Com apenas dois dias de diferença, CNN+ e ViX, o serviço de streaming da TelevisaUnivision, estrearam com a promessa de movimentar o mercado audiovisual online nos EUA e no exterior.
A plataforma de streaming do canal de notícias a cabo da WarnerMedia foi lançada no dia 29 de março nos Estados Unidos. A CNN+ já foi alvo de polêmicas antes mesmo de chegar ao público, com críticas contundentes sobre a falta de latinos entre os apresentadores anunciados.
Já o ViX disponibiliza conteúdo gratuito desde 31 de março para audiências nos Estados Unidos, México e países falantes de espanhol na América Latina. Uma versão paga, o ViX+, também deve chegar ainda em 2022. Não há previsão de estreia no Brasil.
CNN+ e ViX disputam audiência latina nos EUA
O ViX é o primeiro fruto da fusão entre a mexicana Televisa e a norte-americana Univision, que resultou na nova empresa TelevisaUnivision.
A fusão foi concluída em janeiro — um negócio estimado em US$ 4,8 bilhões, e que já nasceu como a principal organização de mídia e conteúdo em espanhol do mundo.
A nova empresa atinge mais de 100 milhões de espectadores que consomem conteúdo em espanhol em televisão, streaming e áudio diariamente. Apenas em TV, responde por 60% da audiência no idioma nos EUA e no México.
A justificativa por trás do investimento em streaming por parte da TelevisaUnivision é que os espectadores de língua espanhola são “mal atendidos” pelos atuais serviços disponíveis.
Ao anunciar a entrada do ViX no ar, na semana passada, a empresa salientou sua condição de maior serviço de streaming espanhol do mundo, nascendo com mais de 100 canais e 40.000 horas de conteúdo.
O serviço incorpora todos os serviços de streaming que já eram oferecidos antes pela Televisa e Univision, incluindo o Prende TV e o Blim TV.
Entre os programas destacados pelo serviço estão o canal de esportes 24 horas por dia, 7 dias por semana ‘TUNDN Zone’, partidas de futebol ao vivo, o especial de música ‘Uforia with Bad Bunny: o evento que revolucionou a música em 2020’ e noticiários ao vivo.
Outro trunfo é o catálogo de novelas da Televisa como ‘Marimar’, ‘Teresa’, ‘True Loves’. A aposta do canal da TelevisaUnivision em talentos famosos é grande.
Para a apresentação do projeto, em fevereiro, a empresa convidou estrelas de Hollywood como Salma Hayek, que fará produções exclusivas para o Vix+.
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O ViX está disponível hoje nos Estados Unidos, México, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
A audiência em espanhol está sendo cobiçada no mundo do streaming. A rival Telemundo lançou recentemente o TPlus, uma nova marca de programação com assinatura premium no Peacock, da NBCUniversal.
A Netflix também ganhou força com produtos em espanhol, como a série “La Casa de Papel”, alavancando sua presença global de 222 milhões de assinantes.
CNN+ repete fórmula da TV na internet
Ao contrário do ViX, a CNN+ estreou com muito menos diversidade em seu conteúdo, concentrado em notícias, e também, nas estrelas que comandarão os programas inéditos e exclusivos para a plataforma.
Em março, a Associação Nacional de Jornalistas Hispânicos (NAHJ, na sigla em inglês) publicou uma nota de repúdio pelo fato da CNN+ não contar com nenhum latino no quadro de profissionais anunciado.
A entidade se disse “chocada” com a falta de jornalistas latinos na programação do novo serviço de streaming, e cobrou nominalmente do novo CEO, Chris Licht, o compromisso de proporcionar mais diversidade na plataforma.
O comunicado da NAHJ foi publicado apenas um dia antes de a CNN revelar o preço do seu serviço de streaming: US$ 5,99 por mês ou US$ 59,99 por ano.
A empresa da WarnerMedia também divulgou uma promoção especial na tentativa de fidelizar o máximo de assinantes possível logo de cara.
Quem contratar o serviço nas primeiras quatro semanas após a estreia pagará metade do preço, ou seja, US$ 2,99, de forma vitalícia enquanto a conta estiver ativa.
A CNN+ vai oferece aos assinantes três tipos de conteúdo: programação ao vivo, on demand e interativo, que a empresa define como uma “maneira totalmente nova de se envolver com o jornalismo”.
O serviço de streaming também está de olho na parcela latina do mercado norte-americano, mas, nesse primeiro momento, o catálogo replica boa parte do que os assinantes da CNN já assistem na TV a cabo.
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O jornalista Steven Levy, que é colunista de tecnologia na revista Wired, apontou que o maior desafio da plataforma será fazer com que o público pague por algo que já recebe de graça: o jornalismo da CNN.
Além disso, ele aponta que o timing da rede a cabo em se aventurar no mundo dos streamings não é dos melhores, já que com tantos serviços disponíveis as pessoas estão se questionando o quanto gastam mensalmente com eles e revendo suas prioridades de assinaturas.
O timing também, foi ruim para a própria CNN, pois a saída tumultuada do antigo CEO Jeff Zucker, que renunciou após o escândalo do relacionamento impróprio com uma funcionária ser descoberto na sequência da polêmica demissão de Chris Cuomo, ofuscou o lançamento da CNN+.
Levy destaca que a CNN perdeu a oportunidade de repensar novos caminhos para um canal de notícias na internet:
“A abordagem da CNN+ parece ser construir conteúdo em torno de âncoras e repórteres conhecidos, tanto aqueles que faziam dupla função com seus shows regulares na CNN quanto talentos contratados de redes de transmissão.
Muitos dos programas são genéricos: um com ‘cinco histórias que você precisa saber para começar o dia’ e outro que detalha a história principal do dia.
Há um grande noticiário diário – com Wolf Blitzer, que já faz um noticiário de graça na CNN. E um programa sobre… política. O novo serviço também produzirá documentários – assim como os que já estão na CNN.”
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