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Bielorrússia condena jornalista de oposição a seis anos em prisão de segurança máxima

Jornalista Pavel Mazheika jornalista foi condenado por extremismo na Bielorrússia

Pavel Mazheika (foto: Ppavelmazheyka)

Londres – O jornalista da Bielorrússia Pavel Mazheika, um dos mais conhecidos do país e forte opositor ao presidente Aleksander Lukashenko, foi condenado a seis anos de cadeia nesta quarta-feira (26) por ‘extremismo’. Ele cumprirá a pena em uma prisão de segurança máxima. 

Mazheika, de 45 anos, é mais uma vítima da repressão severa a jornalistas e ativistas no país, intensificada desde os protestos contra a reeleição em 2020 de Lukashenko. 

Personalidade conhecida na mídia bielorrussa, o jornalista foi detido em 30 de agosto de 2022. Até essa data, trabalhava como diretor-executivo da rede online Belsat TV sediada na Polônia, classificada pelo regime de Lukashenko como organização extremista. 

No mesmo julgamento, realizado no tribunal da cidade de Grodno, a advogada e ativista de direitos humanos Yuliya Yurhilevich, também opositora do regime, recebeu uma sentença de seis anos de prisão.

Os dois viviam na cidade e o jornalista era dirigente de uma organização cultural local. 

Segundo o Comitê para Proteção de Jornalistas (COJ), as autoridades acusaram o jornalista de postar informações no site da Belsat sobre a cassação da licença para advogar de Yurhilevich e sobre a prisão do artista dissidente bielorrusso Ales Pushkin. O jornalista teria recebido tais informações da advogada, por supostas mensagens telefônicas trocadas em fevereiro e março de 2022.

Quem é o jornalista condenado na Bielorrússia 

Pavel Mazheika tem passagens pelos principais meios de comunicação independentes em seu país e na Polônia, onde apresentou programas e dirigiu equipes. 

Em junho de 2002, Mazheika já tinha sido condenado por suposta calúnia ao presidente Lukashenko. Na ocasião foi sentenciado a dois anos de trabalho corretivo por suas reportagens para o jornal independente Pahonya. Sua sentença foi posteriormente reduzida para 12 meses.

Quatro anos depois, atuou como secretário de imprensa do candidato presidencial Alyaksandr Milinkevich, que desafiou Lukashenko em 2006.

Segundo a Associação Bielorrusa de Jornalistas, que opera no exílio, a acusação sustentou que Yuliya Yurgilevich e Pavel Mazheyka “[…] prestaram assistência a atividades extremistas, que visavam planejar, organizar, preparar e realizar ataques às fundações do sistema constitucional e da segurança pública da Bielorrússia, desacreditando os órgãos do poder estatal […] ao divulgar informações sabidamente falsas para esses fins.”

“A condenação de Pavel Mazheika expõe mais uma vez como as autoridades bielorrussas usam acusações de extremismo para prender jornalistas independentes”, disse Gulnoza Said, coordenador do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) para a Europa e Ásia Central.

“As autoridades devem retirar todas as acusações contra Mazheika, libertá-lo imediatamente junto com todos os outros jornalistas presos e parar de retaliar os membros da imprensa por suas reportagens.”

Mazheika negou as acusações e disse que vai entrar com recurso na Suprema Corte, segundo a Associação de Jornalistas. 

Jornalismo em crise na Bielorrússia 

A Bielorrússia perdeu quatro posições no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras e está agora em 157º num ranking de 180 países. É o quinto maior carcereiro de jornalistas do mundo e se destaca por ter um alto número de mulheres jornalistas atrás das grades.

A Associação de Jornalistas da Bielorrússia (BAJ) foi dissolvida e agora funciona no exílio. 

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, as autoridades da Bielorrússia usam censura, violência, prisões em massa e condenações a longas penas para silenciar jornalistas independentes, além de batidas coordenadas em residências, redações e escritórios de empresas de mídia. 

Outro recurso é o uso de leis “para dar um verniz legal aos ataques à liberdade de imprensa” e enquadrar jornalistas e meios de comunicação como “terroristas” ou “extremistas”, como aconteceu no caso de Pavel Mazheika. 

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