Londres – A organização Center for Countering Digital Hate (CCDH) escalou a atriz Laura Linney para estrelar uma nova campanha publicitária que está sendo veiculada em TVs dos EUA com o objetivo de pressionar o Congresso a aprovar regulamentação de redes sociais com foco na proteção da saúde mental das adolescentes, afetadas pelo que a ONG chama de “algoritmos agressivos”.
O anúncio foi produzido em parceria com a Entertainment Industry Foundation. É narrado por Linney, que protagonizou a série The Big C. Ela já recebeu diversos prêmios Emmy e Globo de Ouro, e teve duas indicações ao Oscar. O filme foi dirigido por Suzy Shuster, também detentora de um Emmy.
Falando em off enquanto aparecem imagens de meninas ao telefone, a atriz pede aos pais que exijam que o Congresso americano aprove uma legislação para proteger as jovens e evitar males como dismorfia corporal, ansiedade, depressão e transtornos alimentares resultantes da exposição às mídias sociais.
Regulamentação das redes sociais para proteger meninas
No anúncio Laura Linney diz:
“15 segundos após fazer login nas mídias sociais, o algoritmo tem sua filha na mira. Ele envia um fluxo constante de mensagens dizendo que ela não é magra o suficiente, bonita o suficiente. Eles invadem o cérebro dela, causando dismorfia corporal, ansiedade, depressão – levando às piores taxas de transtornos alimentares, automutilação e suicídio já registradas.
Tudo enquanto ela está sentada ao seu lado, usando o telefone dela. O Congresso sabe, mas se recusa a agir. Não a deixe sofrer a dor secreta sozinha. Use sua voz. Exija um plano. Junte-se a nós no Center for Countering Digital Hate. Porque cabe a você proteger seus filhos de pesadelos nas mídias sociais. Junte-se a nós por ela, por sua filha.”
O CCDH criou a iniciativa Protecting Kids Online (Protegendo Crianças Online), que oferece recursos e apoio aos pais preocupados com os efeitos prejudiciais das mídias sociais na saúde mental e no bem-estar das crianças.
A ONG publicou um relatório em dezembro de 2022 apontando que as adolescentes são bombardeadas no TikTok com vídeos sobre imagem corporal e saúde mental a cada 39 segundos.
O relatório Deadly by Design também descobriu que novas contas configuradas por meninas de 13 anos recebem recomendação de conteúdo relacionado a suicídio em 2,6 minutos e conteúdo a respeito de transtorno alimentar em 8 minutos.
Estudos anteriores da CCDH também descobriram que menores estão expostos a bullying, assédio sexual e abuso racista nos ambientes de realidade virtual da Meta.
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Imran Ahmed, CEO do CCDH, salientou o perigo real para as crianças que navegam nas redes sociais.
“As plataformas são projetadas para manter as meninas viciadas em seus telefones por horas a fio. Para muitas adolescentes, isso significa bombardeá-las com vídeos sobre suicídio, automutilação, transtornos alimentares e imagem corporal negativa.
Mas as empresas de tecnologia irresponsáveis não colocaram proteções para impedir que as crianças sejam puxadas para ciclos intermináveis de negatividade, depressão e auto-ódio”.
Ahmed afirma que os EUA vivem uma crise de saúde mental entre adolescentes, e crê que os pais muitas vezes se sentem impotentes para intervir – tendo pouca ou nenhuma ideia do que seus filhos estão expostos a cada minuto de cada dia em seus telefones
“O Congresso agirá – mas somente se nos unirmos e usarmos nossa voz para exigir mudanças”, defende.
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