O Facebook removeu nesta terça-feira (10/8) centenas de contas vinculadas à agência Fazze, apontada por influenciadores europeus em maio como autora de propostas pagas para espalhar desinformação sobre as vacinas contra Covid-19 feitas pelas farmacêuticas Pfizer e AstraZeneca.
Além da atuação via influenciadores, na qual o brasileiro Everson Zoio foi apontado por uma reportagem alemã como um propagador das fake news pagas pela Fazze, segundo o relatório do Facebook a agência mantinha contas falsas direcionadas a públicos na Índia, América Latina e, em menor medida, nos Estados Unidos (EUA), no próprio Facebook e no Instagram.
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Uma rede de 65 contas do Facebook e 243 contas do Instagram foi rastreada até a agência, uma empresa de publicidade e marketing que trabalha na Rússia em nome de um cliente desconhecido.
Agência russa ofereceu € 2 mil por posts contra vacinas
A Fazze manteve também uma representação no Reino Unido. Porém, após a revelação de que a agência propôs que influenciadores forjassem posts pagos como sendo opinião deles próprios, difamando vacinas, o representante britânico atribuiu a operação à sede russa e afirmou que encerraria o contrato com a AdNow, empresa que controla a Fazze.
O cachê oferecido, segundo os influenciadores que revelaram o esquema internacional de fake news, foi de € 2 mil (cerca de R$ 12 mil).
A rede usou contas falsas para espalhar afirmações enganosas que desacreditavam a segurança dos imunizantes de Pfizer e AstraZeneca. Uma das afirmações falsas foi de que a dose da AstraZeneca transformaria uma pessoa em chimpanzé.
“As operações [de desinformação] cada vez mais buscam usar vozes influentes autênticas para transmitir suas mensagens. Por meio delas, as campanhas enganosas ganham acesso ao público-alvo do influenciador, mas isso vem com um risco significativo de exposição”, afirmou o Facebook no relatório.
Brasileiro foi citado em reportagem sobre esquema internacional de fake news
O influenciador brasileiro Everson Zoio (3,2 milhões de seguidores no Instagram e 12,8 milhões no YouTube) foi apontado em uma reportagem investigativa alemã como integrante de um esquema internacional de disseminação de fake news contra a vacina da Pfizer para o combate à Covid-19.
O MediaTalks procurou o influenciador por meio de seu email de contato oficial, mas não obteve resposta.
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A pesquisa conjunta da netzpolitik.org e da revista ARD Kontraste, publicada na Alemanha, revelou o esquema e divulgou reportagem citando Everson e o indiano Ashkar Techy como dois influenciadores que teriam aceitado a proposta.
Everson Zoio postou vídeo em maio criticando vacina
O texto cita um vídeo postado por Everson em 20 de maio, com o youtuber “filmado com óculos escuros ao volante de um carro” citando informações não comprovadas de que “a vacina pode matar mais rápido do que o coronavírus”.
Everson não respondeu aos questionamentos da reportagem alemã e retirou o vídeo do ar. O indiano editou o vídeo postado e excluiu a parte em que seguia o roteiro da Fazze.
Em 2018, o youtuber teve de vir a público se explicar, após um vídeo seu em que relatava ter feito sexo com a namorada sem consentimento dela virar notícia. Ele afirmou que inventou a história.
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