Londres – O telescópio James Webb voltou a encantar astrônomos e admiradores do céu com novas fotos revelando segredos do Universo: dezenas de corpos celestes do tamanho do planeta Júpiter ‘flutuando’ dentro da Nebulosa de Órion. 

Eles foram chamados de Jumbos (Jupiter-mass binary objects, ou objetos binários com a massa de Júpiter), descritos como pequenos demais para serem estrelas e diferentes da classificação de planeta por não orbitarem em torno de uma estrela-mãe. 

Com a nova revelação, o mais poderoso telescópio já lançado aos céus cumpre mais uma vez uma de suas missões: popularizar a ciência por meio de imagens atraentes e de explicações dos cientistas para fazer o público compreender a magnitude das fotos enviadas por ele, ainda que desta vez nem eles tenham as explicações completas. 

James Webb: 100 vezes mais potente do que o telescópio Hubble 

Lançado aos céus no Natal de 2021, o James Webb revolucionou a pesquisa astronômica, enviando fotos de locais mais distantes e com mais precisão do que seu antecessor, o saudoso Hubble, por observar o universo em luz infravermelha. 

O maior e mais poderoso telescópio já lançado ao espaço é resultado de uma parceria entre as agências espaciais americana (NASA), canadense (CSA) e europeia (ESA).

Desta vez, ele revelou detalhes do jovem aglomerado de estrelas Trapézio, dentro de Órion, nebulosa a cerca de 1,3 milhões de anos-luz da Terra, que surpreenderam os cientistas da ESA por mostrarem corpos celestes que não se enquadram nas categorias clássicas de planeta ou estrela. 

Nebulosa Orion em foto revelada pelo telescópio James Webb
Jovem região de formação de estrelas repleta de nebulosidade azul, cinza, verde e vermelha, mais brilhante no centro e mais fraca nas bordas, especialmente no canto superior esquerdo e no lado direito. Milhares de estrelas são vistas espalhadas pelo campo, concentradas no centro, e as estrelas mais brilhantes mostram os oito picos devido à difração característica das imagens do Webb (Foto: NASA, ESA, CSA / Líderes científicos e processamento de imagens: M. McCaughrean, S. Pearson, CC BY-SA 3.0 IGO)

Segundo o consórcio, essa nebulosa é “um tesouro” para os astrônomos que estudam a formação e evolução inicial das estrelas, com uma rica diversidade de fenômenos e objetos, incluindo fluxos e discos de formação de planetas em torno de estrelas jovens; protoestrelas incorporadas; anãs marrons; objetos de massa planetária flutuantes e regiões de fotodissociação – as regiões de interface onde a radiação das estrelas massivas aquece, molda e influencia a química do gás.

Nesta imagem dupla, com resolução espacial e sensibilidade espectral ‘sem precedentes”, segundo os cientistas, são apresentados registros do canais de comprimento de onda curto e longo produzidas pelo Webb. 

A da esquerda mostra estrelas jovens rodeadas por densos discos de gás e poeira, que podem estar formando planetas. 

Na da direita, com resolução espacial mais baixa, a cavidade está preenchida com gás ionizado, roxo, enquanto os arredores têm uma mistura de poeira e gás molecular em tons de vermelho, castanho e verde.

Composição de imagens nas fotos do James Webb

Mas para quem está acostumado a fotografar em um clique, é bom saber que imagens como essas não são tão simples.

Os cientistas usaram um total de 2,4 mil imagens individuais para criar a visualização composta completa de cores de comprimento de onda curto, enquanto 712 imagens foram combinadas para obter a imagem de comprimento de onda longo.

Neste outro recorte da nova imagem infravermelha de comprimento de onda curto do telescópio espacial James Webb, é possível ver “dedos” brilhantes de gás correndo para longe de uma explosão que ocorreu há cerca de 500 a 1 mil anos no coração de uma densa massa molecular. 

Explosão na nebulosa de Órion, em nova foto do telescópio James Webb
Foto: NASA, ESA, CSA / Líderes científicos e processamento de imagens: M. McCaughrean, S. Pearson, CC BY-SA 3.0 IGO)

Segundo os cientistas do consórcio, a cor vermelha dos dedos indica a emissão do gás hidrogênio molecular em coque pela imensa energia que emana do local da explosão. 

Perto das pontas de alguns dedos, a emissão fica verde devido ao gás de ferro quente e até branca em alguns casos, onde o gás está mais quente. 

O que as novas fotos revelam?

Depois de encantarem pela beleza, as novas fotos do James Webb darão trabalho aos cientistas encarregados de desvendar o significado. 

A equipa da Agência Espacial Europeia (ESA) deu duas possíveis explicações de origem para os objetos registrados. 

A primeira é que eles podem ter crescido em regiões da nebulosa onde a densidade do material era insuficiente para formar estrelas completas.

A segunda possibilidade é que sejam planetas que se formaram em torno de estrelas, mas que podem ter acabado “expulsos” devido a interações gravitacionais.