão do ministério na organização de uma peregrinação. para Meca.
Já Mohamed Boughaleb foi acusado pelo ministro de imputação de atos ilícitos a um funcionário público, difamação e publicação de informações falsas.
Um terceiro jornalista está na mira da Justiça em ação movida pela ministra da Justiça, Laila Jaffal.
O diretor do site “Business News”, Nizar Bahloul, é processado por um artigo de críticas a políticas do governo ao longo de 13 meses.
Em comunicado conjunto, o SNJT e entidades civis expressaram seu apoio absoluto aos jornalistas recentemente citados em tribunal.
Eles também criticaram o aumento de campanhas de incitação e difamação, bem como ações legais contra jornalistas, ativistas e dissidentes de opinião, que fazem parte de um processo orquestrado de assédio judicial.
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Repressão à liberdade de imprensa aumentou desde 2021 na Tunísia
A organização Repórteres Sem Fronteiras coloca a Tunísia em 94º lugar entre 180 países na edição 2022 de seu ranking de liberdade de imprensa.
Segundo a entidade, o problema foi agravado após a tomada de poder pelo atual presidente Kais Saied, em 2021. A partir de então, o país caiu 21 posições no levantamento da RSF.
De acordo com a entidade, o palácio presidencial não recebe a imprensa desde a chegada de Saied, apesar dos protestos dos profissionais de imprensa.
No ano passado, jornalistas da mídia estatal tunisiana anunciaram uma greve de um dia para protestar contra a diminuição da liberdade de imprensa e supostas tentativas do presidente e de seu governo de controlar a linha editorial do jornalismo público.
A iniciativa também é foi um protesto contra a prisão do jornalista Khalifa Al-Qasimi por se recusar a revelar suas fontes às autoridades na época.
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