āA AmĆ©rica vive uma crise de informaĆ§Ć£oā. Com este diagnĆ³stico, a organizaĆ§Ć£o Good Information, financiada por Reid Hoffman, fundador e ex-presidente executivo do LinkedIn, e George Soros, entre outros, foi lanƧada nesta terƧa-feira (26/10) como uma incubadora para novos modelos de jornalismo e tambĆ©m para fomentar a mĆdia local nos Estados Unidos.
O objetivo principal da empresa Ć© o combate Ć desinformaĆ§Ć£o, se colocando como um serviƧo para aqueles que se preocupam ācom a ameaƧa urgente que o negĆ³cio da desinformaĆ§Ć£o estĆ” tendo sobre a sociedade e a democracia na AmĆ©ricaā.
A organizaĆ§Ć£o conta com jornalistas e especialistas em comunicaĆ§Ć£o, incluindo ex-funcionĆ”rios da Casa Branca.
Grupo pretende fomentar o jornalismo local nos EUA
Em sua proposta inicial, a incubadora visa a investir e formar parcerias com empresas de mĆdia e plataformas focadas em comunidades — um objetivo de reforƧo no jornalismo local, que atenda āinteresses e hĆ”bitos de consumo de mĆdiaā dos leitores em nĆvel regional em suas reportagens e estratĆ©gias de distribuiĆ§Ć£o de conteĆŗdo.
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Segundo o comunicado de lanƧamento da empresa, āhĆ” demanda do pĆŗblico por informaƧƵes baseadas em fatos, especialmente em mercados que perderam fontes de notĆcias locais nos Ćŗltimos anos, e entre pĆŗblicos que estĆ£o sendo deixados para trĆ”s por modelos de negĆ³cios de mĆdia em evoluĆ§Ć£oā.
O conselho editorial, com 15 profissionais entre ex-jornalistas de publicaƧƵes como o Chicago Tribune e BuzzFeed, alĆ©m de um ex-diretor de comunicaĆ§Ć£o da Casa Branca e um ex-chefe digital do governo americano, serĆ” liderado por Tara McGowan, uma ex-estrategista do Partido Democrata (trabalhou na reeleiĆ§Ć£o de Barack Obama), que dirigiu a organizaĆ§Ć£o sem fins lucrativos progressista chamada Acronym, focada em soluƧƵes de mĆdia e tecnologia para causas progressistas.
Sob a lideranƧa de McGowan, considerada pela mĆdia americana uma āveteranaā em estratĆ©gia polĆtica aos 35 anos, a Acronym conseguiu investir US$ 100 milhƵes (R$ 561 milhƵes) em uma campanha digital com o objetivo de convencer milhƵes de americanos a votarem contra Donald Trump nas Ćŗltimas eleiƧƵes.
āA Good Information investirĆ” e farĆ” parceria com empresas de mĆdia e plataformas que centralizam as comunidades que atendem, seus interesses e hĆ”bitos de consumo de mĆdia em suas reportagens e estratĆ©gias de distribuiĆ§Ć£o de conteĆŗdoā, afirma a empresa.
Mc Gowan argumenta que āas pessoas querem notĆcias e informaƧƵes que sĆ£o relevantes para suas vidas — mas estĆ£o cada vez mais recebendo “notĆcias” que exploram seus medos e ansiedades para gerar mais cliques e verbas publicitĆ”riasā.
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Good Information propƵe bom jornalismo contra a desinformaĆ§Ć£o
Embora apoiado e lanƧado por progressistas, o grupo afirma que seus investimentos nĆ£o serĆ£o pautados pelo espectro polĆtico, mas por padrƵes editoriais direcionados a informaƧƵes baseadas em fatos.
Na pĆ”gina inicial do Good Information, as fotos de Steve Bannon, ex-marqueteiro de Donald Trump, e do jornalista Tucker Carlson, um dos principais nomes da Fox News, canal frequentemente associado ao ex-presidente, sĆ£o usadas para ilustrar as palavras disinformation e misinformation, sinĆ“nimos em inglĆŖs para desinformaĆ§Ć£o. O grupo conspiracionista QAnon tambĆ©m Ć© lembrado.
A proposta central seria conter a desinformaĆ§Ć£o no momento em que ela comeƧa a se disseminar, usando como antĆdoto um contra fluxo de informaƧƵes de boa procedĆŖncia, ou melhor dizendo, jornalismo de qualidade.
āA necessidade de novas soluƧƵes para essa crise de informaĆ§Ć£o Ć© urgenteā, afirma a incubadora.
āForƧas e redes antidemocrĆ”ticas semeiam desinformaĆ§Ć£o intencionalmente por meio de contas artificiais e manipulaĆ§Ć£o de amplificaĆ§Ć£o algorĆtmica das plataformas sociais. Mentiras disseminadas por estes atores antidemocrĆ”ticos sĆ£o rapidamente amplificadas, resultando em consequĆŖncias perigosas no mundo real.ā
Para McGowan, a crise de desinformaĆ§Ć£o nos EUA aumenta a polarizaĆ§Ć£o e causa a erosĆ£o da confianƧa entre os americanos. āEsta nĆ£o Ć© mais uma disputa polĆtica sobre a verdade, mas o resultado direto de modelos de negĆ³cios nĆ£o regulamentados que estĆ£o colocando comunidades inteiras ao redor do mundo em risco, e colocando a democracia em todo o mundo em perigo.ā
Empresa comeƧa com grupo de sites de notĆcias locais
Uma das iniciativas em curso da Good Information Ć© adquirir o Courier Newsroom, grupo de notĆcias com sites locais espalhados pelos EUA, criticado por alguns por fornecer um ponto de vista partidĆ”rio, no caso, democrata.
Em fevereiro, a coluna Recode, do portal Vox, apontou que o investimento inicial na nova organizaĆ§Ć£o seria de US$ 65 milhƵes (R$ 363 milhƵes).
āAcreditamos que haja uma necessidade urgente de regulamentaĆ§Ć£o das plataformas de mĆdia social, bem como aumento do investimento em novos modelos que valorizem mais o serviƧo da verdade Ć s comunidades do que o clickbait e a proteĆ§Ć£o da democracia contra os lucrosā, afirma a empresa em sua mensagem editorial.
O portfĆ³lio inicial da Good Information conta com os tĆtulos regionais coordenados pelo grupo Courier Newsroom: Cardinal & Pine (que atende a regiĆ£o da Carolina do Norte), o Copper Courier (centrado no estado do Arizona), o portal Dogwood (dedicado ao estado da VirgĆnia), Floricua (site de notĆcias em inglĆŖs e espanhol para a populaĆ§Ć£o da FlĆ³rida), The Gander (em Michigan), Iowa Starting Line (no estado de Iowa), The Keystone (que cobre assuntos da Pennsylvania) e por fim o Upnorth News (dedicado Ć audiĆŖncia de Winsconsin).
AlĆ©m da āheranƧaā do grupo Courier, o FWIW, que monitora tendĆŖncias polĆticas no ambiente digital, e tambĆ©m como funcionam as campanhas eleitorais online, faz parte da nova iniciativa.
Incubadora surge em “vĆ©spera” de eleiĆ§Ć£o nos EUA; na AustrĆ”lia, Facebook inicia projeto contra fake news
O grupo Good Information se estabelece Ć s portas de mais uma eleiĆ§Ć£o nos Estados Unidos, que no ano que vem renovarĆ” suas casas legislativas. O anĆŗncio do comeƧo das atividades ocorre uma semana apĆ³s Trump anunciar uma nova rede social, Truth, com a qual pretende desafiar o poder das gigantes de tecnologia, bem como driblar filtros moderadores das outras redes sociais.
Na AustrĆ”lia, que em 2022 tambĆ©m renova parte dos assentos de seu parlamento, um projeto do Facebook e da agĆŖncia Australian Associated Press (AAP) inicia a partir do prĆ³ximo mĆŖs o que deve ser um trabalho contĆnuo de educaĆ§Ć£o midiĆ”tica da populaĆ§Ć£o atĆ© as urnas.
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A campanha serĆ” composta por vĆdeos divulgados durante o mĆŖs de novembro nas plataformas Facebook e Instagram, e tambĆ©m por materiais informativos produzidos pela AAP. O Facebook prevĆŖ novas aƧƵes durante o ano eleitoral.
A campanha dĆ” dicas para avaliar informaƧƵes e promove o site da AAP FactCheck, no qual jornalistas da agĆŖncia de notĆcias publicam os resultados de suas apuraƧƵes sobre vĆ”rias alegaƧƵes.
As peƧas pedem para que diante de uma informaĆ§Ć£o duvidosa, a pessoa leve em consideraĆ§Ć£o qual a fonte, quais as evidĆŖncias e o que fontes confiĆ”veis falam a respeito do assunto. O objetivo Ć© incentivar a audiĆŖncia a examinar criticamente as informaƧƵes online e melhorar sua educaĆ§Ć£o geral sobre a mĆdia.
