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RSF apresenta quarta queixa ao Tribunal de Haia por crimes de guerra de Israel contra jornalistas

Manifestação da RSF em Paris por jornalistas mortos em Gaza

Manifestação da Repórteres Sem Fronteiras em Paris por jornalistas mortos em Gaza /foto: RSF via X)

Londres –  A organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apresentou sua quarta reclamação ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, pedindo investigação de supostos crimes de guerra cometidos pelo exército israelense contra jornalistas mortos e feridos em Gaza.

A nova queixa, apresentada à Corte de Haia nesta terça-feira (24), refere-se a ataques envolvendo nove jornalistas entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, que deixaram oito mortos e um ferido.

A RSF afirma que investigações constataram que os jornalistas foram alvo de ataques intencionais e não vítimas colaterais da guerra. “Enquanto esses homicídios permanecerem impunes, os perpetradores não terão motivos para parar”, disse em nota Antoine Bernard, Diretor de Defesa e Assistência da entidade.  

Mais de 130 jornalistas mortos em Gaza 

Segundo a RSF, jornalistas estão sendo “massacrados em um ritmo sem precedentes”, com mais de 130 deles “mortos pelo exército israelense”. 

A primeira queixa da organização sediada na França foi protocolada no dia 1º de novembro de 2023 junto à Corte de Haia, tribunal internacional da ONU que investiga crimes de guerra e contra a humanidade. 

A segunda foi apresentada em 22 de dezembro e a terceira em 27 de maio de 2024.

Após as duas primeiras queixas, o gabinete do promotor do TPI Karim Khan garantiu à RSF que crimes contra jornalistas foram incluídos em sua investigação sobre a situação na Palestina.

A Repórteres Sem Fronteiras explica que as queixas ao  reclamações à Corte de Haia são baseadas em um amplo trabalho de pesquisa e informações coletadas por seus correspondentes e outras fontes no local – apesar do bloqueio e dos graves problemas de comunicação que assolam Gaza, onde a imprensa internacional está proibida de entrar

O processo de verificação leva em conta uma variedade de conteúdo, incluindo vídeos, depoimentos e documentos online. Por isso, a nova reclamação inclui casos ocorridos em 2023 que somente agora foram subsidiados por evidência sobre as circunstâncias dos ataques, apontando segundo a RSF para ação intencional.

Os casos que fazem parte da reclamação da RSF à Corte de Haia 

Veja os nove casos que fazem parte da reclamação protocolada nesta terça-feira.

  • O repórter do Shams News Muhammad Mahmoud Abu Sharia foi morto por um ataque aéreo israelense em 1º de julho de 2024 enquanto trabalhava perto de sua casa. O ataque aéreo também matou outros sete civis.
  • Os repórteres da Al-Jazeera Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi foram alvejados e mortos durante uma reportagem em 31 de julho de 2024. A rede, de propriedade do governo do Catar, teve seus escritórios fechados em Jerusalém e na Cisjordânia
  • Dezoito dias depois, dois tiros de um tanque israelense mataram o jornalista freelance Ibrahim Muhareb enquanto ele estava fazendo uma reportagem identificado com colete de imprensa. O tiroteio continuou com tanta violência que seu corpo só foi recuperado na noite seguinte, diz a RSF. 
  • A fotojornalista Salma al-Qaddoumi jornalista também foi ferida pelos tiros, mas sobreviveu ao ataque. Quando questionado pela RSF, o exército israelense apenas respondeu que o incidente não havia ocorrido como a RSF havia descrito apesar de imagens terem documentado o tiroteio.  

  • Outras vítimas incluem dois fotojornalistas, os irmãos Ayman e Ibrahim Mohamed al-Gherbawi , mortos em um ataque de drone direcionado em 27 de abril de 2024.
  • Investigações aprofundadas da RSF apontaram que dois outros casos, ocorridos em novembro e dezembro do ano passado, também foram resultado de ataques direcionados. Eles deixaram como vítimas o repórteres Mohammed Abu Hatab, da Palestian TV, e  Mohamed Nasr Abu Huwaidi, da Al-Istiklal. 

A RSF apelou ao TPI para investigar esses crimes como uma questão de prioridade. 

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