Londres – Ao apresentar um plano para recuperar o sistema público de saúde do país (NHS), o novo governo Trabalhista britânico confirmou nesta quinta-feira (12) restrições severas à propaganda de alimentos não saudáveis, considerados “junk food”.
A partir de outubro de 2025 serão totalmente banidos os anúncios pagos online para esses produtos, como parte de um plano para combater a obesidade infantil. Na TV a propaganda só poderá ser exibida a partir de 21h.
Uma consulta pública de quatro semanas será realizada para esclarecer como as novas regulamentações se aplicam às transmissões de TV via internet.
Os produtos classificados como pouco saudáveis foram definidos no passado como aqueles “ricos em gordura, sal ou açúcar”, mas o governo reconheceu a necessidade de maior clareza sobre o escopo das restrições dará instruções mais claras sobre quais alimentos e bebidas se enquadram nas novas normas.
Ao anunciar a medida, o ministro da Saúde, Andrew Gwynne, explicou que o prazo de um ano para a entrada em vigor da proibição de anúncios foi definido para dar “clareza” às empresas e permitir que se adaptem à nova regulamentação.
‘Propaganda de junk food influencia preferências alimentares de crianças’
Em um comunicado oficial confirmando os planos, ele disse:
“Essas restrições ajudarão a proteger as crianças de serem expostas à publicidade de alimentos e bebidas menos saudáveis, o que, segundo evidências, influencia suas preferências alimentares desde cedo”.
A decisão ocorre em meio a preocupações crescentes com os altos índices de obesidade infantil no mundo e no país.
De acordo com o governo do primeiro-ministro Keir Starmer, mais de um quinto das crianças na Inglaterra estão acima do peso ou obesas ao começarem a escola primária, número que sobe para mais de um terço ao final dessa etapa.
O plano de banir anúncios de junk food também está alinhado ao objetivo do novo governo de “criar a geração mais saudável de todos os tempos”, com foco na prevenção como parte de uma estratégia mais ampla para melhorar o sistema de saúde (NHS).
“Queremos enfrentar o problema de frente e isso inclui implementar restrições à publicidade de junk food na TV e online sem demoras”, disse o ministro.
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Propaganda em mídia exterior, rádios e patrocínios seguem permitidos
O ex-premiê Boris Johnson, que deixou o cargo em 2021, havia se comprometido a proibir anúncios de junk food antes das 21h, mas o plano foi adiado duas vezes.
O Partido Conservador, que perdeu as eleições de julho passado, defendia a necessidade de avaliar o impacto da medida sobre os consumidores e empresas, especialmente em meio à crise do custo de vida.
Apesar de ter levado o plano adiante, o governo Trabalhista não planeja estender a proibição de propaganda de junk food para mídia exterior (outdoors, painéis em locais públicos ), rádios ou patrocínios esportivos, como sugerido por entidades como a Fundação Britânica do Coração, que também propõe a introdução de impostos sobre sal e açúcar.
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