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Inclusão

13 dados sobre a representação das mulheres na mídia global

Mulher lendo jornal na Índia, país que está entre os últimos do mundo no índice de liberdade de imprensa


Dados revelados em pesquisa encomendada pela Unesco mostram que mulheres continuam a sofrer baixa representação na mídia — elas são apenas 26% das vozes nas notícias apesar de representarem metade da população global.

Realizado a cada cinco anos com apoio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o Global Media Monitoring Project (GMMP), levantamento que estuda a representação de mulheres na mídia global, revelou em sua edição de 2025 que apenas 2% das notícias veiculadas em um dia típico desafiam estereótipos de gênero.

O relatório também mostra que as mulheres aparecem como fontes ou personagens em apenas 26% das matérias analisadas, percentual que se mantém estagnado desde 2010, apesar de elas constituirem metade da população do mundo.

O GMMP é o maior e mais longevo estudo global sobre a representação de gênero na mídia. Criado em 1995, ele analisa a presença de mulheres e homens nas notícias em diferentes plataformas e países. A coleta de dados ocorre em um único dia, com participação de redes de comunicadores em mais de 100 países. A edição de 2025 foi realizada em 6 de maio.

Além de examinar a participação de mulheres como fontes ou personagens das matérias, o relatório avalia a presença feminina na autoria das reportagens, os temas em que aparecem com mais ou menos destaque e a persistência de estereótipos de gênero. Pela primeira vez, o estudo incluiu um recorte específico sobre a cobertura de violência baseada em gênero.

Representatividade estagnada nas redações e nas fontes

Apesar de avanços na produção jornalística, a presença de mulheres nas notícias continua limitada.

  • 26% das fontes ou personagens nas notícias são mulheres;
  • 41% das reportagens foram assinadas por jornalistas mulheres;
  • 29% das fontes em matérias escritas por mulheres também são do mesmo gênero (contra 24% nos textos assinados por homens).

Desigualdade por tema revela onde as mulheres aparecem mais

A participação feminina varia bastante conforme o assunto abordado.

  • 36% de presença feminina em notícias sobre ciência e saúde;
  • 25% em economia;
  • 22% em política;
  • -4 pontos em temas sociais e legais em relação ao relatório anterior.

Estereótipos de gênero seguem dominando as narrativas

Apenas uma fração das matérias questiona papéis tradicionais de gênero.

  • 2% das notícias desafiam estereótipos de gênero;
  • Mulheres seguem mais retratadas como cidadãs comuns, donas de casa ou celebridades;
  • Homens aparecem mais como especialistas, autoridades ou protagonistas.

Violência de gênero tem espaço marginal no noticiário

Temas críticos sobre violência ainda são pouco cobertos.

  • 1,8% das matérias tratam de violência baseada em gênero;
  • Maioria aborda estupro, feminicídio e assédio sexual;
  • Pouca cobertura sobre violência digital, tráfico de mulheres ou mutilação genital.

Mulheres de minorias têm visibilidade quase nula

A interseccionalidade de gênero com raça, etnia e religião é ignorada.

  • 6% das fontes ou personagens pertencem a grupos minoritários;
  • Menos de 10% dessas são mulheres.

América Latina combina avanços e retrocessos

A região lidera em crescimento na mídia tradicional, mas perde espaço no digital.

  • +14 pontos na participação de mulheres como repórteres desde 2000;
  • -5 pontos na mídia digital desde 2020.

 

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