A brasileira Laís Martins foi ganhadora da Persephone Miel Fellowship, bolsa do Pulitzer Center para profissionais de imprensa de fora dos Estados Unidos e da Europa. O projeto selecionou duas pessoas no mundo todo e visa a incentivar a produção de reportagens sobre temas subnotificados em seus países de origem.

Além da brasileira, Elena Stancu, da Romênia, também foi selecionada. 

Morando atualmente na Holanda, onde acabou de finalizar o mestrado na Universidade de Amsterdam, Martins vai escrever sobre como o aumento na circulação de armas vem afetando as mulheres brasileiras.

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A jornalista e pesquisadora vai receber o equivalente a US$ 5 mil para realizar o projeto.

Vencedora conta como foi o processo de seleção

O Pulitzer Center dá prioridade a profissionais de países em desenvolvimento. Laís Martins é a primeira brasileira a ganhar a bolsa. Ela explicou como se candidatou e como foi o processo. 

“É preciso apresentar uma ideia de pauta e responder a algumas questões, como o efeito da bolsa sobre a carreira, além de uma análise sobre a cobertura que já existe sobre o tema e um plano de publicação”, disse.

Depois de enviar o “dossiê”, ela foi contactada para uma conversa, durante a qual falou mais a fundo da ideia da reportagem. E depois de algumas semanas recebeu a notícia de que a proposta tinha sido escolhida.

Além do apoio financeiro para a produção das reportagens, o Pulitzer Center oferece também ao bolsista a oportunidade de ser orientado por um jornalista da rede global de beneficiários da entidade. 

O nome do projeto homenageia Persephone Miel, ex-consultora sênior da Internews, que morreu em 2010. A Internews é uma ONG que atua em mais de 100 países, dedicada a promover o jornalismo e a informação.

Manifestação contra assédio em Montreal. (Mélodie Descoubes/Unsplash)
Jornalista planeja viajar pelo Brasil recolhendo depoimentos

Em entrevista ao MediaTalks, Martins contou que escreveu reportagens sobre a temática de armas durante o último ano, mas nunca com um ângulo específico de gênero: 

O aumento na circulação de armas vem afetando mulheres de formas bem diferentes — feminicídios usando armas de fogo, mulheres ficando viúvas, mães perdendo filhos vítimas de balas perdidas.
Laís acredita que os efeitos são diferentes de acordo com as regiões do Brasil, e quer explorar as diferenças na reportagem. 

No projeto, a jornalista viajará pelo país reunindo histórias, que serão publicadas em diferentes veículos, com o objetivo de alcançar diferentes audiências. 

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Mídia nacional e internacional no currículo

Laís Martins fez o mestrado Erasmus Mundus Journalism com especialização em comunicação política. Atualmente, atua como repórter do Núcleo Jornalismo e jornalista freelancer para veículos brasileiros, como Agência Pública e UOL, e internacionais, como Guardian, Al Jazeera, The Correspondent, Vice e Der Spiegel.

Seu trabalho foca nos temas de direitos humanos, política, sociedade e tecnologia, com um interesse em especial por extremismo online.

Ao longo de 2020, cobriu os efeitos do aumento da circulação de armas de fogo no Brasil como resultado das políticas armamentistas do governo de Jair Bolsonaro.

As inscrições para a Persephone Miel Fellowship 2022 ainda não abriram.

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