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Pesquisa internacional mostra preferência por trabalhar em empresas preocupadas com clima e desigualdade

Homens trabalhando em um jardim

Foto: Unsplash

Londres – Adotar e comunicar boas práticas ambientais traz benefícios para todas as áreas do negócio, até para o recrutamento – e  quem não fizer a coisa certa pode perder talentos.

É o que mostra um pesquisa confirmando que a performance ambiental e social das empresas é capaz de influenciar sua capacidade de atrair ou reter bons profissionais. 

O estudo foi feito no final de 2023 com 4 mil funcionários de empresas privadas de médio e grande porte dos EUA e Reino Unido, constatando um aumento no número de pessoas que colocam seu propósito de vida em primeiro lugar, principalmente as das gerações Y (26 a 41 anos) e Z (18 a 25 anos).

A importância das boas práticas ambientais para os negócios

Para o consultor holandês Paul Polman, ex-CEO da Unilever de 2009 a 2019 , que se tornou uma autoridade mundial na pressão por negócios mais responsáveis e encomendou a pesquisa, a nova era representa a passagem da “desistência silenciosa”, na qual os funcionários insatisfeitos fazem o mínimo que se espera deles, para a “desistência consciente”, na qual são capazes de abrir mão do emprego para buscar empresas com propósitos alinhados aos seus.

Paul Polman é consultor, Paul Polman, ex-CEO da Unilever de 2009 a 2019 que se tornou uma autoridade mundial na pressão por boas práticas nos negócios
Paul Polman

Veja os principais resultados 

  • Dois em cada três entrevistados estão preocupados com o futuro do planeta e da sociedade (69% no Reino Unido, 66% nos EUA).
  • Três em cada quatro afirmam que a empresa deve assumir a responsabilidade pelo seu impacto (77% no Reino Unido, 78% nos EUA).
  • Mais de dois terços querem trabalhar para empresas que impactam positivamente o mundo (66% no Reino Unido, 76% nos EUA).
  • Dois em cada três afirmam que suas empresas não enfrentam como deveriam os desafios ambientais e sociais (68% no Reino Unido, 62% nos EUA).
  • Quase metade dos funcionários afirma que consideraria pedir demissão se os valores da empresa não estivessem alinhados com os seus próprios valores (45% no Reino Unido, 51% nos EUA).
  • Um terço afirma já ter renunciado a um cargo por esse motivo (35% no Reino Unido e nos EUA). Os números chegam quase à metade (48% no Reino Unido, 44% nos EUA) considerando só as gerações Y e Z.
  • Quase metade dos entrevistados das gerações Y e Z consideraria aceitar uma redução salarial para trabalhar para uma empresa que partilha os seus valores (48% no Reino Unido, 44% nos EUA).

Problema ou oportunidade para as empresas?

O consultor acha que a nova era pode ser uma grande oportunidade, e cita três possibilidades que podem ser aproveitadas pelas empresas:

Mostrar maior ambição no impacto que podem causar às pessoas e ao planeta:

Quase dois em cada três entrevistados afirmam que a sua empresa deveria assumir posição mais forte em relação ao meio ambiente (63% no Reino Unido, 61% nos EUA) e na desigualdade econômica (61% no Reino Unido, 65% nos EUA).

Comunicar melhor suas ações aos funcionários

Cerca de dois terços afirmam que a sua empresa se comunicou com eles sobre o bem-estar dos funcionários (60% no Reino Unido, 66% nos EUA), mas o número cai drasticamente quando se trata de meio ambiente (35% no Reino Unido, 34% nos EUA), desigualdade econômica (29% no Reino Unido, 28% nos EUA) e desigualdade social (36% no Reino Unido, 41% nos EUA).

Capacitar os funcionários a maximizar o impacto da empresa

Mais da metade gostaria de ajudar sua empresa a mudar para melhor (53% no Reino Unido, 60% nos EUA). Esses números aumentam considerando só as gerações Y e Z (64% no Reino Unido, 66% nos EUA).

É possível lucrar dando mais do que se recebe?

Polman está convicto que sim. Co-autor do livro “Net Positive: como empresas corajosas prosperam dando mais do que recebendo”, ele tem encorajado, por meio de sua consultoria Imagine, líderes empresariais a atuar tanto na erradicação da pobreza e da desigualdade como na contenção dos efeitos das mudanças climáticas.

“Acima de tudo, é uma questão de liderança”, diz ele.

“As empresas que colocarem o propósito no seu núcleo, desbloquearão motivação, inovação e lealdade em todo o negócio.

E de forma mais profunda entre os funcionários mais jovens, os decisivos para o seu futuro”.

Confira a íntegra da pesquisa aqui


Este artigo faz parte de um relatório especial analisando as repercussões da COP28, jornalismo ambiental, ativismo e percepções da sociedade sobre as mudanças climáticas 

Leia aqui a edição completa

 

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