Londres – Imagens dos incêndios florestais no Brasil e de cultos religiosos afro-brasileiros estão entre as finalistas do prêmio de fotografia Sony World Photography Awards 2025, um dos mais importantes do mundo, que acaba de anunciar os indicados na etapa da competição dedicada a profissionais.
Os fotógrafos brasileiros Lalo de Almeida, Gui Christ e Andre Tezza e Gui Christ fazem parte da lista, concorrendo nas categorias Paisagem, Retrato e Arquitetura, respectivamente.
O concurso de fotografia, patrocinado pela Sony e organizado pela plataforma World Photography Organization, recebeu este ano mais de 419 mil imagens de mais de 200 países. O objetivo é reconhecer trabalhos que se sobressaem tanto pela narrativa quanto pela técnica fotográfica.
Confira as imagens finalistas do prêmio de fotografia em 2025 em cada categoria
PAISAGEM
Em Apocalypse, o premiado fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida , da Folha de S.Paulo, mapeou a devastação causada pela seca, desmatamento e incêndios florestais em todo o Brasil em 2024, seu ano mais quente já registrado. As imagens mostram o impacto da crise ambiental no Pantanal e no Cerrado.
Em 2024, Lalo foi um dos vencedores do World Press Awards.
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Concorrendo com o trabalho do brasileiro está a série Fading, de Mischa Lluch (Espanha), que evocou a solidão e a desconexão sob a superfície dos subúrbios americanos contemporâneos, criando imagens de uma quietude estranha, segundo o júri do concurso de fotografia.
Seido Kino (Japão) é o terceiro fotógrafo disputando diretamente com Lalo de Almeida. Ele combinou cuidadosamente imagens de arquivo com paisagens japonesas contemporâneas para revelar como as cidades e vilas evoluíram com o passar do tempo e como os desafios de hoje podem ser conectados ao passado.
RETRATOS
O projeto M’kumba, de Gui Christ, do Brasil, ilustrou a resiliência das comunidades afro-brasileiras face à intolerância religiosa, celebrando as formas como a espiritualidade e identidade religiosa podem ser expressadas.
Raúl Belinchón (Espanha) fotografou os jovens voluntários cujos esforços ajudaram a limpar as casas, desobstruir ruas e entregar suprimentos que salvaram vidas durante as inundações na região de Valência no outono de 2024.
Outra concorrente do brasileiro, a série The Second, de Tom Franks (Reino Unido), ofereceu uma visão da relação complexa entre os proprietários de suas armas de fogo nos Estados Unidos, usando seus depoimentos pessoais para representar esse fenômeno cultural.
ARQUITETURA E DESIGN
Twilight in San Ignacio, do brasileiro Andre Tezza, também está entre as fotografias finalistas do prêmio Sony. A imagem explorou a resiliência da arquitetura de Belize, registrando as casas construídas para resistir ao desafiador clima tropical.
LIGHT/MASS, de Owen Davies (Reino Unido), explorou paisagens urbanas aparentemente ‘alienígenas’ nos Estados Unidos, concentrando-se em edifícios monumentais com geometrias atípicas.
A série Tokyo Toilet Project, de Ulana Switucha (Canadá), documentou uma iniciativa que envolve a construção de banheiros públicos modernos projetados por grandes nomes da arquitetura.
VIDA SELVAGEM E NATUREZA
Kevin Shi (Estados Unidos) destacou como os ursos polares e os humanos estão vivendo em uma proximidade cada vez maior na cidade de Churchill, Canadá.
As imagens pictóricas de Pascal Beaudenon (França) mostram um rebanho de bois almiscarados, traçando seus comportamentos enquanto eles se agrupam para enfrentar o inverno rigoroso.
Anthropocene Illusion, de Zed Nelson (Reino Unido), é um projeto de longo prazo que documenta como os humanos se relacionam com o mundo natural, criando experiências artificiais da natureza diante das mudanças climáticas e do esgotamento da biodiversidade.
MEIO AMBIENTE
Cristóbal Olivares (Chile) mapeou o impacto da poluição luminosa na observação do céu noturno por astrônomos do Deserto do Atacama.
O projeto de Maria Portaluppi (Equador) documentou a conservação ambiental em Guayaquil. Por meio de retratos delicados dos animais sob cuidados, ela destacou o trabalho realizado pela Sacha Rescue Foundation.
Em Alquimia Textil, Nicolás Garrido Huguet (Peru) trabalhou em conjunto com a pesquisadora e designer de moda María Lucía Muñoz para retratar as técnicas tradicionais de tingimento têxtil praticadas por artesãos de Pumaqwasin em Chinchero, Cusco, com sangramentos de luz nas fotografias visualmente e textualmente reflexivas do corante em tecido.
NATUREZA MORTA
Alessandro Gandolfi (Itália) usou fotografias de natureza morta para ilustrar o frágil ecossistema do Mar de Wadden, noMar do Norte, mostrando sua importância única na manutenção da sustentabilidade ambiental na Europa.
K M Asad (Bangladesh) retratou os murais instalados por ex-premiê Sheikh Hasina durante seu governo, documentando como esses símbolos de poder político foram apagados e desmantelados após seu exílio, em 2024.
CRIATIVIDADE
Em I Am Here for You, Irina Shkoda (Ucrânia) refletiu sobre a dinâmica da hospitalidade, tanto dada quanto recebida, com base em sua própria experiência como refugiada.
Em Reclaiming the Truth, Julio Etchart e Holly Birtles (Reino Unido) observaram de perto as coleções de artefatos institucionais e a curadoria sob uma perspectiva pós-colonial.
Em Rhi-Entry, a fotógrafa Rhiannon Adam (Reino Unido) contou uma história pessoal da missão dearMoon, que levaria artistas à Lua e da qual ela estava prestes a participar, registrando como o cancelamento do projeto afetou sua vida e seu trabalho.
PROJETOS DOCUMENTAIS
A série Memories of Dust, de Alex Bex (França), explora o vocabulário visual do cowboy para considerar novas maneiras de apresentar este arquétipo de masculinidade.
A série The Whisper of Maize, de Florence Goupil (Peru) também é uma das finalistas do prêmio de fotografia. As imagens examinam o papel fundamental do milho nas tradições latino-americanas, não apenas como um alimento básico, mas como um meio de expressão cultural e religiosa.
Toby Binder (Alemanha) documenta as profundas divisões que moldam a vida social em Belfast, Irlanda do Norte, retratando jovens nascidos após o acordo da Sexta-Feira Santa.
PERSPECTIVAS
Giovanni Capriotti (Itália) explora a história canadense através das lentes de suas comunidades das Primeiras Nações, trabalhando com a orientação de anciãos e pessoas que vivem com trauma intergeracional.
A finalista do prêmio de fotografia Laura Pannack (Reino Unido) captura os perigos e obstáculos diários que as crianças enfrentam em sua jornada da escola para casa na área de Cape Flats, na Cidade do Cabo, dominada por gangues.
Ashes of the Arabian’s Pearl, de Valentin Valette (França), observa as mudanças sociais resultantes do crescimento econômico no Sultanato de Omã, destacando os trabalhadores manuais e os empresários que impulsionam a economia.
ESPORTE
Antonio López Díaz (Espanha) conta a história de aspirantes a ginastas do Chade, cuja determinação lhes rendeu bolsas de estudo e acabou levando-os a competir por uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2024.
A série finalista do prêmio Shred the Patriarchy, de Chantal Pinzi (Itália), celebra as mulheres na Índia que subverteram estereótipos de gênero e quebraram barreiras ao praticar skate.
Michael Dunn (Bolívia) registrou uma segunda-feira típica para duas mulheres apaixonadas por golfe; toda semana elas deixam suas funções habituais de trabalho para jogar, vestindo as roupas tradicionais da chola boliviana.
O ganhador geral do prêmio de fotografia e os melhores trabalhos em cada uma das categorias serão revelados em uma cerimônia em Londres em abril, com os trabalhos vencedores e finalistas expostos em uma mostra no centro cultural Somerset House.
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