A Comissão Eleitoral Federal americana determinou que o Twitter não violou a lei eleitoral do país ao bloquear a distribuição de uma reportagem do jornal New York Post com afirmações sobre o filho do presidente Joe Biden, Hunter. 

A comissão, que havia sido acionada por integrantes do Partido Republicano, afirmou ainda na decisão tomada na quarta-feira (16/9) que o Twitter não violou a lei ao adicionar rótulos de advertência em tweets do ex-presidente Donald Trump, hoje banido da rede social.

Durante a campanha presidencial de 2020, o jornal publicou reportagem, que acabou classificada como não verificada, alegando que Hunter Biden tentou apresentar a seu pai, então vice-presidente dos Estados Unidos, um executivo da empresa ucraniana para a qual trabalhava.

Twitter mudou política de moderação após episódio com o Post

Ao recorrerem ao órgão de controle eleitoral, os republicamos argumentaram que tanto o Twitter quanto o Facebook — que também restringiu a circulação da reportagem– estavam dessa forma ajudando a campanha democrata de forma ilegal. Apenas o Twitter foi alvo da petição.

O Twitter inicialmente baniu a reportagem, em seguida revendo a decisão da moderação e mantendo-a em circulação, após o próprio CEO da empresa classificar a censura da rede social como “inaceitável”. 

A empresa afirmou que havia bloqueado a reportagem por conter imagens de material hackeado, com informações pessoais e privadas. Em seguida, esclareceu que a discussão ou comentários sobre os materiais hackeados não devem ser banidos, e inclusive mudou sua política de moderação a respeito, se restringindo a banir material postado diretamente por hackers na plataforma.

A comissão eleitoral americana concluiu em decisão unânime que o Twitter havia tomado decisões válidas com base em razões comerciais, de acordo com uma declaração do vice-presidente da comissão, Allen Dickerson, e do comissário James “Trey” Trainor III, que são republicanos.

A comissão reforçou o direito comercial do Twitter de moderar a plataforma, e classificou o caso como não eleitoral, indicando o Congresso como fórum apropriado para as queixas dos reclamantes.


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Bloqueio ao Post esquentou corrida eleitoral americana em 2020

Twitter e o Facebook causaram alvoroço entre conservadores antes da eleição de 2020 quando decidiram limitar a distribuição da história do Post, que afirmava mostrar e-mails “fumegantes” sobre o filho do então candidato democrata, Biden. 

Um porta-voz da campanha de Biden na época disse que o Post não perguntou ao comitê democrata sobre os principais detalhes da história e refutou as publicações do jornal nova-iorquino. Donald Trump tuitou sobre o bloqueio à notícia, dizendo na época que “era só o começo das revelações sobre o oponente.

O Twitter disse na época que decidiu bloquear links para a história com base em sua “Política de material invadido” que proibia “o uso de nossos serviços para distribuir diretamente conteúdo obtido por meio de invasão que contenha informações privadas, podendo colocar pessoas em perigo ou danos físicos, ou contém segredos comerciais.” 

A matéria do Post continha endereços de e-mail não editados que supostamente vieram de uma fonte não autorizada a divulgá-lo.

O porta-voz do Facebook, Andrew Stone, afirmou que “esta matéria deve ser verificada pelos parceiros de checagem de fatos terceirizados do Facebook”, e que a rede social iria restringir o alcance de posts com a reportagem.


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Comissão reforça independência do Twitter, que “não tem obrigação de ser imparcial”

Em sua declaração, os titulares da comissão escreveram que uma plataforma como o Twitter não tem necessariamente a obrigação de ser politicamente neutra.

“Uma única decisão comercial ainda é um exercício de julgamento comercial; não há exigência de que seja parte de um padrão comprovado de imparcialidade ideológica ou partidária, desde que não seja feito com o propósito de encorajar os americanos a votarem de uma forma ou de outra ”, escreveram.

Eles acrescentaram que o Twitter provavelmente deve ser considerado uma “entidade de imprensa” sob a lei de financiamento de campanha, isentando-o de certas obrigações exigidas de outros tipos de entidades. 

A agência também não encontrou evidências de que o Twitter coordenou sua resposta com a campanha de Biden. A chefe de políticas públicas da empresa nos EUA, Lauren Culbertson, afirmou em depoimento que não sabia de nenhum contato com a campanha democrata antes das decisões da rede social.


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Em outro caso, investigação interna do Facebook recomendou examinar moderação

Um investigação interna do Facebook revisou a exclusão de um post e recomendou que a rede social recorra a uma avaliação externa e independente sobre sua moderação de conteúdo no conflito Israel-Palestina, abrindo uma discussão sobre a parcialidade que pode ocorrer na moderação humana de conteúdo na internet. 

O conselho de supervisão do Facebook afirmou que a empresa falhou em responder a todas as suas perguntas sobre a suposta censura de ativistas palestinos, num possível favorecimento à causa israelense.

O caso girou em torno de um usuário que compartilhou uma notícia da rede Al Jazeera, em idioma árabe, sobre um grupo militante considerado braço armado do Hamas. A notícia relata a ação violenta do grupo, e o usuário do Facebook compartilhou a notícia acompanhada apenas do comentário “oooh”.

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O post foi excluído pela rede social, e após o usuário apelar ao conselho de supervisão, a rede social acabou recuperando o conteúdo, que voltou ao ar.

Imprensa pró-Trump

O New York Post, alvo da remoção do Twitter é um jornal tabloide que faz parte do grupo de veículos de imprensa que sempre apoiou Donald Trump. Ele pertence ao magnata da mídia Rupert Murdoch.

Na televisão americana, esse apoio é dado principalmente por três emissoras de TV: Fox News, Newsmax e One America News.  Esta semana, um dos principais apresentadores da Fox News chegou a admitir que mente de vez em quando na TV. 

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Mesmo depois da derrota nas eleições, eles continuaram dando espaço às teses do ex-presidente, como as acusações de que houve fraude no pleito. 

Além de mirar na família do atual presidente, o New York Post também voltou suas baterias para a vice-presidente do país. Em abril, quando Biden completou 100 dias de governo, a repórter Laura Italiano demitiu-se acusando o jornal de tê-la obrigado a escrever uma matéria falsa sobre Kamala Harris.

Coube ao Washington Post, que sempre se posicionou frontalmente contra o ex-presidente, desmascarar a farsa. 

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