Depois de uma derrota judicial em sua tentativa de passar à força o comando de seu império de mídia para o filho Lachlan após sua morte, Rupert Murdoch conseguiu um desfecho pacífico – e caro – para o a sucessão do conglomerado que inclui a Fox News e a News Corp, dona de jornais e TVs em vários países.
O texto divulgado em 8 de setembro informa que Lachlan manterá o comando do grupo, enquanto James, Elisabeth e Prudence receberão cerca de US$ 1,1 bilhão cada um para abrir mão de participação e poder de voto.
O novo truste inclui também as filhas mais novas, Grace e Chloe, apenas como beneficiárias.
Embora as somas sejam impressionantes, o que estava em jogo não era apenas dinheiro, mas o futuro de um grupo de mídia que influencia a sociedade e a política diretamente em três países: Austrália, Reino Unido e os EUA.
‘Sucession’ da vida real: entenda a disputa da família Murdoch
Se a briga dos Murdoch pareceu uma história familiar, é porque provavelmente serviu de inspiração para a série “Sucession”, um dos maiores sucessos recentes da HBO.
Nascido na Austrália, Murdoch herdou do pai o controle de um pequeno jornal e o transformou em um império global.
Ele é dono da Fox Corporation, que detém a rede de TV que se firmou como expoente da direita americana, e da News Corp., dona de títulos influentes no Reino Unido, na Austrália e nos EUA, como The Sun, The Times, The Australian, Herald Sun, Sky News Australia, Wall Street Journal e New York Post.
Fora das redações, Murdoch também ocupa espaço no noticiário como figura pública: é uma personalidade proeminente em eventos globais como o Fórum Econômico de Davos, fez amizade com líderes globais e já se casou cinco vezes, incluindo uma união com Jerry Hall, ex-companheira de Mick Jagger.
Batalha judicial terminou em derrota
Em 2023 o empresário anunciou a aposentadoria do cargo de executivo principal, passando o poder ao filho Lachlan, que já era seu braço-direito.
O outro filho homem, James, havia rompido com ele e passou a atacar publicamente posições do pai e do grupo sobre mudança climática e saúde pública na época da Covid-19.
Em 2024, preocupado com o formato de sucessão que após sua morte acabaria dividindo o poder entre os filhos, Murdoch entrou com o pedido de mudança das regras do trust, alegando que a concentração de poder nas mãos de Lachlan seria benéfica para os negócios do grupo, era baseada em boa-fé, e traria vantagens para todos os herdeiros.
A Fox teve que pagar a fortuna de US$ 785 milhões para colocar fim a um processo movido pela empresa de urnas eletrônicas Dominion, acusada por ela de uma suposta fraude que teria “roubado” a vitória de Trump.
‘Má-fé’ e acordo e briga com Trump
A tentativa de isolar os três filhos foi rechaçada e rotulada de “má-fé” no veredito, em dezembro de 2024.
Na época, os advogados de pai e filho sinalizaram com a intenção de recorrer, mas o assunto ficou adormecido até o acordo final ser anunciado no início deste mês.
Isso não significa, no entanto, que Rupert Murdoch sairá já de cena. Ele segue influente e aparentemente participando das decisões sobre os negócios, como a de lançar um jornal na Califórnia nos moldes do sensacionalista New York Post.
E comprou uma briga com Donald Trump, a quem sempre apoiou, ao discordar dele sobre a política tarifária. O caldo azedaria de vez com a publicação da notícia sobre a mensagem de aniversário de Trump ao pedófilo James Epstein, motivando a abertura de um processo pelo presidente que o inclui como um dos réus.
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