Joel Gray, professor e autor do artigo sobre Rei Leão 30 anos
Joel Gray

Há trinta anos, o público conheceu a história épica da jornada de um pequeno leão para encontrar a si mesmo e sua família  – e a Disney não imaginou o impacto retumbante em que O Rei Leão acabaria se transformando quando foi lançado, em 1994. Na verdade, eles não acreditaram que seria um sucesso. 

Nas décadas de 80 e 90, o estúdio cinematográfico teve excelentes resultados com os filmes de animação A Pequena Sereia (1989) e A Bela e a Fera (1991). Isso deixou os profissionais da Disney decididos a continuarem criando histórias de princesas.

O executivo da Disney e de Hollywood Jeffrey Katzenberg apostava na época em Pocahontas (1995)  como seu próximo sucesso.

Rei Leão 30 anos: o sucesso não esperado

Assim, o desenvolvimento do Rei Leão foi realizado por artistas e roteiristas que deveriam produzir algo esperado para ser apenas o segundo melhor.

Foi esse sentimento de desvantagem que resultou na equipe criativa e competitiva que produziu essa história de sucesso original (não é uma releitura direta de Hamlet, como alguns podem pensar).

 No estilo de produções anteriores, a Disney fez questão que o filme colocasse a música como protagonista da narrativa, unindo o compositor Hans Zimmer (Rain Man, Gladiador) com o letrista Tim Rice (Aladdin, Jesus Christ Superstar) e o aclamado astro pop internacional Elton John.

Essa combinação de talentos resultou em uma trilha sonora que rendeu ao filme dois Oscars em 1995 ( melhor trilha sonora e melhor canção original por Can You Feel The Love Tonight? ).

Rei Leão: sucesso no cinema e adaptação para o teatro musical

A música desempenhou um papel vital para o impacto cultural e comercial de O Rei Leão. Embora alguns elementos possam mudar, em quase todas as adaptações as canções permaneceram.

A medida de sucesso frequentemente usada para filmes é a receita de bilheteria, e o total do filme em 1994 foi de US$ 763 milhões  em todo o mundo.

Comparando com os grandes sucessos anteriores da Disney: A Pequena Sereia fez  US$ 84 milhões, enquanto a A Bela e a Fera faturou US$ 249 milhões . Pocahontas, a grande esperança, também não conseguiu superar O Rei Leão, arrecadando US$ 142 milhões .

Seu sucesso gerou continuações como O Rei Leão 2: Orgulho de Simba. Em 1997, o filme foi adaptado para musicais,  que, além de fazerem turnês pelo mundo, têm presença permanente em teatros do West End de Londres e na Broadway em Nova York.

Mufasa: O Rei Leão, novo filme da Disney

Em 2019, a Disney lançou um remake em live-action. E agora, quando o original comemora 30 anos, o filme, Mufasa: O Rei Leão  chegará aos cinemas [em dezembro]. 

Desde a estreia, o musical recebeu 70 prêmios importantes de artes, incluindo o Grammy de 1999 para melhor álbum de show musical e os prêmios Laurence Olivier de 1999 para melhor coreografia e melhor figurino.

Quando o lançamento do original completou 25 anos, a Disney decidiu refazer O Rei Leão (na esteira de outros sucessos, como o remake de A Bela e a Fera em 2017) – mas o ambiente social havia mudado.

Em 2019, o remake em live-action do filme fez questão de que a história ambientada na África fosse corretamente produzida com elenco majoritariamente de atores negros.

O elenco apresentou novos nomes e atraiu grandes estrelas, incluindo Beyoncé Knowles-Carter, que dublou a personagem Nala.

Disney x Pixar

Após o sucesso inicial de O Rei Leão, os filmes subsequentes da Disney (incluindo Pocahontas) não corresponderam às expectativas comerciais.

A partir de meados dos anos 90, o domínio da Disney nas bilheterias de filmes de animação foi superado pela Pixar e seus sucessos, incluindo Toy Story.

A Disney não teve muito sucesso até 2010, quando adotou a animação CGI 3D como principal técnica de produção de seus filmes.

Esse novo estilo foi aplicado ao seu formato testado e comprovado de recontar contos de fadas clássicos e colocar a música no centro da narrativa, levando a sucessos como Tangled (Enrolados/2010) e Frozen (2013).

O sucesso duradouro do Rei Leão, que completa 30 anos, deve ser um momento de clareza notável para a Disney: com foco em animação de boa qualidade e narrativa musical sólida, até o inesperado pode se tornar um sucesso estrondoso.


Sobre o autor

Joel Gray é pesquisador e professor de Mídia, Arte e Comunicação na Sheffield Hallam University, onde ocupa também o cargo de reitor associado na Faculdade de Negócios, Tecnologia e Engenharia. Seus campos de pesquisa incluem cultura visual, cultura popular e marketing estratégico.


Este artigo foi publicado originalmente no portal acadêmico Conversation e é republicado aqui sob licença Creative Commons.