Londres – “Tentamos a paz por dois anos, agora รฉ guerra”, escreveu Elon Musk em sua conta no Twitter / X para anunciar a abertura de um processo no Texas contra grandes anunciantes que incluem Unilever, Mars, CVS Health e a empresa de energia dinamarquesa Orsted.

No entendimento de Musk, essas empresas conspiraram de forma ilegal para boicotar a rede social e fizeram com que ela perdesse “bilhรตes de dรณlares” em receita, violando as leis antitruste dos EUA. 

A suposta conspiraรงรฃo teria sido liderada pela Federaรงรฃo Mundial de Anunciantes por meio da iniciativa Alianรงa Global para Mรญdia Responsรกvel (GARM, na sigla em inglรชs), um mecanismo criado em 2019 para evitar que anรบncios fossem veiculados ao lado de conteรบdo nocivo e de desinformaรงรฃo. 

Anunciantes assustados com mudanรงas de Musk no Twitter / X 

Desde que o Twitter foi adquirido por Elon Musk, em 2022, as polรญticas de moderaรงรฃo foram relaxadas na plataforma, que fez cortes severos na equipe e desmobilizou as รกreas que identificavam e combatiam conteรบdo nocivo. 

Ao mesmo tempo, sob o argumento de defesa da liberdade de expressรฃo, ele desbloqueou as contas de figuras notรณrias por defender ideias extremistas como Alex Jones, Tommy Robinson e Andrew Tate. 

Desde entรฃo o Twitter /X vem sendo apontado por diversas organizaรงรตes, incluindo a Uniรฃo Europeia, como a pior plataforma digital em discurso de รณdio e desinformaรงรฃo. 

A ideia de processos judiciais por afastamento de anunciantes nรฃo รฉ nova, mas ainda nรฃo deu certo para Musk.

Em outubro de 2023 ele acionou a organizaรงรฃo Center for Countering Digital Hate (CCDH), com escritรณrios no Reino Unido e nos EUA, em reaรงรฃo a relatรณrios apontando aumento do discurso de รณdio desde a aquisiรงรฃo.

Mas seis meses depois o processo foi arquivado. O juiz de uma corte da Califรณrnia entendeu que era uma “tentativa de punir os rรฉus por seu discurso”. 

Ainda assim ele agora tenta de novo, desta vez mirando nos anunciantes diretamente. 

Anunciantes estariam prejudicando usuรกrios 

A presidente-executiva do Twitter / X, Linda Yaccarino, disse:

“As pessoas sรฃo prejudicadas quando o mercado de ideias รฉ restringido. Nenhum pequeno grupo de pessoas deve monopolizar o que รฉ monetizado.

A consequรชncia โ€“ talvez a intenรงรฃo โ€“ desse boicote foi tentar privar os usuรกrios do X, sejam eles fรฃs de esportes, gamers, jornalistas, ativistas, pais ou lรญderes polรญticos e corporativos, de acesso ร  ‘praรงa pรบblica global’.”

A empresa afirmou que aplicou padrรตes de seguranรงa de marca comparรกveis โ€‹โ€‹aos de seus concorrentes e que “atendem ou ultrapassam” as medidas especificadas pela GARM. 

A plataforma quer uma indenizaรงรฃo nรฃo especificada, bem como uma ordem judicial contra “quaisquer esforรงos contรญnuos de conspiraรงรฃo para reter gastos com publicidade”. 

Mas especialistas apontam a dificuldade legal de obrigar um anunciante a fazer investimentos em um determinado veรญculo ou rede social.

A Unilever disse em uma audiรชncia no Congresso dos EUA no mรชs passado que sรณ anunciava em plataformas que nรฃo prejudicavam sua marca, e que somente ela controlava seus gastos com publicidade.