Londres – Um ano após a compra do Twitter (agora X) por Elon Musk, o tráfego para seu próprio perfil “é praticamente a única métrica de sucesso que se pode encontrar na rede social”, segundo um novo levantamento feito pela empresa de monitoramento Similarweb. 

Enquanto o tráfego e para o perfil e postagens de Musk aumentou 96% em um ano (até setembro), o da plataforma caiu 19% nos EUA (origem de um quarto de seu tráfego), com tendência similar em outros grandes mercados como Alemanha (- 17,9%), Austrália (- 17,5%), França (- 13,4%) e Reino Unido (-11,6%). 

Embora a Similarweb tenha registrado uma queda global entre as 100 maiores plataformas de rede social e comunidades na internet em um ano, ela foi de 3,7%, bem inferior à do Twitter.

Em um ano sob Musk, Twitter cai e TikTok sobe 

Já o tráfego do TikTok cresceu 22,8% em um ano. O único que também recuou no período foi o Facebook. 

Gráfico mostra queda de tráfego do Twitter um ano após a compra por Elon Musk

Os dados da Similarweb cobrem 12 meses, de setembro de 2022 a setembro de 2023. Nesse período, a queda de tráfego global da web para o domínio twitter.com foi de 14% em comparação a setembro de 2023, enquanto a redução para o portal ads.twitter.com foi de -16,5%.

Em dispositivos móveis, o Twitter perdeu  -17,8% do tráfego comparando-se com setembro do ano passado, incluindo usuários ativos mensais para iOS e Android nos EUA. 

Em todo o mundo, o uso no Android caiu -14,8%. A queda é consistente ao longo do tempo. 

Gráfico mostra queda de tráfego do Twitter

A Smilarweb chamou a atenção também para os efeitos da “rivalidade contínua de Musk com a mídia”, capaz de causar “uma deterioração ainda maior no uso do X como fonte de notícias” e reduzir a importância da rede social como fonte de tráfego para veículos de notícias. 

Segundo o relatório, há três anos, o site nytimes.com do jornal New York Times obtinha de 3% a 4% ou mais de seu tráfego total de referências do Twitter.com, mas esse número caiu para menos de 1% nos últimos meses. 

Recentemente, Musk defendeu a remoção das manchetes da visualização de artigos de notícias que os usuários postam no serviço como uma forma de evitar que os usuários cliquem.

“Se Elon Musk quisesse gerar tráfego para seu perfil nas redes sociais, certamente deveria haver uma maneira mais barata e fácil”, disse David Carr, gerente sênior de insights da Similarweb e autor do relatório.

Musk e Twitter: ‘uma das maiores compras de impulso da história’

 O empresário pagou US$ 44 bilhões pela rede social. Carr diz que a  decisão de Musk de adquirir o Twitter, como era então conhecido, “parece ter sido uma das maiores compras por impulso da história”. 

Ele anunciou sua intenção de comprar o serviço em abril de 2022, mas “a aquisição hostil se transformou em um casamento forçado”, diz o relatório.

Depois que o conselho do Twitter decidiu aceitar sua oferta, Musk começou a questionar se iria seguir adiante. 

O conselho entrou com uma ação para obrigá-lo a fechar o negócio, enquanto Musk alegou que o Twitter não valia o que havia oferecido porque estava invadido por bots.

No entanto, a Similarweb afirma que sua pesquisa não  não encontrou nenhuma evidência de que a presença de contas automatizadas fosse muito maior do que os então líderes do Twitter haviam reconhecido publicamente.

Musk e a pia na sede do Twitter

A compra do Twitter foi oficializada em 28 de outubro de 2022, quando Elon Musk conclui o acordo para adquirir a rede social pelo preço de oferta original de US$ 54,20 por ação, a um custo total de cerca de US$ 44 bilhões.

Dois dias antes, quando tudo já estava encaminhado, ele entrou na sede da companhia carregando uma pia (em inglês americano sink, palavra que também tem o sentido de ‘afundar’).

Mas a expressão ‘let something sink’ significa “se acostumar com uma ideia depois de um fato surpreendente”, o que parecia ser um recado para a equipe que ensaiava reagir ao novo comando. 

O relatório da Similarweb mostra que a metáfora acabou se transformando em realidade – só que no sentido do afundamento. Menos para a popularidade do próprio Musk, como aponta a empresa de monitoramento. 

“Embora não seja exatamente o frenesi alcançado em outubro/novembro do ano passado, quando as visitas às suas páginas ultrapassaram 90 milhões de visitas apenas com base na web para desktop, o tráfego continua a aumentar lentamente. 

Mesmo seus críticos mais severos ainda na plataforma precisam ficar atentos para acompanhar o que ele mudará a seguir, ao remodelar a rede à sua própria imagem.”

Nesta terça-feira, o Twitter/X anunciou um teste nas Filipinas e na Nova Zelândia, cobrando US$ 1 para novos usuários como medida para conter spam, manipulação e atividade de bots.