Londres – A escritora e colunista E Jean Carroll voltou nesta segunda-feira (22) aos tribunais cobrando de Donald Trump mais US$ 10 milhões em compensação por declarações durante uma polêmica entrevista à CNN, que aconteceu um dia após a condenação em um processo movido por ela.
No dia 9 de maio, um tribunal de Nova York condenou o ex-presidente a pagar a Carroll quase US$ 5 milhões por abuso sexual e também por difamação – desde que o episódio foi revelado, em 2019, ele a acusava publicamente de mentirosa.
Apesar da condenação por difamação, Donald Trump continuou atacando E Jean Carroll, o que motivou o novo pedido de indenização atrelado ao processo original. Ele apelou da sentença.
Trump chamou colunista de ‘mentirosa’
Na entrevista à CNN, criticada por ter dado ao ex-presidente um palanque para disseminar narrativas como a tese de fraude nas eleições, Donald Trump disse que nunca conheceu E Jean Carroll e que o relato dela sobre a agressão sexual era “falso”, uma “história inventada”.
Apesar de ter perdido o julgamento, ele continuou chamando a autora do processo de “maluca”.
Em entrevista ao jornal The New York Times após o novo pedido de indenização, a advogada de Carroll, Roberta Kaplan, disse que os comentários de Trump na TV “zombaram do veredito do júri e do sistema de justiça”.
A petição protocolada na segunda-feira afirma que as declarações de Trump na CNN “mostram a profundidade de sua malícia em relação a Carroll, já que é difícil imaginar uma conduta difamatória que pudesse ser mais motivada por ódio, má vontade ou despeito”.
Por isso, estava exigindo “indenizações punitivas muito substanciais” a Carroll “para punir Trump, para impedi-lo de se envolver em mais difamação e para impedir que outros façam o mesmo”.
“Essas declarações resultaram em aplausos entusiásticos do público [presente no auditório da entrevista] transmitidos ao vivo”, acrescenta a advogada na petição.
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O caso que levou Trump a ser condenado
E J.Carroll, de 79 anos, é escritora e tinha até 2020 uma coluna na revista Elle, respondendo a perguntas de leitores sobre assuntos diversos – de estilo de vida a relacionamentos. Ela ainda tem a coluna na plataforma Substack.
Em 2019, quando Trump já era presidente dos EUA e o movimento #MeToo havia encorajado mulheres comuns e famosas a denunciarem episódios de abuso sexual, ela tornou o caso público.
A colunista revelou que Trump a teria estuprado em uma cabine da sofisticada loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Manhattan, em meados da década de 1990.
Pelo relato, os dois se encontraram casualmente na loja e ele pediu ajuda para comprar um presente para uma mulher, uma peça de lingerie.
A pedido dele, ela experimentou a peça na cabine, quando então ele teria empurrado-a contra a parede e praticado a violência sexual.
Em 2019, depois que ele negou as acusações e a acusou de mentir em uma tentativa de aumentar as vendas de um livro que estava para lançar, a colunista entrou com um processo de difamação. Esse processo ainda não foi a julgamento.
Ela alegou que as declarações do então presidente dos EUA causaram “danos à reputação, emocionais e profissionais” e disse que estava processando “para obter reparação por esses ferimentos e demonstrar que mesmo um homem tão poderoso quanto Trump pode ser responsabilizado sob o estado de direito”.
Ao ser demitida da Elle, ela usou o Twitter para atribuir a decisão da revista ao impacto das declarações de Trump sobre sua imagem.
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Mas a ação que levou Trump a ser condenado no dia 9 de maio foi movida no ano passado, aproveitando uma nova lei aprovada no Estado de Nova York que autoriza vítimas de abuso sexual a acionarem judicialmente agressores por ataques ocorridos no passado.
Trump não compareceu ao julgamento, presidido pelo juiz Lewis Kaplan. Os nomes dos jurados não foram revelados para evitar ataques de seguidores do ex-presidente.
Ele estava na Irlanda, e chegou a fazer comentários nocivos contra o próprio juiz do caso.
Trump foi condenado a pagar cerca de US$ 5 milhões em danos compensatórios e punitivos, sendo cerca de US$ 2 milhões pela acusação de abuso sexual (embora tenha se livrado da pena por estupro) e quase US$ 3 milhões por difamação.
Falando após o veredicto no início deste mês, Carroll disse que seu caso “não era por dinheiro” e que o resultado quebrou barreiras para as mulheres ao “demolir o mito da “vítima perfeita”, que sempre grita e chama a polícia na hora.
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