Londres – A exemplo do que vem acontecendo em manifestações populares em vários países, pelo menos sete profissionais de imprensa foram atacados e alguns saíram feridos quando cobriam os protestos em reação à morte de um rapaz de 17 anos pela polícia da França. 

Os ataques diretos a jornalistas em cobertura de protestos se agravaram após a pandemia, sobretudo na Europa, registrados em marchas contra a vacina e medidas de isolamento social insufladas por grupos extremistas. 

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, pelo menos sete jornalistas enviados para cobrir distúrbios e incidentes em Paris, nos arredores e em outras cidades foram atacados nos primeiros dias dos protestos. 

Profissionais feridos nos protestos em várias cidades da França

Dois casos aconteceram em Besançon. Um freelancer da Rádio BIP/Média 25 , Toufik-de-Planoise , foi atingido na cabeça com um pé de cabra e levou sete pontos.  

Emma Audrey , uma jornalista que trabalha para a mesma rádio, recebeu um golpe que estilhaçou seu capacete.

Pelo Twitter, ela relatou a violência sofrida, com fotos do ferimento, e observou que foi protegida por pessoas que estavam no protesto.

“Tiveram que intervir para controlar a raiva de alguns que não entendiam nosso ofício”, disse. 

O fotógrafo freelance Corentin Fohlen foi agredido fisicamente ao acompanhar os protestos que eclodiram em Nanterre, subúrbio de Paris onde morava o jovem Nahel, após uma marcha de protesto na noite de 29 de junho. 

Um homem atingiu a cabeça de Fohlen com um paralelepípedo enquanto ele tirava fotos para o diário nacional Libération, como relatou o jornal.

Após ele cair no chão, várias pessoas tentaram tirar seu capacete e alguém roubou a câmera que o profissional tentou usar para se defender.

Também em Nanterre, um repórter do jornal Figaro foi agredido e seu telefone foi roubado .

Outro repórter do Figaro que tentava fazer uma cobertura ao vivo da violência ocorrida em Porte de Saint-Ouen, no norte de Paris, foi ameaçado por um homem com o que parecia ser uma arma de fogo, segundo a organização. 

Um grupo de dez pessoas que danificavam instalações em Nanterre agrediu um jornalista da agência de notícias Bloomberg e feriu um repórter de outro meio de comunicação, que precisou ser hospitalizado, segundo a RSF. 

“Os ataques aos jornalistas que cobrem protestos são totalmente inaceitáveis. Tudo deve ser feito para que possam continuar a garantir o direito à informação com a máxima segurança”, disse Pavol Szalai, diretor da RSF. 

Diante da situação, a RSF criou um linha direta para os jornalistas, que poderão denunciar qualquer violência ou tratamento abusivo a que tenham sido submetidos, além de receberem assessoria jurídica, assistência psicológica, empréstimo de equipamentos de proteção e treinamento em segurança. 

Riscos para jornalistas na França

A França ocupa o 24º lugar no ranking de liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras, que destaca o arcabouço legal favorável à liberdade de imprensa e a independência editorial dos meios de comunicação do país. 

No entanto, a organização manifestou preocupação este ano com riscos crescentes para jornalistas que cobrem protestos, com casos de profissionais feridos em atos de violência deliberados praticados pela polícia da França e como resultado de ataques de manifestantes. 

“Jornalistas têm sido alvo de abusos físicos e online de grupos de extrema direita e extrema esquerda, organizações islâmicas e teóricos da conspiração. Repórteres ambientais são frequentemente intimidados.”

A RSF apontou ainda que apesar da adoção recente de um conjunto de regulamentos para o policiamento de protestos que leva mais em conta os direitos e liberdades dos repórteres, os jornalistas continuam sendo alvo de violência policial.

Nos protestos contra a morte de Nahel, nos últimos dias, não foram registrados atos de policiais contra a imprensa.

Mas em março, vários episódios foram documentados em protestos contra a reforma na previdência da França.