Londres – O filme sobre o envenenamento do principal líder de oposição a Vladimir Putin, Alexei Navalny, cuja morte foi anunciada pelo Kremlin nesta sexta-feira (16), levou a estatueta de melhor documentário longa-metragem no Oscar 2023 – mas acabou atraindo críticas dos dois lados da guerra na Ucrânia. 

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse na época não ter assistido, e por isso não poderia comentar, mas completou afirmando: “ouso supor que há um certo elemento de politização do tema. Hollywood não foge às vezes da politização de seu trabalho, acontece”. 

Já Mikhail Podolyak, assessor do chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, reclamou do prêmio ao que chamou de “documentário-manifesto Navalny, no qual a política doméstica russa transborda”. 

‘ Navalny ‘, o documentário que contou a história do ativista morto  

O prêmio foi recebido por Yulia Navalnaya, mulher do ativista, com um desejo que não se confirmou: o dia em que ele seria livre, e o país também. A notícia da morte de Navalny, na prisão no Ártico,  chegou às vésperas das eleições na Rússia, que devem dar a vitória a Vladimir Putin. 

Mulher de Navalny recebe Oscar

Christo Grozev, jornalista investigativo do site Bellingcat, foi o responsável pela investigação documentada no filme. O documentário conta que quando o líder da oposição russa acordou da tentativa de envenenamento que quase tirou sua vida, foi informado de que havia sido alvo do agente Novichok.

Sua resposta, de acordo com o documentário, foi:  “Que ***! Isso é tão estúpido!”. Ele achava que seria mais fácil mandar atirar em um inimigo, pois isso não deixaria rastros fáceis de serem associados ao regime Putin. 

Advogado de formação, o principal líder de oposição a Vladimir Putin foi reconhecido no mundo por sua luta contra a corrupção, e recebeu vários prêmios. Ele tinha 6 milhões de seguidores no Twitter quando foi preso. 

Em agosto de 2020, Navalny foi envenenado com o agente químico Novichok e hospitalizado em estado grave na cidade russa de  Omsk. Depois foi levado para a Alemanha, onde se recuperou.

Cena do documentário Navalny

Em janeiro de 2021 o político voltou para a Rússia e foi preso, assim como ativistas e jornalistas que o aguardavam no aeroporto. A prisão gerou protestos no país. 

O Kremlin sempre negou estar por trás do envenenamento do homem que esperava um dia derrubar Vladimir Putin.

Mas como Navalny apontou no documentário, usar um veneno perigoso e quase impossível de adquirir “limita bastante o campo de possíveis suspeitos”.

O filme aprofundou o ataque a Navalny, investigando os agentes secretos russos que os cineastas e Grozev da Bellingcat diserram estar por trás do ataque.