Londres – As condições meteorológicas, como a chegada da chuva ou a luz do amanhecer são momentos efêmeros que produzem imagens espetaculares da delicadeza e da força da natureza.
Registrar essa magnitude em fotografias é o objetivo do prêmio Weather Photographer of the Year (Fotógrafo de Meteorologia do Ano), promovido pela Royal Meteorological Society britânica em associação com a AccuWeather, empresa americana que comercializa a previsão do tempo em todo o mundo.
A foto vencedora (Morning Fog) deste ano foi tirada em um dia opaco de outono, em uma pequena igreja no topo de uma colina na cidade de Airuno (Itália).
Giulio Montini, autor da imagem, comentou como a fotografia de condições meteorológicas retrata um breve instante: “Nos meses de outono, em alguns dias, é possível ver este espetáculo com as primeiras luzes do amanhecer. Depois de 20 minutos, tudo acabou”.
“Este prêmio me recompensa pelas horas frias suportadas, esperando a luz perfeita para aquela foto.”
O prêmio de Jovem Fotógrafo Meteorológico do Ano, para menores de 18 anos, foi concedido a Phoenix Blue, de 17 anos, do Kansas (EUA), que registrou com seu telefone celular a chegada de uma tempestade.
A imagem favorita do público também foi de uma tempestade, desta vez um raio caindo sobre Cannes, na França. Veja o trabalho dos premiados:
Fotógrafo de Meteorologia do Ano da Royal Meteorological Society 2021
Nevoeiro matinal, por Giulio Montini, Casnate, Como, Itália
Giulio capturou esta imagem em um dia de outono de uma pequena igreja no topo de uma colina na cidade de Airuno, Itália. Pelo nevoeiro se vê um pouco do curso sinuoso do rio Adda, iluminado pelas primeiras luzes do dia.
“Muitas vezes pode ser fácil ser atraído para as fotos de clima extremo. Tivemos algumas entradas impressionantes sobre esse tema este ano que entraram em nossa lista, mas para mim, também há uma beleza fotográfica no clima calmo e sereno, que Giulio capturou lindamente” – Liz Bentley, CEO da Royal Meteorological Society.
Os feixes de luz solar que aparecem na imagem são chamados de raios crepusculares. Eles se tornam visíveis pela dispersão da luz solar por partículas suspensas na atmosfera, como pequenas gotículas de água, poeira ou fumaça.
Normalmente os raios crepusculares irradiam por frestas nas nuvens. Mas nesta foto, as árvores tomam o lugar das nuvens, lançando sombras na paisagem. E a névoa espalha a luz do sol.
Jovem Fotógrafo de Meteorologia do Ano
Tempestade em Kansas, por Phoenix Blue, Kansas, EUA
Phoenix capturou esta imagem de uma supercélula se aproximando em Kansas, EUA. Uma supercélula é uma tempestade com uma corrente ascendente em rotação profunda, chamada de mesociclone.
É uma tempestade poderosa, provocando tornados, queda de granizo, rajadas de vento e chuvas torrenciais. Elas acontecem entre abril e junho sobre as Grandes Planícies do centro dos Estados Unidos.
“Qualquer pessoa que tenha passado por uma forte tempestade sabe sobre a estranha cor verde / azul profundo às vezes presente com a aproximação das chuvas. Esta foto captura isso em uma garrafa, e é ainda mais impressionante que ela seja a vencedora da categoria.” – Jesse Farrell, editor sênior da AccuWeather e jurado.
Logo abaixo da coloração azul esverdeada da tempestade, é possível ver um tipo de nuvem conhecida como ‘Arcus’. Elas podem ser facilmente identificadas por sua formação ameaçadora em forma de cunha. São inofensivas, mas indicam tempo severo a caminho.
Favorito do público
Raios de uma tempestade isolada na baía de Cannes, por Serge Zaka, França
Sobre esta foto, os juízes comentaram que poucas tempestades são tão bonitas quanto aquelas isoladas sobre a água. O fotógrafo estava a uma distância perfeita desta tempestade para capturar três coisas cruciais para uma composição fotográfica vencedora: o céu, a tempestade e a água.
Fotógrafo de Meteorologia do Ano / Categoria telefone celular
Manhã de nevoeiro, por Christopher de Castro Comeso, de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos
Christopher produziu a foto do Qasr Al Hosn, um dos marcos mais antigos de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em dezembro de 2020 quando a temperatura caiu.
Ele estava voltando para casa quando viu a névoa se formando. Imediatamente, tirou a única câmera que tinha – seu telefone celular – e garantiu a imagem.
“Esta foto se destacou pela qualidade etérea da luz à medida que penetra na névoa e difunde as belas cores do deserto, criando uma cena quase sobrenatural. Esta imagem resume exatamente porque o smartphone se tornou uma câmera tão popular; estava ao alcance de Christopher no momento em que a névoa apareceu e permitiu que ele capturasse esta bela cena.” – Jo Bradford, jurada.
Nevoeiro é o termo usado para descrever a suspensão de gotículas de água na camada superficial da atmosfera que reduz a visibilidade horizontal para menos de 1km. Cerca de 95% da névoa observada nos Emirados Árabes Unidos é névoa de radiação, mais comum no inverno.
Este tipo de névoa se forma sobre a terra quando o resfriamento por radiação reduz a temperatura do ar próximo à superfície para abaixo de seu ponto de orvalho. Christopher produziu a foto do Qasr Al Hosn, um dos marcos mais antigos de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em dezembro de 2020 quando a temperatura caiu.
2º lugar
Selfie em um barco, por Evgeny Borisov, Rússia
Evgeny tirou esta selfie usando um Quadcopter (tipo de drone) no Lago Kok-Kol, na Rússia. Para Evgeny, a singularidade da foto está em sua experiência do tempo por trás das lentes — mudou tão significativamente no tempo em que ele esteve lá que ele sentiu que as estações mudavam não apenas entre os dias, mas em apenas algumas horas.
Para capturar essa foto, ele esperou que a primeira neve caísse, que então cobriu o gelo do lago como um cobertor branco, deixando as áreas de água aberta como listras vívidas no branco.
Os lagos congelam de cima para baixo porque a densidade máxima da água ocorre a 4°C. Acima dessa temperatura, a água da superfície esfria, se torna mais densa e afunda, sendo substituída por água mais quente vinda de baixo.
O processo continua até que toda a área esteja em torno de 4°C. O resfriamento adicional da água de superfície forma uma camada mais leve (menos densa) de água mais fria no topo, de modo que a circulação será interrompida. Como resultado, o resfriamento se torna mais concentrado nas camadas superiores, criando gelo quando a superfície atinge 0 ° C.
2º lugar Jovem Fotógrafo de Meteorologia
Trovoada e beleza, por Fynn Gardner, Austrália
Fynn Gardner, de 14 anos, capturou esta imagem em Frenchs Forest, New South Wales, Austrália, logo após uma tempestade.
Tempestades fortes são comuns no local, sobretudo de outubro a março. A Austrália classifica uma tempestade como ‘severa’ se produzir granizo medindo mais de 2 cm de diâmetro, rajadas de vento acima de 90 km / h, tornados ou chuva forte que leve a inundações.
Veja também | Getty Images oferece bolsa para fotos e vídeos que ajudem a melhorar representação feminina na publicidade
2ª lugar Categoria Celular
Entre chuvas, por Susan Kyne Andrews, Greystones, Irlanda
Em uma noite de maio na costa leste da Irlanda, Susan dirigiu-se ao local favorito de Evie, sua cachorra: South Beach, Greystones. No minuto em que pisou na areia, nuvens escuras se juntaram e a chuva caiu.
Enquanto caminhava, arrependendo-se de estar usando apenas uma camiseta, foi recompensada com um arco-íris duplo e mais um terceiro arco, invisível para a câmera. Fez algumas fotos com o telefone para se lembrar da quietude e do vazio da praia, tendo apenas os elementos da natureza e o clima como companhia.
O arco-íris se forma devido à refração (curvatura) e ao reflexo da luz do sol ao passar pelas gotas de chuva. A faixa colorida no arco externo secundário está na direção oposta ao arco primário, o que acontece quando a luz é refletida duas vezes na parte de trás das gotas de chuva.
Veja também as fotos finalistas do concurso
Nuvens
Por Iain Afshar
Nuvens colorem o céu formando padrões causados pelo vento. Elas dão forma às ondulações da atmosfera, que estão sempre presentes mas nem sempre são vistas. São 48 tipos classificados pelo “Cloud Atlas” da Organização Meteorológica Mundial. Várias aparecem ao mesmo tempo no céu.
Nuvens lenticulares, também chamadas de “nuvens de onda” não se movem. Elas mudam de configuração à medida que o ar passa por elas.
São o resultado do ar subindo até seu ponto de condensação acima de um objeto, normalmente uma montanha, embora também possam resultar de ondas geradas na própria atmosfera.
Por Boris Jordan
As nuvens Mammatus (Mamma cumuloninbus) têm aparência bulbosa e podem aparecer de várias formas. Entre as mais impressionantes estão as que surgem em tempestades, normalmente na parte traseira da “nuvem bigorna” depois que o tempo melhorou.
Oceanos e mares
Por Sandro Puncet
O planeta tem cerca de 70% de sua superfície do planeta coberta de água. As condições meteorológicas determinam quando o mar está mais calmo ou agitado.
As ondas não são as únicas formações do mar criadas pelo clima. As trombas d’água podem ser geradas sob as nuvens cumulonimbus, quando há uma uma convecção vigorosa e o ar sobe rapidamente.
Ao subir, o ar começa a girar e cria uma área localizada de pressão muito baixa. Isso faz com que resfrie e condense, formando uma coluna ou funil visível que se estende para baixo da nuvem. A água do mar é finalmente puxada para este funil. fazendo nascer uma tromba d’água (ou três, como na foto).
Por William
As ondas no mar podem ter duas origens. Uma é o vento. O atrito entre o ar que se move rapidamente durante uma ventania e as camadas superiores da água faz com que elas sejam arrastadas mais rápido do que as mais profundas, criando uma sucessão de picos e depressões. São as chamadas “ondas de vento”.
Outras são provocadas por condições climáticas muitas centenas, até mesmo milhares de quilômetros de distância. São as chamadas ‘ondas swell’, amadas pela surfistas, que muitas vezes acontecem com tempo calmo, quando a brisa local mal agita a água.
Leia também | Mudança climática | Um pequeno dicionário do clima para ajudar a entender melhor a crise ambiental
Seca
Por Daniel Winter
A definição meteorológica da palavra ‘seca’ é simples: um período em que chove menos do que o normal. Mas essa palavra envolve uma vastidão de dificuldades sofridas pelas comunidades mais pobres da Terra, que vão do efeito sobre a agricultura e pecuária à falta de água.
A vegetação seca também aumenta o risco de incêndios florestais, agravado pelo desmatamento
Mas o que faz surgir a aparência “marmorizada” em campos secos, leitos de lagos e rios? A resposta está no espaço entre as partículas do solo geralmente absorvidas pela água.
Quando uma superfície seca, ela encolhe à medida que a água evapora. Como o calor do sol aquece os níveis superiores, a superfície superior encolhe mais. Isso deixa rachaduras no solo e aquelas curvaturas lembrando telhas na lama seca.
Por Nguyen Ngoc Hai
Muitas vezes é difícil determinar exatamente quando uma seca começou ou terminou. Mas as pessoas que estão vivendo o problema diretamente certamente sabem quando ela está acontecendo.
Leia também | Google e YouTube anunciam banimento de conteúdo e anúncios que neguem mudanças climáticas
Perseguindo tempestades
Por Craig Boehm
Vastas pradarias, uma boa rede de estradas e céu aberto são os ingredientes perfeitos para quem gosta de perseguir tempestades no Estados Unidos. Maio é o mês que reúne as condições ideais.
Nesta época, distúrbios na corrente de jato – a rápida faixa de ar várias milhas acima do solo – interagem com o ar quente e úmido vindo do norte do Golfo do México e o ar instável e frio das montanhas a oeste.
Esse ar instável tem uma taxa de lapso acentuada, o que significa que a temperatura diminui rapidamente com a altura. O coquetel de massas de ar resulta em algumas das tempestades mais violentas do planeta.
As supercélulas geralmente exibem uma aparência visual impressionante, devido à forte dinâmica dentro da tempestade.
A aparência suave de algumas das nuvens mais baixas mostra onde o ar que não é flutuante está sendo “sugado” para a tempestade pela poderosa corrente ascendente rotativa acima.
Parte dessa elevação também se deve ao ar mais frio que sai da tempestade, criado pela precipitação que cai da tempestade.
Por Tori Jane Osberg
Quando uma tempestade está em formação, o “caçador” tenta permanecer à frente dela para obter a melhor visão. Alguns podem dirigir mais para dentro da tempestade, mas muitos preferem manter uma visão clara da área de onde o ar está subindo para a tempestade – base da ‘correnteza’.
É nesta área que uma nuvem em funil pode se desenvolver. A coluna giratória de ar se estende da base da nuvem em direção ao sol. Vira um tornado se tocar a terra, ou um jato de água se encostar na água. Os tornados são fenômenos atmosféricos violentos, mas os mecanismos de sua formação ainda são estudados.
Fenômeno óptico
Por Scott Robertson
O “primo” do arco-íris é o arco de névoa. Ele acontece quando as gotas minúsculas refletem luz, como no que arco-íris. Mas seu tamanho impede que apresente cores.
Geralmente vistos sobre a neve, nas montanhas e acima da névoa fria do mar, são raros de encontrar.
Por Alan Tough
Existem fenômenos ópticos que ocorrem acima da troposfera (camada mais baixa da atmosfera terrestre). Um deles é o das nuvens nacaradas, fotografadas por Tough. Na troposfera há também auroras, nuvens noctilucentes (que brilham à noite) e várias trilhas de foguetes de naves espaciais.
Névoa e neblina
Por Andrew Bailey
Comuns no Reino Unido, ambas são formadas da mesma maneira. A diferença é visibilidade. Se for inferior a 10km, é névoa. Se for inferior a 1 km vira neblina. Elas ocorrem quando há umidade e o ar é resfriado, formando a condensação.
Na imagem, a geada está depositada na vegetação em primeiro plano. A névoa não tem grande profundidade, pois o sol nascente já pode ser visto. A visibilidade observada nesta direção seria a distância do observador até o moinho de vento.
Por Sabrina Garifoli
A imagem mostra a neblina confinada ao curso de um rio. O ar frio é drenado para o nível mais baixo, no fundo do vale. O rio fornece a umidade. Um pouco menos resfriamento e um pouco menos umidade resultam em condições de neblina em toda a paisagem em volta. A luz baixa do sol da manhã acentua a paisagem enevoada.
Anoitecer e amanhecer
Por Mark Hume
A magia do nascer do sol assume um significado extra durante o solstício de verão (que ocorre entre 20 e 22 de junho no Hemisfério Norte).
Esta data marca o início do verão astronômico, e é celebrada desde os tempos antigos por ser o dia mais longo do ano. A foto mostra o nascer do sol do solstício de verão no monumento pré-histórico de Stonehenge, na Inglaterra.
Por Anushree
Um ditado britânico diz: “Céu vermelho à noite, felicidade do pastor. Céu vermelho de manhã, alerta ao pastor” (Red sky at night, shepherd’s delight. Red sky in morning, shepherd’s warning”).
Ao contrário de outras tradições meteorológicas, esse ditado geralmente é verdadeiro no Reino Unido, já que os sistemas climáticos normalmente se movem de oeste para leste.
Um céu vermelho aparece quando a poeira e outras pequenas partículas ficam presas na atmosfera por alta pressão, espalhando a maior parte da luz azul. Ao pôr do sol, isso significa que a alta pressão está se movendo do oeste, prometendo que o dia seguinte será seco e agradável.
Ao nascer do sol, o tom avermelhado sinaliza que o sistema de alta pressão já se moveu para o leste. O tempo bom foi embora, e provavelmente um sistema de baixa pressão úmido e com ventos está a caminho.
Veja também
Guerra, paz e contrastes: os “humores” da natureza em imagens premiadas