O caso de Giorgos Karaivaz, jornalista assassinado na Grécia, está completando dois anos neste mês de abril sem solução, apesar de promessas feitas na época de que autoridades iriam realizar uma “investigação acelerada” e torná-la “prioridade absoluta”.

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, as autoridades gregas ainda não prenderam um suspeito de ligação com o assassinato do jornalista.

Karaivaz foi baleado várias vezes em frente à sua residência em Atenas no dia 9 de abril de 2021.

De acordo com a RSF, as últimas movimentações do caso do jornalista assassinado aconteceram cinco meses após o assassinato, quando a polícia disse ter listas de suspeitos, depoimentos, comunicações telefônicas e inúmeras gravações de câmeras de segurança.

Desde então, diz a instituição, não houve nenhuma movimentação importante nas investigações. Pavol Szalai, chefe do escritório UE-Balcãs da RSF, acusou as autoridades:

“As autoridades gregas têm algo a esconder sobre o assassinato de um repórter especializado em corrupção policial? É incomum na Europa ver um progresso tão lento em uma investigação desse tipo”

A RSF pediu também que a polícia grega procurasse ajuda da Europol, agência europeia de polícia criminal. 

A Europol só pode agir com o acordo das autoridades nacionais e foi convidada por Malta e pela Eslováquia a participar nas investigações sobre os homicídios de jornalistas em 2017 e 2018.

Jornalista assassinado era rosto conhecido na TV

Giorgos Karaivaz publicava matérias investigativas para seu blog Bloko.gr e o canal Star TV sobre as ligações entre o Estado e o crime organizado, especialmente a corrupção dentro da polícia grega.

O jornalista assassinado, um rosto familiar que aparecia diariamente na TV, era especializado em coberturas policiais e investigações criminais. Ele foi baleado ao sair de seu carro, quando chegava em casa, situada na parte sul de Atenas.

Karaivaz tinha 52 anos e voltava da gravação do programa “Verdades com Zina”, no qual trabalhava desde 2017.

Ao longo da carreira de várias décadas, trabalhou em diversos veículos, e por mais tempo no jornal Eleftheros Typos. Também fundou o site de notícias Bloko, especializado em investigação criminal. 

O Centro Europeu para a Liberdade de Imprensa (ECPMF, na sigla em inglês) disse que a impunidade no caso do jornalista assassinado decorre da omissão dos Estados em investigar com eficácia casos de graves violações de direitos humanos, obrigação  prevista na Convenção Européia de Direitos Humanos.

“Eficácia implica que uma investigação deve ser capaz de levar à identificação e punição dos responsáveis, abrangente em seu escopo e abordar todas as circunstâncias de antecedentes relevantes”, disse a organização em nota sobre o segundo aniversário do assassinato do jornalista.

O ECPMF cobrou investigações rápidas, imparciais e independentes, abertas ao escrutínio público para manter a confiança do público evitar qualquer aparência de conluio ou tolerância com atos ilegais.