Londres – Sob a justificativa de “combater a campanha de desinformação do Kremlin”, o Canadá anunciou durante a reunião do G20, na Indonésia, um pacote de sanções a personalidades e empresas de mídia estatal russas, incluindo as agências de notícias Tass e Sputnik e a emissora RT (Russia Today).
A lista é formada por 29 “agentes de desinformação e propaganda patrocinados pelo Estado” e 15 entidades controladas ou de propriedade do governo russo “e envolvidas em esforços de desinformação”.
“O Canadá não ficará parado enquanto o presidente Vladimir Putin trava sua guerra ilegal e injusta e busca justificá-la por meio de desinformação, manipulação e propaganda”, disse a Ministra das Relações Exteriores, Mélanie Joly.
Mídia estatal russa no alvo
As sanções do governo canadense, que não foram detalhadas no comunicado, se aplicarão também a outros órgãos de mídia estatal russa, como All-Russia State Television and Radio Broadcasting Company (VGTRK) e Rossiya 1.
E ainda ao próprio Roskomnadzor, agência reguladora de mídia do país e à porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
Foram também listadas celebridades da TV como as apresentadoras Ekaterina Andreeva e Olga Skabeyeva.
Andreeva teve o rosto conhecido mundialmente quando apresentava o telejornal noturno que foi interrompido pela jornalista Marina Ovsyannikova com um cartaz de protesto contra a guerra.
Leia também | Jornalista que protestou contra guerra na TV russa anuncia volta ao país após rejeitada na Alemanha
Há ainda no pacote de sanções canadense pessoas não diretamente relacionadas à mídia, como o ex-CEO da empresa de tecnologia Yandex, Tigran Khudaverian.
O anúncio do governo de Justin Trudeau é mais um em uma sequência de investidas contra a mídia estatal russa operando fora do país depois da invasão da Ucrânia.
A Reuters rompeu em março o contrato de republicação de notícias produzidas pela agência Tass, por “conteúdo não alinhado a princípios de confiança.
Vários países ordenaram a suspensão de transmissões da RT, incluindo o Reino Unido e o próprio Canadá.
Moscou reagiu em maio, mandando fechar o escritório da emissora CBC/Radio-Canada. Os profissionais estrangeiros da rede foram convidados a deixar o país.
Leia também | Por ‘censura canadense’, Rússia fecha escritório de TV do país em Moscou e expulsa correspondentes
Diretor internacional da estatal RT na lista
Agora veio a revanche canadense. Entre os banidos estão Sumbatovich Gasparyan, chefe do Departamento Internacional da organização de mídia estatal Russia Today (RT), que o Ministério de Relações Exteriores afirma ter “considerável influência na Rússia”.
O país também disse ter lançado uma página dedicada a combater a desinformação com fatos, apresentada como uma “plataforma para esclarecer como o regime russo está usando mentiras para justificar sua invasão ilegal, não provocada e injustificável da Ucrânia.”
No mesmo pacote, o Canadá proibiu a importação de certas importações de ouro da Rússia. O Ministério informou que desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, o país impôs sanções a mais de 1.150 indivíduos e entidades da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.
No entanto, o país desagradou a Ucrânia no dia seguinte ao comunicado sobre a mídia estatal, ao informar que vai devolver à Rússia uma turbina da Siemens Canadá, utilizada no sistema de fornecimento de gás para a Alemanha.
A Rússia cortou o fluxo de gás no gasoduto em 60%, ameaçando manter o fornecimento restrito se a turbina não for devolvida.
Leia também
Mesmo fechado, site de jornalista russo Nobel da Paz é multado por ameaça à ordem pública
