Londres – O marketing de influência, aquele que une marcas e influenciadores digitais em estratégias publicitárias usando as redes sociais de pessoas comuns ou famosas para promover produtos e serviços, cresce sem parar e tem feito muita gente ganhar dinheiro.
A indústria deve movimentar US$ 16,4 bilhões em 2022, com espaço para avançar ainda mais no próximo ano, segundo projeções da plataforma Influencer Marketing Hub.
A empresa fez um diagnóstico do mercado, mostrou as marcas que mais utilizaram influenciadores em 2021 e apontou tendências úteis para quem quer usar esse instrumento de marketing em seus negócios ou ganhar dinheiro divulgando marcas.
O tamanho do mercado de influenciadores digitais
O estudo da Influencer Marketing Hub envolveu 2 mil entrevistados em vários mercados, com diferentes perspectivas: representantes de marcas e empresas, profissionais de agências de marketing e de relações públicas e pessoas que atuam em outros setores relacionados.
A consultoria define influenciadores como indivíduos com nichos específicos e um número significativo de seguidores em mídias sociais, não importa o tema com o qual estejam associados.
Por serem vistos pelos seguidores como especialistas confiáveis na sua área — seja beleza, fitness ou games e muitos outros nem tão populares mas com gente interessada — eles podem impactar efetivamente as decisões de compra de seu público.
Foi assim que os influenciadores se tornaram peças fundamentais dos planos de marketing das empresas e dificilmente são ignorados em estratégias publicitárias para a mídia.
Os números não mentem: o mercado deu um salto de US$ 1,7 bilhão em 2016 para US$ 9,7 bilhões em 2020.Em 2021, subiu para US$ 13,8 bilhões, com metade dos influenciadores recebendo dinheiro e metade sendo remunerado por meio de produtos ou serviços gratuitos.
Este ano, o mercado deve se expandir para uma indústria colossal de US$ 16,4 bilhões.
Cinco tipos de influenciadores digitais por número de seguidores
Marcas ou influenciadores que queiram se aventurar no mercado devem entender as “categorias” existentes, de acordo com o número de seguidores.
A boa notícia para quem acha que pode se tornar um deles ou aumentar seus lucros é que tamanho não é documento.
São cinco tipos: mega (celebridades), macro, intermediários, micro e nano-influenciadores.
O relatório da plataforma Influencer Marketing Hub explica por que os famosos não são o único público-alvo das marcas na hora de contratar influenciadores digitais:
“O marketing de influência não se concentra no endosso de celebridades.
Os microinfluenciadores realizam a maior parte dessa estratégia de forma bem-sucedida (pelo menos 90%.
Eles são pessoas comuns que construíram um sólido número de seguidores nas mídias sociais.”
- Mega-influenciadores – superstars sociais com mais de 1 milhão de seguidores. Muitas vezes são celebridades;
- Macro-influenciadores – influenciadores com entre 100 mil e 1 milhão de seguidores
- Micro-influenciadores – alguém que tem entre mil e 100 mil seguidores.
- Nano-influenciadores – alguém com menos de mil seguidores que tem imensa influência em um nicho estreito.
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Instagram queridinho e as marcas mais mencionadas nas redes sociais
Não é difícil adivinhar qual a plataforma de mídia social favorita das marcas na hora de contratar um anúncio publicitário com influenciadores: o Instagram.
O Influencer Marketing Hub destaca que apesar de ter menos usuários ativos mensais (1,3 bilhão) do que o Facebook, o Instagram é uma das redes sociais mais populares, com 2,89 bilhões de usuários ativos mensais.
E o mercado está de olho nisso: 4 em cada 5 marcas usam a rede social para marketing de influência, com 79% das marcas considerando a plataforma a mais importante de todas para esse tipo de estratégia.
Em 2021, a Zara foi a marca mais mencionada no Instagram, com um alcance de mais de 2 bilhões de pessoas e mais de 300 mil menções — superando até o próprio Instagram.
Apesar de ainda ser a plataforma mais popular para o marketing de influência, outras mídias sociais estão alcançando rapidamente o Instagram e podem ser exploradas pelos que atuam ou querem atuar como influenciadores digitais.
O relatório da Influencer Marketing Hub revela que o TikTok já está roubando “publis” da rede de Mark Zuckerberg:
“Em 2020, o TikTok era apenas um pontinho no radar de marketing de influência, mas conseguiu subir ao topo no ano passado.
45% dos entrevistados em nossa pesquisa usam o TikTok para suas campanhas de marketing com influenciadores.”
Na rede social chinesa, a Netflix foi a marcada mais mencionada no ano passado 2021, com mais de 10 mil citações.
Já no YouTube, do Google, são os gamers que dominam. A popularização de gameplays (vídeos com jogos sendo testados pelos usuários) fez da Steam, plataforma e loja virtual de games, a marca número 1 em menções no site.
Foram mais de 76 mil menções e mais de 1,1 bilhão de visualizações em conteúdos patrocinados pela Steam no YouTube em 2021.
O Twitter também não fica de fora quando o assunto é o sucesso do patrocínio de influenciadores. Na rede social, quase 40% dos usuários disseram à pesquisa que fizeram uma compra como resultado direto de um tweet de um influenciador.
E a intenção de compra aumentou cinco vezes quando os usuários foram expostos a tweets de marca e influenciador.
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Com base em pesquisa com profissionais de marketing e propaganda, a Influencer Marketing Hub listou tendências do mercado de influenciadores digitais, mostrando para onde os ventos desse bilionário mundo estão soprando.
1. A vez dos microinfluenciadores
A quantidade de seguidores de quem não é uma megacelebridade das redes sociais não é motivo para desanimar, pois as marcas devem prestar mais atenção nos microinfluenciadores em 2022.
Embora os números de seguidores sejam menores em comparação com mega e macroinfluenciadores, seus públicos tendem a ser mais engajados e mais propensos a agir de acordo com as recomendações que eles dão.
Especialistas ouvidos pela plataforma preveem que indústrias menores optarão por trabalhar com microinfluenciadores por causa da autenticidade, capacidade de relacionamento e credibilidade — algo mais valorizado do que nunca pelo público.
E a participação de mercado dos microinfluenciadores continua a crescer: de 89% em 2020, subiu para 91% em 2021.
2. Oportunidades além de beleza e estilo de vida
Embora as categorias de influenciadores padrão, como de beleza e estilo de vida, ainda sejam muito predominantes, novas estão começando a brilhar.
Influenciadores financeiros (finfluencers), de cuidados com a pele (skinfluencers) e de animais de estimação (petfluencers) também disputam a atenção dos seguidores.
Além disso, os limites são expandidos pelos próprios influencers, que começam a se aventurar em outras categorias fora de seu nicho original. Um exemplo são influenciadores de beleza que também começam a postar sobre viagens, alimentação e fitness.
3. Consumidores estão em busca de ‘pessoas comuns’
A vida da Kim Kardashian enche os olhos e angaria milhões de likes, mas, ao contrário da crença popular, a maioria dos consumidores prefere seguir influenciadores que se parecem e agem como pessoas comuns, em vez de celebridades inatingíveis.
4. Personalização na hora de envolver o público
Segundo a Influencer Marketing Hub, a personalização é crucial na implementação de campanhas de influenciadores bem-sucedidas.
Os influenciadores devem ser capazes de envolver seu público em um nível mais humano ou por meio de uma abordagem prática. Os consumidores são mais propensos a responder às pessoas que consideram relacionáveis, afirma a consultoria.
Eles devem estar cada vez mais no radar de empresas e profissionais de marketing na hora de escolher onde aplicar suas verbas de propaganda.
5. Diversidade será regra, não exceção
Diversidade, igualdade e inclusão não são apenas palavras de ordem em 2022. Elas estão se tornando padrões do setor. Tanto consumidores quanto influenciadores estão trabalhando para criar espaços e narrativas mais inclusivas que sejam reforçadas
Muitos influenciadores agora estão mais abertos sobre abordar temas de desigualdade de gênero ou racial em plataformas populares de mídia social como o Instagram, e isso tem sido bem-visto pelos seguidores.
No entanto, há barreiras. Em um estudo recente, descobriu-se que os influenciadores negros ganham 35% menos em comparação com os criadores de conteúdo brancos.
Além disso, de acordo com o estudo, a diferença salarial racial entre os influenciadores não brancos e seus colegas brancos é de 29%.
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6. Tecnologia AR no marketing de influência
A realidade aumentada (AR) é apontada no relatório como um divisor de águas. A tecnologia está sendo usada em vários setores para aplicativos como navegação e aprendizado.
No setor de varejo, a realidade aumentada é aplicada como filtros que permitem aos usuários experimentar virtualmente roupas ou maquiagem.
É possível que a partir deste ano as marcas e seus colaboradores encontrem maneiras de alavancar essas inovações em suas campanhas.
A crescente popularidade do AR é vista como uma oportunidade para marcas e influenciadores intensificarem a publicidade voltada para nichos de mercado.
7. É preciso atender às necessidades dos seguidores
Um princípio básico do capitalismo persiste na era do marketing de influência: clientes procuram empresas e marcas que atendam às suas necessidades ou resolvam seus problemas.
“As pessoas querem fazer negócios com você porque você as ajuda a conseguir o que querem. Eles não fazem negócios com você para ajudá-lo a conseguir o que deseja”, diz o especialista Don Crowther.
Ness contexto, os influenciadores ajudam as marcas a vender se conseguirem transmitir aos seguidores o valor das marcas que representam.
8. Influenciadores online e também offline
Os influenciadores não precisam ficar restritos ao mundo virtual. Segundo a consultoria, outra tendencia é aumentar o engajamento com o público fora das telas.
Os microinfluenciadores podem visitar pontos de venda, por exemplo, aumentando o envolvimento com o público.
A atenção offline pode não apenas trazer clientes do mundo físico, mas também gerar atenção online para as marcas.
9. Seguidores querem mais transparência
A pesquisa sobre o futuro do mercado de influenciadores digitais comprova que esconder a propaganda nas redes sociais é algo do passado.
Os consumidores querem que os influenciadores sejam mais transparentes sobre o que estão comercializando, e o número de seguidores não se traduz diretamente em confiabilidade.
Segundo a consultoria, uma pesquisa mostrou que 20% dos consumidores são propensos a deixar de seguir um influenciador caso não ele não seja franco sobre publicidade ou patrocínios em suas redes sociais.
10. Influenciadores digitais “ao vivo”
Mais do que tendência passageira, a Influencer Marketing Hub aposta que as transmissões ao vivo desempenharão um papel importante no mundo dos influenciadores digitais.
Muitas plataformas de mídia social estão adotando compras ao vivo como parte de suas estratégias.
O estudo da consultoria mostra que 26% dos profissionais de marketing já colocam o recurso como prioridade, e o número deve dobrar em um ano e meio.
Além disso, as experiências ao vivo não são apenas para fazer compras. Eles também podem ser usados para criar conteúdo interativo envolvendo o público em tempo real.
Os consumidores também valorizam mais as ações em que os influenciadores contam uma história da marca de forma intuitiva e natural, e isso pode ser feito na experiência ao vivo, seja de compras ou de qualquer outro assunto.
Futuro para os influenciadores digitais
Uma pesquisa da consultoria Augure citada pela Influencer Marketing Hub em seu estudo revelou em números o quanto o mercado está promissor para bons influenciadores digitais: 84% das empresas entrevistadas planejam investir recursos neles.
E não são apenas grandes corporações a usar esse instrumento para atingir seus consumidores por meio de celebridades globais.
Dos profissionais entrevistados pelo estudo que demonstrou o potencial do mercado em crescimento, 44% eram de empresas com menos de 10 funcionários e 26% com menos de 50 funcionários. O cliente do influenciador digital pode estar bem perto de casa.
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