Londres – Uma carta aberta assinada por 51 organizações internacionais e 42 especialistas em clima divulgada na COP29, em Baku, faz um chamado urgente à ação para enfrentar a crescente crise de desinformação climática, demandando que governos exijam das redes sociais medidas para combater sua disseminação. 

Publicado nesta quinta-feira (15), o documento é endossado por organizações como Climate Action Against Disinformation (CAAD) Avaaz, Institute for Strategic Dialogue (ISD), Repórteres Sem Fronteiras, E3G, Purpose, ClimaInfo, FALA, Observatório do Clima, Rede Nacional de Combate à Desinformação, WWF-Brasil e especialistas renomados como John P. Holdren, Michael Mann, Ed Maibach, Thelma Krug e Geoffrey Supran.

“Essa desinformação, disseminada por interesses escusos, ameaça prejudicar o progresso em ambos os eventos internacionais cruciais, onde as discussões sobre a regulamentação de plataformas e o papel da comunidade global no combate à desinformação estão em destaque”, diz a carta. 

Este chamado à ação surge no momento em que o Brasil, anfitrião da próxima Cúpula do G20, lidera uma iniciativa global focada especificamente na integridade da informação climática, com o objetivo de combater a desinformação que impede a ação climática, juntamente com a ONU.

O texto diz: 

“Nós, organizações climáticas, educacionais e de integridade da informação, incluindo os membros da coalizão Climate Action Against Disinformation (CAAD) e especialistas em clima, pedimos aos governos do mundo todo que tomem medidas imediatas e decisivas para enfrentar esta crise.

Com as negociações da COP preparando o terreno para a ação climática global e a Cúpula do G20 oferecendo uma plataforma crucial para a cooperação internacional, é imperativo que os governos reconheçam a ameaça da desinformação climática e tomem medidas concretas para garantir a integridade da informação, abrindo caminho para uma ação climática significativa.”

Documento publicado na COP29 cobra de governos ação contra desinformação climática nas mídias

Os signatários instam os governos a encorajarem as empresas de mídia, os provedores de tecnologia de publicidade e as empresas de radiodifusão e publicação a serem responsáveis e pararem de agir como “facilitadores da destruição planetária”. 

A carta cita um relatório recente da Climate Action Against Disinformation intitulado Extreme Weather, Extreme Content: How Big Tech Facilitates Climate Disinformation In a World on the Brink,  que documenta como a desinformação climática é “abundante e prejudica continuamente a ação climática”.

As organizações e especialistas em clima que assinam o documento pedem que os governos ajam para obrigar as empresas de mídia digital que operam as redes sociais, a:   

1. Reconhecerem publicamente a desinformação climática como uma grande ameaça ao ecossistema de informação, prejudicando a ação climática e as políticas relacionadas, e colocando em risco a segurança e a saúde públicas; 

2. Adotarem uma definição universal de desinformação climática como comportamento online enganoso ou que induz ao erro e que compromete a compreensão pública da existência ou dos impactos das mudanças climáticas, da influência humana inequívoca sobre as mudanças climáticas e da necessidade de ação urgente para reduzir as emissões de aquecimento global (mitigação) e de se preparar para os impactos atuais e aqueles que já são previstos; 

3. Produzirem e publicarem um plano transparente para impedir a propagação da desinformação climática; 

4. Aumentarem a transparência e os relatórios.

5. Permitirem que pesquisadores tenham acesso aos dados para a realização de estudos sobre desinformação nas redes;

6. Impedirem a monetização da desinformação climática;

7. Implementarem esforços de “inoculação” em toda a plataforma para aumentar a resiliência dos usuários a conteúdo falso ou enganoso antes que eles sejam expostos a esse tipo de desinformação.

8. Garantirem políticas trabalhistas fortes.

9. Adotarem medidas para lidar com o impacto de tecnologias emergentes, como a IA.

A carta enfatiza a importância de adotar os Global Principles for Information Integrity da ONU a fim de promover um ambiente online mais saudável que apoie a tomada de decisões informadas e permita uma ação climática eficaz.

A carta completa com a lista de entidades e especialistas signatários pode ser vista aqui

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