Londres – O dia 23 de janeiro foi escolhido pelos os cientistas responsáveis pelo Doomsday Clock para a revelação da hora de 2024 do chamado Relógio do Apocalipse, que é uma representação visual dos riscos de extinção da humanidade e do planeta causados pela possibilidade de um conflito nuclear, pela crise ambiental e por tecnologias disruptivas como guerras biológicas e cibernéticas.
O relógio fica na Universidade de Chicago, nos EUA. A meia-noite representa o fim do mundo, enquanto os segundos que faltam para chegar a ela indicam a distância hipotética do apocalipse. Em 2023, ele chegou ao seu ponto mais próximo da meia-noite: 90 segundos.
Segundo a organização responsável pelo Relógio do Apocalipse, o projeto tem como objetivo alertar o o público sobre o perigo de destruição do mundo com tecnologias criadas pelo próprio ser humano. Entenda a sua história e as horas que ele já marcou nos últimos anos.
Doomsday Clock nasceu em 1947
O relógio do apocalipse existe desde 1947, e a hora já foi ajustada 25 vezes – o ano de 2024 será o 26º.
Ela é definida por um painel de cientistas de várias disciplinas do conhecimento humano, que produzem o relatório Bulletin of Atomic Scientists (Boletim de Cientistas Nucleares).
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Quando o relógio foi criado, o maior perigo para a humanidade eram as armas atômicas em um momento em que os Estados Unidos e a União Soviética estavam caminhando para uma corrida armamentista nuclear.
Um dos autores do primeiro boletim foi o cientista Albert Einstein, que trabalhava no Projeto Manhattan, responsável pela criação da bomba atômica. O projeto é o tema do filme Oppenheimer.
Os riscos foram se ampliando. As mudanças climáticas entraram para a lista de preocupações que contribuem para a determinação do tempo que falta para o fim do mundo. Em 2017 foi a vez da desinformação digital.
Ela entrou na pauta dos cientistas com a eleição de Donald Trump para presidente dos EUA, e de lá nunca mais saiu.
Acontecimentos como a invasão do Capitólio antes da posse do presidente Joe Biden e as fake news sobre o coronavírus são vistos pela equipe do relógio com riscos para a sociedade causados pelo uso da tecnologia.
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As horas que o relógio do apocalipse já marcou antes de 2024
O mais longe que o Relógio do Apocalipse chegou foi 17 minutos para a meia-noite, em 1991, após o colapso da União Soviética e assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas
Até recentemente, o horário mais próximo da meia-noite era dois minutos – primeiro em 1953, quando os EUA e a União Soviética testaram armas termonucleares, e depois em 2018.
Naquele ano, os cientistas citaram “um colapso na ordem internacional” das potências nucleares, bem como a contínua falta de ação sobre a mudança climática.
Em 2020, os cientistas avançaram o ponteiro para 100 segundos para a meia-noite – o mais próximo que já esteve – onde permaneceu em 2021 e 2022. Mas em 2023 a situação piorou.
O Doomsday Clock registrou ano passado 90 segundos para a meia-noite. O motivo para o avanço foi em grande parte (embora não exclusivamente, como ressaltou o relatório) foi o crescente perigo oferecido pela guerra na Ucrânia, que entraria em um “segundo ano horrível”.
O que os cientistas não previram é que outra guerra sangrenta, entre Israel e o Hamas, aumentasse ainda mais as tensões geopolíticas e o risco de um conflito nuclear, impactando a hora de 2024.
Ao mesmo tempo, 2023 viu a inteligência artificial generativa assustar até especialistas em tecnologia, aumentando o potencial da desinformação.
E o planeta aqueceu ainda mais, batendo todos os recordes, embora cientistas estejam vendo algum progresso nas ações.
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