Londres – Os jornalistas Antonina Favorskaya, Artyom Krieger, Konstantin Gabov e Sergey Karelin, da Rússia, foram condenados por um tribunal de Moscou nesta terça-feira (15) a cinco anos e meio de prisão por acusações de extremismo.

Eles foram processados por supostamente se associarem ao movimento anticorrupção liderado pelo líder de oposição a Vladimir Putin Alexei Navalny, morto em uma prisão no Ártico em fevereiro de 2024. Os profissionais de imprensa, que trabalham para veículos locais e internacionais, negaram todas as acusações.

O tribunal de Moscou também impôs uma proibição aos jornalistas, que não poderão publicar conteúdo na internet por três anos após cumprirem suas sentenças. 

Jornalistas condenados por tribunal da Rússia foram presos em 2024 

O julgamento dos quatro havia começado a portas fechadas em 2 de outubro de 2024, em um contexto já tenso para jornalistas na Rússia.

As perseguições a profissionais de imprensa e ativistas ligados a Navalny se intensificaram após sua morte.

As autoridades russas classificaram a sua fundação anticorrupção, a FBK (Fundação de Luta contra a Corrupção), como extremista, o que permitiu a criminalização de qualquer pessoa ou organização associada ao movimento, ou mesmo que preste serviços profissionais à entidade. 

Essa medida tem sido usada de forma estratégica para reprimir jornalistas e opositores do governo de Vladimir Putin.

A jornalista Antonina Favorskaya, da agência de notícias independente SOTAvision, foi detida em Moscou em 17 de março de 2024. Ela foi acusada de produzir conteúdo em vídeo para a FBK.

Outros jornalistas condenados na Rússia: Krieger, Karelin e Gabov

O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) relatou que o processo contra Favorskaya foi posteriormente combinado com outros casos, incluindo o de Artyom Krieger, colega de Favorskaya na SOTAvision, e dos jornalistas freelancers Sergey Karelin e Konstantin Gabov.

Krieger, que foi detido em Moscou em 18 de junho de 2024, foi acusado de colaboração com a FBK, mas a SOTAvision afirmou que ele nunca foi um ativista político ou membro de qualquer movimento.

Karelin, cinegrafista freelancer que trabalhou para a Associated Press e a Deutsche Welle (DW), foi detido em 26 de abril de 2024 na região de Murmansk, no norte da Rússia.

Gabov, outro freelancer, que colaborou com a Reuters, DW e a Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), foi detido em 27 de abril de 2024, em Moscou.

Reação internacional à condenação 

Carlos Martinez de la Serna, diretor de programas do CPJ, declarou:

“A sentença de quatro jornalistas de uma só vez a cinco anos e meio de prisão é um testemunho flagrante do profundo desprezo das autoridades russas pela liberdade de imprensa.

As autoridades russas devem libertar imediatamente Antonina Favorskaya, Artyom Krieger, Konstantin Gabov e Sergey Karelin, retirar todas as acusações contra eles e parar de prender jornalistas em retaliação por seu trabalho.”

O CPJ alerta que a Rússia é o quinto pior carcereiro de jornalistas do mundo. O censo mais recente do CPJ, datado de 1º de dezembro de 2024, documentou pelo menos 30 jornalistas ainda encarcerados no país.