Londres -O caso de um fotojornalista iraniano preso quando se preparava para deixar Cabul virou motivo de tensão entre o Irã e as autoridades do Talibã que governam o Afeganistão há dois anos. 

Mohammad Hossein Velayati, que trabalha para a Agência de Notícias Tasnim, foi detido no último domingo (25) no aeroporto, sem explicações. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas e a Tasnim, não há informações oficiais sobre onde ele estaria detido e a que acusações responde. 

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kan’ani, disse à mídia local que depois de tomar conhecimento do assunto, o órgão iniciou imediatamente o acompanhamento com as autoridades afegãs relevantes e “está buscando seriamente a libertação do fotojornalista”.

Fotojornalista preso no Afeganistão é especializado em cobertura de guerras

O Talibã completou dois anos no poder em 15 de agosto. Nesse período, a repressão à imprensa e a crise econômica levaram ao fechamento de veículos, e ao abandono da profissão ou exílio de jornalistas locais. Estrangeiros e os que colaboraram para meios de comunicação que funcionam fora do país também estão na mira das autoridades do Talibã.

Mohammad Hossein Velayati estava há dez dias no Afeganistão e iria embarcar em um voo de volta para o Irã quando foi capturado pela polícia. 

Ele é um experiente fotógrafo de guerra, que já cobriu conflitos em seu próprio país e também no próprio Afeganistão e no Iraque. 

Velayati entrou legalmente no Afeganistão, mas não há confirmação de que ele teria solicitado credencial de imprensa para trabalhar em território afegão, uma exigência das autoridades talibãs. 

“A detenção do fotojornalista iraniano Mohammad Hossein Velayati é o mais recente golpe à liberdade de imprensa no Afeganistão, já que o Talibã intensificou seus esforços para reprimir a mídia nas últimas semanas”, disse Beh Lih Yi, coordenador do CPJ para a Ásia.

“As autoridades talibãs devem libertar Velayati imediata e incondicionalmente, explicar por que o detiveram e acabar com estas detenções arbitrárias de uma vez por todas”, acrescentou.

O Centro de Jornalistas do Afeganistão informou que pelo menos 11 profissionais de imprensa foram presos em diferentes regiões do país nas últimas duas semanas, dos quais nove ainda estão na prisão.

Pelo menos outros quatro jornalistas que foram detidos nos últimos meses também seguem detidos. A entidade contabiliza 13  jornalistas e profissionais de mídia atualmente presos no país. 

Ao mesmo tempo, o Irã figura como um dos maiores carcereiros de jornalistas do mundo, com detenções e condenações recentes por acusações associadas à cobertura da morte da jovem curda Masha Amini, em 2022. 

Os dois países estão entre os piores em liberdade de imprensa no mundo, de acordo com o ranking da organização Repórteres Sem Fronteiras