A União Europeia emitiu duras críticas a Elon Musk após um relatório qualificar o Twitter (agora chamado de X) como a plataforma com maior proporção de desinformação entre as principais redes sociais.

O anúncio veio em resposta à gestão do bilionário, que tem evitado se pronunciar sobre o tema diante de reguladores desde que o bloco passou a Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês), que responsabiliza empresas de tecnologia a combater fake news

O discurso avalia os primeiros resultados do que será a base do Código de Conduta contra Desinformação, criado a partir de um conjunto de práticas para empresas que se comprometem a enfrentar notícias falsas, e que passará a ser obrigatório para todo o setor.

Twitter ‘vai ter que acatar’, diz representante da UE

Nos últimos seis meses, 44 signatários do código — entre empresas de publicidade e plataformas como Facebook, Google, TikTok e Linkedin — enviaram relatórios de mais de 200 páginas cada sobre os pormenores do ecossistema de desinformação em seus espaços.

Em maio deste ano, o Twitter deixou a lista de signatários do pacto contra desinformação da União Europeia, que em 25 de agosto, passaria a ser lei. Na ocasião, a decisão foi visto como um possível sinal de Musk para abandonar a região. 

Ainda assim, a responsável pela implementação do novo código, Vera Jourová, vice-presidente da Comissão Europeia pelos Valores e Transparência, comentou a situação do a rede social em pronunciamento oficial sobre os signatários da iniciativa:

“X, anteriormente Twitter, que não está mais sob o Código, é a plataforma com maior proporção de conteúdos de desinformação”, declarou a porta-voz.

Em coletiva de imprensa, Jourová acrescentou ainda que Elon Musk tinha ciência de que não estava “desobrigado” ao abandonar o código de práticas:

“Existem obrigações sobre os instrumentos legislativos. Então minha mensagem para o Twitter/X é, vocês vão ter que cumprir. Nós estaremos observando o que vocês estão fazendo.”

União Europeia se antecipa para ‘guerra de influência’ russa

Além dos comentários sobre a ausência do Twitter no pacto, a comissária da União Europeia comentou sobre um primeiro conjunto geral de “indicadores estruturais” para medir insights granulares sobre o ecossistema de notícias falsas.

Desenvolvidos pelos signatários do Código, os indicadores foram testados na monitoração de desinformação sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, apontando fontes, dados de engajamento e quão fácil eles são de se encontrar. 

Dentre os testes, o Google declarou ter removido monetização de 300 sites ligados à propaganda estatal russa, e encerrado 400 canais no YouTube ligados ao Internet Research Agency (IRA), grupo de ações coordenadas de influência.

Já a Meta anunciou 26 novas parcerias de checagens de notícias em 22 línguas na Europa, incluindo tcheco e eslovaco.

Da mesma forma, o TikTok anunciou uma parceria com a Reuters, além de ter checado 832 vídeos sobre a guerra e derrubando 221 deles.

No entanto, Jourová cobrou mais ações das empresas signatárias, já que esta mesma guerra de influência liderada pela Rússia poderia se estender para as corridas eleitorais de 2024:

“Propaganda russa e desinformação ainda se faz muito presente nas plataformas online. Isso não é comum. O Kremlin luta com bombas na Ucrânia, mas com palavras em todos os outros lugares, incluindo na UE.”

Como próximos passos, a representante da UE declarou que as plataformas devem investir em moderação e checagem consistentes, e aumentarem os esforços na liberação de dados que tragam maior transparência sobre o que ocorre nas redes.