Londres – Entra década, sai década, mudam as tecnologias de comunicação mas o desconforto entre assessores de imprensa e jornalistas que trabalham em redações parece não ter mudado muito.
É o que mostra uma nova pesquisa da plataforma internacional de distribuição de releases Cision PR, que pode ser vista na íntegra (em inglês) aqui.
A empresa entrevistou 3,1 mil jornalistas em 17 países com o objetivo de coletar insights capazes de ajudar os assessores a direcionarem seus esforços, construírem credibilidade junto às redações e assim aprimorarem os resultados de seu trabalho. As constatações não são novidade para os veteranos na atividade.
O que os jornalistas não querem dos assessores de imprensa?
O estudo começa com a pergunta o que os jornalistas não querem. Os entrevistados foram indagados sobre o que os faria bloquear contatos de um profissional de comunicação.
A resposta para 76% deles foi: “ser inundado com sugestões de pauta irrelevantes”.
Se isso já era importante há 20 ou 30 anos atrás, quando as redações não eram tão enxutas e o excesso de informação despejado pelas redes sociais estava longe de se tornar uma realidade (ou um peso insustentável), é fácil entender por que dois terços dos profissionais de imprensa se sentem incomodados com sugestões irrelevantes. Não há tempo a perder.
Em terceiro lugar na lista do que seria motivo para um bloqueio aparece algo relacionado a isso: sugestões de pauta que se assemelham a folhetos de marketing, apontados por 57% dos consultados como motivo para bloqueio. São dois lados da mesma moeda: discurso corporativo que não seja transformado em uma pauta consistente leva a sugestão a ser vista como irrelevante.
Em segundo lugar figura outro desconforto também associado ao tempo exíguo dos que sobraram em redações com equipes menores: fornecimento de informações imprecisas ou sem fonte indicada.
Essa prática foi apontada por 62% dos entrevistados como inadequada, em um contexto em que há pouco tempo para checagens e os jornalistas precisam confiar no que recebem, sem riscos de incorrerem em erros induzidos por um release ou sugestão de pauta.
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E o follow-up?
Quem trabalha em assessoria ou em redação deve estar se perguntando: “e o follow up?”. Ele aparece em quarto lugar, e esse pode ser um sinal dos tempos.
O que sempre foi tido como o principal incômodo perdeu importância diante das pautas irrelevantes, informações imprecisas e sugestões com cara de propaganda corporativa. Mas continua lá, lembrando aos assessores sobre o valor de equilibrar a ansiedade em ver a pauta aproveitada e o risco de ter seu nome cortado da lista de contatos.
Os itens seguintes que fazem jornalistas considerarem interromper contatos com um assessor são esquivar-se de perguntas / falta de transparência em respostas (46%), deixar de responder no mesmo dia ou no deadline (26%), cancelar entrevistas na última hora (25%), desrespeitar embargos (24%), abordagem não solicitada via mídias sociais (19%) e por fim, errar o nome do jornalista, crime fatal para 17%.
O que fazer para uma relação melhor?
Sabendo-se o que não fazer, então o que fazer? De novo, nada diferente do que jornalistas de redação já pediam há duas ou três décadas: entenda quem é o meu público e o que ele pode achar relevante.
Este foi o pedido de 74% dos entrevistados pela Cision PR. O tempo limitado para correr atrás de informações complementares veio em seguida, feito por 66% dos profissionais: forneça dados e fontes especializadas.
O incômodo do follow-up, seja por telefone, email ou redes sociais, motivou o terceiro desejo: stop spamming me!.
Em seguida aparecem entenda e respeite meu deadline (42%), e dois pedidos bem alinhados aos tempos de redes sociais: mande sugestões curtas que me permitam produzir conteúdo rapidamente (38%), e inclua recursos multimídia, citado por 27%.
O que a pesquisa revela (ou confirma?) não é novidade para muitos que trabalham de um ou de outro lado do balcão. Mas vale como um alerta para ajustar processos e construir uma relação win-win.
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