Londres – Símbolo dos riscos para a liberdade de imprensa no mundo, Julian Assange não fez carreira em um grande veículo de mídia. O Wikileaks, que ele ajudou a fundar, também não é exatamente um jornal ou um site que publica reportagens regularmente.

Mas Assange inscreveu seu nome na história do jornalismo ao revelar segredos incômodos para a nação que para muitos é a maior democracia do mundo.

E que empreende uma luta jurídica para encarcerá-lo em uma penitenciária de segurança máxima, em um caso que começou no governo de Barack Obama (que não o processou), passou por Donald Trump (que abriu os processos)  e agora está nas mãos de Joe Biden (que pode desistir deles).

Caso Assange: liberdade de imprensa sob risco

O fundador do WikiLeaks é processado pelos Estados Unidos sob alegação de uma conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional após a publicação de centenas de milhares de documentos vazados relacionados às guerras do Afeganistão e do Iraque no site.

Ele responde a 17 acusações sob a Lei de Espionagem e uma sob a Lei de Fraude e Abuso de Computador,  podendo ser condenado a até 175 anos de cadeia.

Barack Obama, presidente quando os documentos foram publicados, em 2009, o considerava um traidor.

Mas apenas em abril de 2019, com Donald Trump no cargo, as acusações foram formalizadas e o Departamento de Estado dos EUA solicitou do Reino Unido a extradição.

Se Assange for extraditado e julgado nos EUA, o que está agora nas mãos do governo britânico, não seria apenas a condenação de um homem. É uma nuvem negra sobre a liberdade de imprensa. 

Entidades de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa e de expressão são unânimes em afirmar que jornalistas e veículos de imprensa correrão riscos de processos criminais ou de espionagem se publicarem segredos incômodos a governos, sobretudo nos EUA.

Informantes pensarão duas vezes antes de se arriscar a entregar à imprensa histórias capazes de melhorar a sociedade ou evitar a continuidade de más práticas, corrupção e crimes.

Abraço ao Parlamento por Assange

No dia 8 de outubro, uma grande manifestação acontecerá em Londres.

Apoiadores de Julian Assange e partidários do jornalismo livre abraçarão o Parlamento britânico para pedir mais uma vez que as acusações contra ele sejam retiradas e que ele não seja extraditado.

Atos semelhantes acontecerão em outras cidades, enquanto as manifestações em favor de Julian Assange e da liberdade de imprensa que ele passou a representar se multiplicam.

Entenda a história e acompanhe em MediaTalks seus desdobramentos.


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