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Veja as melhores imagens de discriminação e da luta contra ela premiadas no mundo em 2021

Londres – No ano seguinte aos conflitos desencadeados em todo o mundo pelo assassinato do americano George Floyd, fotografias premiadas em vários concursos internacionais documentaram a discriminação racial e a luta contra ela.

Os trabalhos selecionados refletem a realidade de vários países, em ensaios de fotografia de arte, documental e fotojornalismo. 

Os prêmios também destacaram outras formas de preconceito, como a discriminação de gênero, as dificuldades enfrentadas pelos que sofrem de doenças que afetam a aparência física e iniciativas para preservar a memória de comunidades segregadas. Confira as melhores. 

Fotos premiadas no BPPA Press Photographer of the Year

Em um dos mais importantes prêmios de fotojornalismo do mundo,  o fotógrafo virou parte da notícia, ao ser preso em Nova York enquanto cobria protestos que se seguiram à morte de George Floyd. 

Adam Gray, vencedor do prêmio BPPA Press Photographer of the Year 2021 organizado pela British Press Photographers Association, é chefe de fotografia da agência SWNS em Nova York e tem 33 anos.

Enquanto cobria os protestos raciais em Nova York, ele foi preso e ficou 12 horas sob custódia.

O episódio teve repercussão mundial e envolveu até o governo britânico e o prefeito de Nova York, que condenaram as ações da polícia. Veja a série de fotografias premiadas. 

Protestos raciais, por Adam Gray
Adam Gray – The BPPA – Mulher reage ao discurso de vitória de Biden/Harris

 

Adam Gray – The BPPA – Black Lives Matter mais bem vestidos do protesto – Nova York

 

Adam Gray by BPPA

 

Adam Gray – The BPPA – George Floyd BLM protesto – Nova York

 

anifestante armado do Black Lives Matter – Richmond

Veja as demais fotografias premiadas no  BPPA Press Photographer of the Year, organizado pela British Press Photographers Association


Sony World Photography Awards 2021

“Bank Top” é uma série de fotos em preto e branco de Craig Easton retratando uma comunidade inglesa desfavorecida e segregada.

Foi produzida em colaboração com o escritor e acadêmico Abdul Aziz Hafiz e examina a representação e degradação das comunidades na região norte do Reino Unido, tendo o bairro de Bank Top, em Blackburn, como referência.

“Bank Top” por Craig Easton

Os retratos em preto e branco são intimistas e captam as histórias e dificuldades vividas pelos residentes do bairro, afetados por problemas como habitação, desemprego, privação social e questões imigratórias.

Craig Easton disse que seu objetivo foi confrontar o que ele vê com os discursos dominantes na mídia, que não reconhecem o legado histórico e os custos sociais da expansão industrial e do colonialismo.

Veja as demais fotografias premiadas no concurso Sony World Photography Awards 2021.


CAP Prize – Prêmio Internacional de Fotografia Contemporânea Africana

A discriminação também está presente na África, como mostra a série de fotografias premiadas no CAP Prize. 

Persons with Albinism – White Ebony, por Yetunde Ayemi-Babaeko

O fotógrafo nigeriano fez um trabalho com pessoas com albinismo (PWA, na sigla em inglês). A série retrata o destaque que a pele branco-amarelada do albino tem entre os negros. 

A Nigéria é o país desses albinos, suas famílias são nigerianas, eles falam, respiram e vivem a cultura mas ainda se sentem como se não fossem parte de tudo.

Ayemi-Babaeko quis mostrar que os albinos são africanos por completo, escondidos sob uma pele que simplesmente não tem melanina. Ele conta que se inspirou em pinturas da época do Renascimento ou do Barroco.


A set at the table, por Justin Dingwall

 

O fotógrafo sul-africano partiu do ditado “um lugar à mesa” para representar a ideia de uma oportunidade de ser ouvido, de ser visto por ter uma voz e uma opinião e, desta forma, fazer a diferença.

As fotografias premiadas retratam o modelo Moostapha, que tem vitiligo. Segundo o fotógrafo, o trabalho teve como objetivo provocar uma discussão sobre ideias e percepções preconcebidas com base na aparência e como o que vemos afeta o que pensamos.

Veja as demais fotografias premiadas no CAP Prize – Prêmio Internacional de Fotografia Contemporânea Africana


Coletivo We, Women

O coletivo feminino We,Women, criado logo após a ascensão de Donald Trump ao poder, usa imagens para tratar de questões que afetam as mulheres negras e hispânicas na América. 

Saúde Materna , por Bethany Mollenkof, Alabama
We, women – Birth rights

“Descobri que estava grávida, pela primeira vez, de uma menina, três meses antes da pandemia da Covid-19 começar nos Estados Unidos, o que me obrigou a ficar em Los Angeles”.

A própria gravidez motivou Bethant Mollenkof a documentar em imagens a experiência de mulher negra grávida em “circunstâncias extraordinárias. 


Justiça Criminal e Classes no Estado de Washington, por Deborah Espinosa, Washington
We, women – Living with conviction: Sentenced to debt for life in Washington State

“Eles também sofrem. Por tudo que fiz no passado, eles sofrem agora. Meu passado está me assombrando”, disse Keshena de Tacoma. Ela é mãe de dois adolescentes.

O filho mais velho está a caminho da prisão. Seu marido também está cumprindo pena, assim como seu padrasto. Devido a várias condenações por falsificação, que lhe custraram quatro anos e meio de prisão, Keshena agora deve aproximadamente US$ 50 mil em obrigações financeiras legais.


Imigração e liberdade religiosa, por Muna Malik,  Minnesota
(Muna Malik/Divulgação/We, Women)

Imigrante negra iemenita de primeira geração, Muna Malik criou o projeto “Our Family” (Nossa Família), que examina como a cultura molda a forma como as pessoas veem a si mesmas e enxergam as outras, tendo como pano de fundo histórias de separação de famílias dos Estados Unidos.

O trabalho tomou como referência a comunidade somali em Minnesota durante o período do banimento de viagens a países islâmicos decretado por Donald Trump em 2017. 

Veja as demais fotografias premiadas do Coletivo We, Women


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Siena International Photo Awards (SIPA)

O concurso é promovido pela Art Photo Travel, associação sem fins lucrativos que cria iniciativas culturais destinadas a incentivar a compreensão dos lugares, das populações e das pessoas. 

Ukugrumba, por Tshepiso Mabula – África do Sul 
WP + Getty Scholarship – Tshepiso Mabula

“Ukugrumba, que significa “desenterrar” na língua Xossa [um dos idiomas oficiais da África do Sul], é um trabalho motivado pelo trauma da minha família como resultado do ativismo na luta contra o apartheid, os efeitos da libertação e reconciliação na África do Sul atual.

Busca exumar experiências dos soldados rasos que se sacrificaram fugindo para o exílio para se juntar às trincheiras da luta armada pela libertação nacional, incluindo aqueles que permaneceram no país para continuar a luta contra o regime brutal do apartheid.

Na maioria das vezes, aqueles que são saudados como heróis da luta são figuras políticas bem conhecidas. Ukugrumba é uma representação visual e narrativa das pessoas esquecidas que foram afetadas mental e fisicamente pelos efeitos da luta armada contra o apartheid.”

Pessoas, por Lee-Ann Olwage, África do Sul
SIPA 2021 – People Black Drag Magic – Lee-Ann Olwage

Belinda Qaqamba Ka-Fassie, uma artista drag e ativista, posa em um shisanyama — um espaço comunitário onde as mulheres cozinham e vendem carne — em Khayelitsha, um município perto da Cidade do Cabo.

Belinda, a fotógrafa e outras pessoas negras, LGBTQI+, colaboraram em um projeto para recuperar espaços públicos em uma comunidade onde estão sujeitos a discriminação, assédio e violência.

Veja as demais fotografias premiadas no Siena Awards


Women Photograph Project

Relatos sobre identidade negra, ameaças a mulheres, negros trans e a luta contra o apartheid foram alguns dos temas dos projetos do Women Photograph em 2021. Veja as fotografias premiadas do ano.

Sobre aprender a viver, por Golden, EUA
WP Project Grantee – Golden

“Tem sido um pandemônio desde o início para os negros nos Estados Unidos. Mesmo em 2020, com o aumento de uma pandemia global de saúde e da violência baseada no ódio derivado do nacionalismo branco, pessoas trans negras foram estatisticamente assassinadas em uma taxa muito mais alta.

Mas isso não é novo. Em resposta ao luto,  ‘Sobre aprender a viver (On learning how to live)’, documenta a vida negra trans na interseção da sobrevivência e da vida nos Estados Unidos”.

WP Project Grantee – Golden

“Esses autorretratos agem como um arquivo vivo, uma estrutura de resistência, um mundo dentro de um país que não quer pessoas trans negras vivas.”


Oreo, por Lia Latty, EUA
WP Project Grantee – Lia Latty

“Crescer como uma pessoa negra na América significa enfrentar preconceitos que deixam pouco espaço para que sua identidade seja aceita. Para uma pessoa negra, ter quaisquer interesses fora do que é considerado a ‘norma’ para ela pode resultar em ela ser considerada uma ‘pessoa branca presa no corpo de uma pessoa negra’.

Isso é o que significa ser chamado de ‘Oreo’. Influenciado por experiências pessoais anteriores, ‘Oreo’ desafia os estereótipos que são constantemente projetados nos negros e como isso pode afetar sua identidade.

Cada participante é fotografado com os objetos que fizeram com que fossem chamados de ‘Oreo’, junto com sua declaração de como o momento aconteceu.

WP Project Grantee – Lia Latty

Veja as demais fotografias premiadas no Womem Photograph Projetc


Mulheres Heroínas

“Mulheres heroínas” é uma das séries do celebrado fotógrafo e artista francês JR, nome artístico de Jean René.

Na série ele fotografa os rostos e detalhes dos olhos de mulheres anôminas para mostrar seu papel na sociedade. As fotos foram feitas em diversos países, foram ampliadas e depois coladas em casas, postes, muros, trens e ônibus dos locais visitados.

Rebecca Deman, por JR, Libéria

Rebecca Deman, Libéria, 2009. No Quênia, no Sudão, em Serra Leoa e na Libéria, a violência sofrida pelas mulheres durantes os conflitos armados na África é a expressão mais extrema da discriminação de que são vítimas. O fotógrafo testemunha a força, a coragem e a luta dessas mulheres: resistir para existir depois.  © JR-ART.NET  


Favela do Morro da Providência, por JR, Rio de Janeiro

Ação na favela do Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Imagem da instalação. Cartazes colados com fotos enormes de rostos e olhos de mulheres locais em prédios que cobrem a encosta da favela. © JR-ART.NET  

Veja as demais fotografias do projeto Mulheres Heroínas


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Latin American Photo Festival

A coletânea reúne o trabalho de talentos da fotografia latino-americana com fotos sobre questões sociais e é uma iniciativa do Bronx Documentary Center de Nova York.

Força e resiliência das mulheres vítimas da violência, por Victoria Razo, Guatemala
(Victoria Razo)

Na fotografia premiada no concurso, Maria Alejandra e Kristel, duas mulheres transgênero de origem Tz’utuhil, obseram o lago Atitlan em um dia ensolarado.

Quando ainda eram pequenas crianças indígenas andando por seu vilarejo, Maria notou uma cicatriz nas costas de Kristel e perguntou o que era. Kristel respondeu que seu pai tinha batido nela, porque ele não queria que ela brincasse com homossexuais. 

Veja as demais fotografias premiadas no Latina American Photo Festival


Magnun Foundation

O projeto Photography and Social Justice Fellows foi criado pela Fundação Magnun, uma das mais importantes agências de fotografia do mundo. 

O programa oferece aos bolsistas a oportunidade de realizar um trabalho fotográfico sobre direitos humanos, igualdade social e justiça.

Uma das fotografias premiadas mostra a luta para preservar a herança de nações africanas. 

Projeto Photography and social Justice Fellows, por Jean Biziman, Ruanda

“Minha missão é mudar a maneira como outras pessoas veem as histórias do meu país e de outras nações africanas. Só posso fazer isso entendendo melhor como o mundo vê a fotografia e Ruanda”.

Veja as demais fotografia premiadas pela Magnun Foundation


 World Report Award – Documentando a Humanidade

Organizado pelo Festival de Fotografia Ética de Lodi, Itália, o prêmio tem por objetivo aproximar o público de conteúdos eticamente significativos, utilizando as imagens para mostrar as nuances da delicada relação entre ética, comunicação e fotografia.

Série As cicatrizes, por Jedrzej Nowicki,  Polônia
(Jedrzej Nowicki / World Report Award/Festival de Fotografia Ética)

“Alexander posa para um retrato em frente à prisão na rua Okrestina em Minsk, Bielorrússia. Ele estava indo para o apartamento de seu amigo quando foi pego pelos militares bielorrussos na primeira noite dos protestos (10 de agosto de 2020). Passou quatro dias sob custódia. Foi espancado várias vezes. 

“The Scars (As Cicatrizes)” é um registro do que agora é conhecido como a maior agitação antigovernamental da história da Bielorrússia. Protestos começaram em agosto de 2020 e deixaram traços profundos na sociedade. O aparato estatal do presidente Alexander Lukashenko, que está no cargo há 26 anos, respondeu com extrema brutalidade à resistência bielorrussa.

As cicatrizes deixadas por esses eventos, que também são o assunto desta história, variam em tamanhos e formas. Existem cicatrizes físicas — hematomas, escoriações, fraturas. Mas também existem cicatrizes psicológicas — traumas. O que está acontecendo agora  também deixará cicatrizes profundas no tecido social – essa divisão em dois estados já está surgindo.”

 Veja as demais fotografias premiadas no World Report Award


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