Londres – Está difícil chegar a um acordo sobre os riscos potenciais do tempo de tela para crianças e jovens, mas o Oxford Internet Institute acaba de dar uma ajudinha à garotada que não quer desconectar: um estudo feito por pesquisadores da organização publicado no periódico científico Cortex não encontrou evidências de efeitos sobre as funções cerebrais ou o bem-estar.
É mais uma pesquisa a tentar entender o impacto dos celulares, computadores e tablets sobre as crianças – nesse caso, sem levar em conta o tipo de conteúdo a que elas estão expostas quando usam as redes sociais.
Há trabalhos científicos mostrando que os efeitos existem, e outros absolvendo as telas e indicando até benefícios da conexão. Este do Oxford Internet Institute (OII) entra para a lista dos que as crianças devem gostar mais.
Impacto do tempo de tela sobre crianças analisado durante dois anos
O OII é um departamento de pesquisa e ensino da Universidade de Oxford, dedicado às ciências sociais da Internet.
Para esse estudo, os pesquisadores do instituto, junto com colegas das Universidade de Oregon, Tilburg e Cambridge, analisaram as funções cognitivas de crianças de 9 a 12 anos durante dois anos e levaram em conta o tempo de tela relatado por elas.
As respostas podiam variar de zero a até mais de quatro horas por dia.
As atividades de tempo de tela incluíam as “tradicionais” e de mão-única, como assistir a programas de TV ou filmes e usar plataformas digitais como o YouTube para assistir a vídeos, bem como atividades interativas, como videogames.
Além disso, os participantes foram questionados sobre como se conectavam com outras pessoas por meio de aplicativos, ligações em áudio, videochamadas e mídias sociais.
Mesmo entre as crianças que apresentavam altas taxas de envolvimento digital, não houve evidência de comprometimento do funcionamento do desenvolvimento cerebral, segundo os autores.
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Ressonâncias magnéticas avaliaram conectividade funcional do cérebro das crianças
O neurodesenvolvimento dos participantes foi avaliado por meio do monitoramento da conectividade funcional do cérebro, que se refere à forma como as regiões do cérebro trabalham juntas e avalia atividades emocionais e fisiológicas.
Isso foi feito por meio de exames de ressonância magnética. Além disso, foram fornecidas avaliações de saúde física e mental e informações do pai, mãe ou responsável pela criança.
Jack Miller, autor principal do estudo, disse:
“Se o tempo de tela tivesse um impacto no desenvolvimento e no bem-estar do cérebro, seria de se esperar uma mudança nos resultados cognitivos e de bem-estar, que esta pesquisa abrangente e representativa não mostrou.”
O professor Andrew Przybylski, que supervisionou o trabalho, acrescentou:
“Sabemos que os cérebros das crianças são mais suscetíveis à influência ambiental do que os adultos. Como o tempo de tela é um fenômeno relativamente novo, é importante questionar o seu impacto”.
Ele afirma que as descobertas devem ajudar a orientar os debates acalorados sobre tecnologia “para longe da hipérbole e em direção à ciência de alta qualidade”.
“Se os investigadores não melhorarem a sua abordagem do estudo da tecnologia, nunca saberemos o que leva alguns jovens a fracassar e outros a prosperar na era digital”, observou.
O estudo completo (em inglês) pode ser visto aqui.
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