Londres – Um tribunal da Rússia determinou neste sábado que o jornalista da edição russa da Forbes Sergei Mingazov, preso na sexta-feira (26), fique em prisão domiciliar por dois meses por “repostagem sobre os acontecimentos em Bucha” no canal Telegram Khabarovsk Mingazeta. Bucha é o subúrbio de Kiev onde as tropas russas foram acusadas de massacrar civis em 2022.

Segundo a Forbes, o advogado do jornalista, Konstantin Bubon, disse que o Tribunal Distrital Central de Khabarovsk também proibiu o jornalista de usar a internet e restringiu seu acesso a meios de comunicação e contatos com outras pessoas que não sejam familiares, investigadores, advogados e médicos. 

O jornalista havia sido levado na sexta-feira para um centro de detenção temporária. Sua casa foi revistada e equipamentos dele próprio, da mulher e dos filhos foram apreendidos, de acordo com Bubon. 

Forbes da Rússia explicou as penas que podem ser aplicadas ao jornalista

A revista informou em seu site em russo que a  cláusula “d” da Parte 2 do artigo sobre a divulgação de falsificações sobre o exército russo, de que Mingazov é acusado, prevê multa de 3 milhões a 5 milhões de rublos ( R$ 168 mil a R$ 250 mil); ou trabalho forçado por até cinco anos com privação do direito ocupar determinados cargos, ou prisão por um período de cinco a 10 anos, com proibição de exercer determinados cargos por até cinco anos.

Em nota, a Federação Europeia de Jornalistas (EJF, na sigla em inglês) condenou a “contínua repressão aos jornalistas independentes por parte das autoridades russas”.

“A estratégia do Kremlin de negar e rotular como ‘notícias falsas’ qualquer acusação contra a Rússia tem como objetivo sufocar todos os jornalistas ainda no país que ousem contradizer a propaganda oficial. Reforçamos a nossa solidariedade com Sergei Mingazov e todos os jornalistas que relatam a verdade sobre a guerra da Rússia e o seu custo para o povo ucraniano”, disse o secretário-geral da EFJ, Ricardo Gutiérrez .

A Human Rights Foundation salientou que o massacre de civis em Bucha, amplamente documentado pela mídia, foi confirmado por uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas), que teve integrantes de diversos organismos internacionais, como a União Europeia. 

No entanto, a Rússia não admite que houve um massacre. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na época que os materiais de Bucha “em muitos aspectos” não são confiáveis, porque especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de falsificações em vídeos”. 

A organização de direitos humanos lembrou que no mês passado, o repórter independente Roman Ivanov foi condenado a sete anos de prisão pelos seus artigos sobre as atrocidades cometidas pela Rússia na Ucrânia.