MediaTalks em UOL

Depois de investigarem a Meta, estados dos EUA abrem inquérito para apurar se TikTok prejudica jovens

Investigação nos EUA apura como TikTok prejudica usuários jovens

(Foto: Artem Podrez/Pexels)

Cerca de quatro meses após abrirem uma investigação contra a Meta, procuradores-gerais de oito estados norte-americanos instauraram um novo inquérito para apurar danos emocionais às crianças em redes sociais — e o alvo da vez é o TikTok.

Anunciado pela procuradoria-geral de Massachusetts, o processo contra o aplicativo chinês quer saber se a empresa está arquitetando e promovendo sua plataforma de maneira prejudicial à saúde física e mental de crianças e adolescentes nos EUA.

Em novembro, os mesmos procuradores-gerais se uniram para investigar de forma semelhante a Meta, empresa dona do Facebook e Instagram. Califórnia, Flórida, Kentucky, Massachusetts, Nebraska, Nova Jersey, Tennessee e Vermont são os estados envolvidos no caso.

Investigação contra TikTok aperta cerco às redes sociais

A investigação do grupo de estados dos EUA contra o TikTok vai apurar se as práticas da empresa violaram as leis regionais de proteção ao consumidor e colocaram o público infantojuvenil em risco.

“Como crianças e adolescentes já lidam com problemas de ansiedade, pressão social e depressão, não podemos permitir que as mídias sociais prejudiquem ainda mais sua saúde física e bem-estar mental”, disse a procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey, em comunicado divulgado à imprensa na quarta-feira (2).

“Procuradores-gerais estaduais têm o imperativo de proteger os jovens e buscar mais informações sobre como empresas como o TikTok estão influenciando suas vidas diárias.”

Os procuradores-gerais querem entender a fundo quais danos o uso do TikTok podem causar às crianças e adolescentes, e se a empresa sabia desses riscos.

A investigação planeja se concentrar nos métodos e técnicas que o app chinês usa para aumentar o engajamento, atrair usuários jovens a passar mais tempo na plataforma e abrir o aplicativo com frequência.

Leia também

Meta e Twitter decepcionam investidores com resultados globais do ano que consolidou TikTok

O novo inquérito foi anunciado na semana passada na esteira de um crescente escrutínio das maneiras pelas quais as mídias sociais afetam crianças e adolescentes nos EUA.

O presidente Joe Biden falou sobre o assunto durante participação em um evento.

Segundo o Washington Post, ele disse ser a hora de melhorar as proteções de privacidade, proibir a publicidade direcionada a crianças e exigir que as empresas de tecnologia parem de coletar seus dados pessoais.

“Devemos responsabilizar as plataformas de mídia social pelo experimento nacional que estão realizando em nossos filhos com fins lucrativos”, disse Biden em discurso.

Denúncias sobre Facebook e Instagram reforçaram preocupações

O TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, explodiu sua popularidade entre os jovens norte-americanos durante a pandemia. 

Porém, nos últimos meses, os legisladores dos EUA intensificaram suas atenções ao aplicativo e como seu poderoso algoritmo pode recomendar conteúdo prejudicial a crianças e adolescentes.

O cerco foi apertado quando, em setembro, o Wall Street Journal publicou uma matéria sobre como o aplicativo às vezes recomenda vídeos com temas adultos, como drogas e sexo, para menores de idade.

Leia também

Sob pressão, Facebook adia lançamento da criptografia de ponta a ponta no Messenger e no Instagram

As denúncias feitas por Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, também colocaram as autoridades em alerta. No ano passado, ela vazou diversos documentos internos da empresa que apontavam o lucro como o objetivo maior em detrimento da segurança dos usuários.

Em entrevista ao Wall Street Journal, Haugen divulgou dados de uma pesquisa interna que descobriu que o Instagram estava prejudicando a saúde mental de meninas adolescentes

Essas revelações abalaram a opinião pública e os políticos dos EUA, que passaram a investigar como as empresas de tecnologia – incluindo Meta, TikTok, YouTube e outras – afetam os adolescentes com seus conteúdos.

O TikTok disse que forneceria aos reguladores informações sobre as medidas tomadas para proteger a segurança e a privacidade dos adolescentes.

“Nós nos preocupamos profundamente em construir uma experiência que ajude a proteger e apoiar o bem-estar de nossa comunidade e apreciamos que os procuradores-gerais estejam se concentrando na segurança dos usuários mais jovens”, disse a porta-voz do TikTok, Hilary McQuaide, em comunicado.

Procuradores-gerais também investigam Meta

Em novembro, o consórcio formado pelos oito estados americanos anunciou uma investigação contra o Facebook e o Instagram. 

O objetivo foi apurar se a empresa violou as leis de proteção ao consumidor e colocou jovens em risco, com base nas revelações feitas em setembro pela ex-gerente do Facebook Frances Haugen, caso que ficou conhecido como os “Facebook Papers”. 

Os documentos vazados por Frances Haugen, inicialmente para o The Wall Street Journal e depois para outros veículos de imprensa globais, incluem apresentações internas de pesquisas feitas pelo Facebook,em que danos ao estado emocional de jovens usuários do Instagram e proliferação de discurso de ódio eram reportados. 

“Tornamos os problemas de imagem corporal piores para uma em cada três adolescentes”, disse um slide de uma apresentação de 2019, vista pelo jornal americano.

“32% das meninas adolescentes disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior”, relatou uma outra apresentação em março de 2020.

Entre as descobertas mais preocupantes estava que, entre os usuários que relataram pensamentos suicidas, 13% no Reino Unido e 6% nos Estados Unidos os rastrearam no Instagram.

No início de outubro, a ex-gerente mostrou o rosto em uma entrevista para a TV americana, em que justificou o motivo de ter decidido tornar públicas as pesquisas internas. 

Desde então ela já participou de audiências públicas no Senado americano e nos parlamentos do Reino Unido e da União Europeia, fornecendo subsídios para comissões que preparam leis para regulamentar a atuação das plataformas digitais. 

Leia também

Ao lançar recurso de vídeos curtos no Facebook, Meta acena com mais lucros para criadores

Sair da versão mobile