Londres – Bem antes de o mundo saber da morte da rainha Elizabeth II, o processo de comunicação de seu falecimento se iniciou com a comunicação à primeira-ministra Liz Truss de que a “London Bridge caiu”, nome de uma antiga canção medieval que faz parte do musical My Fair Lady.
Essa era a senha prevista como primeiro passo da “Operação London Bridge”, delineada há vários anos com a aprovação da própria Rainha Elizabeth. O documento determina todos os passos que deverão ser seguidos nos 10 dias previstos para o seu funeral.
Cono a Rainha morreu numa quinta-feira, o plano prevê que seu enterro será realizado num domingo, mas isso deverá ser confirmado pela família. Foi convencionado que o dia da morte, seria o “Dia D”, seguindo-se então os dias D+1 e assim por diante. Veja a seguir os detalhes do plano.
Dia D – 8 de setembro
A primeira pessoa a ser avisada fora do círculo íntimo da família foi a Primeira-Ministra. A responsabilidade pela comunicação ficou a cargo do Secretário Privado da Rainha, seguindo-se a partir daí uma comunicação em cascata.
Após a Primeira-Ministra, a Operação London Bridge determinava uma comunicação prévia aos 15 governos fora do Reino Unido onde a Rainha era chefe de Estado, e aos outros 38 países da Commonwealth onde ela não ocupava essa função.
Todas as bandeiras de Whitehall, o centro político de Londres, foram baixadas a meio-pau. Com a costumeira organização e pontualidade britânica, o plano previa que isso deveria ocorrer em no máximo 10 minutos após o aviso por e-mail aos Ministros do gabinete da Primeira-Ministra.
Seguindo a tradição dos tempos em que não havia as modernas tecnologias de comunicação, um funcionário afixou uma notificação escrita na entrada do Palácio de Buckingham, para tornar público o falecimento. Conforme previsto, o site do governo passou a ostentar um banner preto.
A Operação London Bridge determina que deverá ser anunciado um minuto de silêncio pela morte da rainha e que serão suspensos pelo período de luto de 10 dias os trabalhos parlamentares do Parlamento em Londres e nas legislaturas da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que integram o Reino Unido.
Seguindo os passos determinados, o site da Família Real teve suspensas as suas funcionalidades e foi reduzido a uma página preta de abertura com os seguintes dizeres:
“A rainha morreu tranquilamente esta tarde no Palácio de Balmoral. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral e retornarão a Londres amanhã”.
O plano faz alusão também à Operação Spring Tide, que prevê os passos para a passagem do comando para o novo monarca, o filho primogênito da rainha, que escolheu governar com o nome de Charles III: uma audiência com a primeira-ministra e a transmissão de um pronunciamento à nação.
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9 de setembro
A Operação London Bridge define que o novo rei deverá ser proclamado às 10h. A proclamação será lida no Palácio de St James e no Royal Exchange.
O Parlamento se reunirá para os deputados prestarem homenagens na Câmara dos Comuns e para divulgar uma mensagem de condolências.
A primeira-ministra e o Gabinete deverão se reunir com o novo Rei às 15h30m.
10 de setembro
O caixão da rainha, que morreu no castelo de Balmoral, na Escócia, retornará ao Palácio de Buckingham, em Londres.
A Operação London Bridge previa a possibilidade de a rainha morrer em diversos locais. No caso de Balmoral, o plano determina que o corpo deverá ser transportado pelo trem real, seguindo os passos da operação batizada de Unicorn.
Se isso não for possível, entrará em ação a Operação Overstudy, com um traslado alternativo até Londres.
11 de setembro
O rei Charles receberá a moção de condolências no Westminster Hall.
Em seguida, embarcará numa viagem de luto pelo Reino Unido, começando pela Escócia. Ele receberá uma moção de condolências no Parlamento escocês e participará de um serviço religioso na Catedral de St Giles, em Edimburgo.
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12 de setembro
O rei Charles chegará à Irlanda do Norte, onde receberá outra moção de condolências no Castelo de Hillsborough e participará de um serviço religioso na Catedral de St Anne, em Belfast.
Haverá um ensaio para a Operação Lion, que detalha os passos da procissão do caixão contendo o corpo da rainha Elizabeth do Palácio de Buckingham ao Palácio de Westminster.
13 de setembro
Operação Lion: o caixão da rainha será transferido do Palácio de Buckingham para o Palácio de Westminster, seguindo uma rota cerimonial por Londres. Quando chegar, haverá um cerimônia em sua memória no Westminster Hall.
14 de setembro
Operação Pena: o corpo da rainha ficará no Palácio de Westminster por três dias. O caixão será colocado sobre um tablado elevado, exposto ao público 23 horas por dia. Serão emitidos ingressos com horário reservado para convidados especiais.
Será realizado um ensaio para o cortejo do Funeral do Estado.
15 de setembro
O rei Charles viajará para o País de Gales, para receber uma moção do Parlamento galês e assistir a um serviço religioso na Catedral de Liandaff, em Cardiff.
16 e 17 de setembro
Espera-se que centenas de milhares de pessoas prestem suas homenagens diante do caixão para dar o último adeus à rainha. Livros de condolências estarão disponíveis online.
18 de setembro
Se confirmada a data do sepultamento para essa data, conforme previsto na Operação London Bridge, ela será proclamada como Dia de Luto Nacional.
O Funeral de Estado será realizado na Abadia de Westminster. Haverá 2 minutos de silêncio ao meio-dia em todo o país.
Serão realizadas duas procissões, uma em Londres e a outra em Windsor. A Operação London Bridge determina que o corpo da rainha será sepultado ao lado do de seu pai, na Capela Memorial do Rei George VI, no Castelo de Windsor.
Todas as flores colocadas dentro e ao redor de palácios reais e junto às prefeituras serão removidas após o funeral de estado.
Esses serão os últimos atos do reinado de Elizabeth, que com seus 96 anos viveu tempo suficiente para completar o Jubileu de Prata, de 70 anos no poder, uma marca nunca alcançada em toda a história por nenhum dos monarcas que a precedeu no trono britânico.
O período de luto durará um mês. Nesse intervalo, o retrato oficial da rainha deverá permanecer pendurado com uma fita preta em todas as prefeituras do Reino Unido, para só então ser trocado pelo do novo rei, que já assume com outro recorde: o de mais velho a subir ao trono britânico, aos 73 anos.
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