Primeira a entrevistar Joe Biden após o desastroso debate com Donald Trump na última semana de junho, a apresentadora de rádio Andrea Lawful-Sanders, da Filadélfia, demitiu-se da WURD Radio após admitir em uma entrevista à CNN que algumas das perguntas feitas ao presidente foram fornecidas pelos assessores. 

Ela apresentava o programa The Source na única estação de rádio comandada por negros na Pensilvânia. Sara Lomax, a CEO, disse que as perguntas combinadas violaram a independência e o compromisso com os ouvintes. 

O caso deu mais alimento às críticas sobre as condições de saúde do presidente, revelando o esforço de assessores para evitar que ele dê demonstrações públicas de confusão como as que aconteceram durante o debate com Trump

Entrevista com Joe Biden oferecida pela Casa Branca

Andra Lawful-Sanders não é jornalista e tinha um contrato para apresentar o programa de rádio com certa independência, sem passar pelo crivo dos editores da emissora em questões editoriais. 

A entrevista fez parte de um roteiro de aparições públicas do candidato à reeleição para a presidência dos EUA pelos estados de Wisconsin e Filadélfia e abordagem a potenciais eleitores negros. 

Ela disse que recebeu no dia 2 de julho um convite da assessoria da Casa Branca para entrevistar o presidente dois dias depois. 

Na entrevista ao apresentador Victor Blackwell, no programa First Of All da CNN que foi ao ar no sábado (6), ela foi questionada sobre se havia recebido perguntas combinadas.

A apresentadora confirmou que recebeu oito, e selecionou quatro, e bem fáceis de responder, levantando a bola para o presidente abordar temas importantes.

Uma das perguntas foi o desempenho no debate com Donald Trump. Joe Biden usou a oportunidade para assumir novamente que não tinha ido bem, mas deu uma declaração que teve grande repercussão: o pedido para que fosse julgado pelo que fez em três anos e meio e não em 90 minutos no auditório do debate. 

Earl Ingram, apresentador de rádio de Wisconsin também com audiência concentrada na população negra, também entrevistou Joe Biden e igualmente confirmou que recebeu sugestões de perguntas.

O que disse a autora da entrevista 

Ao anunciar via Instagram que tinha pedido desligamento da rádio e que o pedido foi aceito, ela sugeriu que essa prática é comum na imprensa, e que os apresentadores têm a opção de usar ou não perguntas sugeridas por assessores. 

Mas no contexto da campanha política em assessores tentam desesperadamente desfazer o impacto negativo do debate e minimizar as pressões para que Joe Biden desista de concorrer, acabou sendo mais um elemento desfavorável para o presidente. 

“A Rádio WURD não é porta-voz de Biden ou de qualquer outro governo”, disse em nota a diretora  Sara Lomax, que acrescentou que a estação revisaria suas políticas, procedimentos e práticas para restabelecer a “independência e confiança com os ouvintes”.