Londres – O comentarista político chinês e advogado de direitos humanos Yang Maodong, mais conhecido pelo pseudônimo de Guo Feixiong, é a mais nova vítima do assédio judicial praticado para silenciar dissidentes e jornalistas críticos ao governo na China.
Ele foi condenado no dia 11 de maio de 2023, a oito anos de prisão por um tribunal de Guangzhou, no sul da China, sob a acusação de “incitamento à subversão contra o poder do Estado”.
Guo, de 56 anos, foi preso secretamente em 5 de dezembro de 2021. A prisão foi oficializada em 12 de janeiro de 2022, dois dias depois que sua esposa morreu.
Zhang Qing havia fugido em 2009 com os filhos para os Estados Unidos, de onde passou a fazer campanha pela libertação do marido, uma luta que durou 15 anos sem que os dois jamais tivessem se reencontrado.
Depois que ela foi diagnosticado com uma doença terminal, em janeiro de 2021, Yang fez repetidos pedidos às autoridades chinesas para deixá-lo ir ver a esposa e filhos, mas a tentatiava foi recusado por motivos de segurança nacional.
O Tribunal Popular Intermediário de Guangzhou condenou Guo no dia 11 de maio por publicar artigos críticos ao regime chinês em seu site.
Citando uma reportagem da Reuters, a organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras informou que diplomatas dos EUA, Reino Unido, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha e Holanda foram impedidos de comparecer ao julgamento.
Cédric Alviani Diretor da RSF para o Leste Asiático, disse:
“Ao sentenciar novamente Guo Feixiong a uma pesada pena de prisão, o regime chinês mostra sua determinação em silenciar a todo custo um dos maiores defensores da liberdade de imprensa da China.
Instamos a comunidade internacional a aumentar a pressão sobre Pequim para garantir a libertação de Guo junto com todos os outros jornalistas e defensores da liberdade de imprensa detidos na China.”
Comentaristas políticos dissidentes no alvo da China
Guo Feixiong já havia sido preso de 2006 a 2011 por suposta “atividade comercial ilegal”, após a publicação de um livro no qual investigava a corrupção do governo.
Ficou também na cadeia entre 2013 e 2019 por “reunir multidões para perturbar a ordem social”, depois de fazer um discurso em apoio à liberdade de imprensa durante um protesto anticensura realizado por um jornal local.
Enquanto estava na prisão, Guo foi submetido a tortura, incluindo choques elétricos, segundo a RSF.
A organização salienta que as autoridades chinesas têm intensificado a repressão sobre comentaristas políticos.
Em abril de 2023, Xu Zhiyong foi condenado a 14 anos de prisão após ter publicado um artigo de opinião crítico ao regime. Dois meses antes, o blogueiro Ruan Xiaohuan foi condenado a 7 anos de prisão por “incitar a subversão do poder do Estado”.
Classificada em 179º lugar entre 180, a China é o país com mais jornalistas presos no mundo, com pelo menos 114 atualmente detidos, em alguns casos sem julgamento.
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